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‘Saída da Ford não é caso isolado’, diz Valter Sanches, da IndustriALL Global Union

Secretário cita destruição de política industriai, a tragédia nas relações internacionais e no combate à pandemia

Publicado: 01 Fevereiro, 2021 - 12h52 | Última modificação: 01 Fevereiro, 2021 - 13h10

Escrito por: Redação CUT

Divulgação
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O encerramento das atividades da Ford no Brasil é resultado da ausência de uma política industrial do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), afirma o secretário-geral da IndustriALL Global Union, Valter Sanches.

Além disso, ele afirma que o enfraquecimento do mercado interno e o desastroso combate à pandemia do novo coronavírus também colaboram para o agravamento do cenário econômico. Estudo publicado no último dia 28 por um grupo de reflexão da Austrália mostrou que a gestão pública brasileira no combate a pandemia de Covid-19 é a pior do mundo.

“Infelizmente é uma porteira que está se abrindo. A saída da Ford não é um fato isolado. O Brasil está sofrendo um processo de desindustrialização já há algum tempo”, disse Sanches em entrevista ao Jornal Brasil Atual na última sexta-feira (29).

 “A situação tende a se agravar”, diz Sanchez lembrando que o país já tem 14 milhões de desempregados e que o governo Bolsonaro reluta em prorrogar o auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso Nacional para ser pago a trabalhadores desempregados e informais durante a pandemia.

“Além de todo o Brasil é uma tragédia do ponto de vista das relações exteriores”, disse o representante da IndustriALL. Enquanto países asiáticos e africanos firmaram acordos importantes de cooperação internacional recentemente, o Brasil está cada vez mais isolado.

“Não existe política macroeconômica, não existe política industrial. Pelo jeito, a indústria automobilística vai seguir o mesmo caminho da indústria da construção pesada, que foi destruída pela Lava Jato”, lamentou Sanches. Sem políticas articuladas para o setor, a consequência será uma recuperação econômica muito lenta.

Ele citou que o programa Inovar Auto, que previa o aumento da nacionalização do setor automobilístico, responsável por cerca de R$ 20 bilhões em investimentos no início da década, foi “simplesmente destruído”.

“Às vezes parece que tanto faz um governo ou outro, uma política ou outra, ou a ausência de uma política industrial. Mas não. A indústria só veio por conta disso. Na medida em que a situação global, as condições macroeconômicas e a ausência de política industrial não avançam, a indústria toma a decisão de fechar”, explicou Sanches.