RS: Trabalhadores da Saúde cobram testagem para Covid-19 e fim das terceirizações
Profissionais da Saúde denunciaram a política cruel e desumana do prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB)
Publicado: 11 Agosto, 2020 - 09h36 | Última modificação: 11 Agosto, 2020 - 10h11
Escrito por: CUT - RS
Em ato simbólico realizado pela CUT-RS e Sindisaúde-RS, no final da tarde desta segunda-feira (10), em frente ao Ministério Público do RS, em Porto Alegre, os trabalhadores da Saúde cobraram apoio para a luta pela testagem em massa durante a pandemia do coronavírus e pelo fim das terceirizações dos postos de atendimento à população da Capital.
Os profissionais da Saúde denunciaram a política cruel e desumana do prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB), que extinguiu o Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família de Porto Alegre (Imesf) e vem demitindo os seus profissionais concursados, piorando o atendimento em meio à pandemia. A taxa de ocupação dos leitos de UTI voltou a ultrapassar os 90% na Capital. No Estado já foram registradas 2.417 mortes e 84.034 infectados pela covid-19.
Vestidos com jalecos brancos, usando máscaras de proteção e evitando aglomeração de pessoas, conforme as recomendações sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS), os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Fora Marchezan”, “Fora Bolsonaro” e “O MP, tenha atitude, olha o Marchezan privatizando a saúde”. Eles chamaram também a atenção dos motoristas que passavam pelo local e que buzinavam em sinal de apoio à causa.
Marchezan quer privatizar
“Em plena pandemia, o governo Marchezan quer privatizar o sistema de saúde pública do município. Justamente neste momento em que o SUS se mostra o instrumento mais eficaz para o combate ao coronavírus. O prefeito fechou postos e encerrou as atividades do Imesf, que era responsável pela contratação de profissionais da área. Saúde não é mercadoria a serviço de quem quer lucrar. É, por isso, que estamos aqui ao lado de trabalhadores que poderiam estar atendendo a população, mas estão protestando por dignidade, segurança e condições de trabalho”, afirmou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Para ele, o descaso com a Saúde é também responsabilidade do governo Bolsonaro. “A situação é complicada nos estados e municípios. O que não pode é o governo federal se eximir de sua responsabilidade no enfrentamento ao vírus. As mais de 100 mil mortes provocadas pela pandemia estão na conta do presidente da República”.
Amarildo defendeu também que a campanha Fora Bolsonaro não pode parar. “O país só poderá descansar deste pesadelo depois de seu afastamento ou da cassação da chapa Bolsonaro e Mourão”, ressaltou.
O secretário de Saúde do Trabalhador da CUT-RS, Alfredo Gonçalves, criticou também a atuação do governador Eduardo Leite (PSDB) no enfrentamento da pandemia. “O governo do Estado jogou no colo dos prefeitos a abertura do comércio para se eximir da responsabilidade sobre os contaminados. É um jogo de empurra-empurra e que não poderia vir em pior momento”, criticou.
Para Alfredo, que integra o Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre, “enquanto as pessoas seguem morrendo, Marchezan gastou R$ 3,5 milhões de dinheiro da Saúde em propaganda e é por isso que está sofrendo um processo de impeachment na Câmara de Vereadores, a três meses das eleições municipais".
"Queremos que o MP tome a frente e investigue todas essas irregularidades porque tem algo que cheira muito mal nessa história”, salientou o dirigente da CUT-RS.
Trabalhadores contaminados e sem testagem
“Temos muitos trabalhadores da saúde que estão contaminados e por estarem assintomáticos seguem atuando. Não há testes suficientes para todos, o que acaba contribuindo para a proliferação da covid-19 entre quem deveria estar com o seu bem-estar assegurado para poder salvar vidas”, denunciou o presidente do Sindisaúde-RS, Júlio César Jesien.
Segundo ele, “no começo da pandemia, os profissionais de Saúde eram testados e, quando afastados, eram testados novamente no seu retorno ao trabalho. O Hospital de Clínicas foi um dos primeiros a adotar essa postura. Agora, não há testes para quando o afastado volta ao serviço, o que representa um risco para todos nós”.
“Há determinações judiciais que exigem o fim das terceirizações na área da Saúde e, mesmo assim, o prefeito segue como um fora da lei, gastando o dinheiro público com terceirizações desnecessárias para este momento de crise sanitária”, avaliou Júlio.
Testagem no MP
Concursados do Imesf sofrem discriminações e demissões
Contratada do Imesf, Rosangela Souza trabalha em um dos postos da Capital. Além do medo e da insegurança em atuar diante de um cenário de crise sanitária sem precedentes na história do país, ela contou que os colegas estão sendo discriminados pela gestão municipal.
“Nos postos da cidade não há equipamentos de proteção individual para trabalhadores do Imesf. Tem somente para os funcionários contratados pela atual gestão, como se isso não fosse prejudicar a todos. Nos hospitais Vila Nova e Restinga, cresce a cada dia o número de profissionais contaminados. Enquanto isso, o Ministério Público se cala”, lamentou.