Escrito por: Redação CUT
Em São Paulo, trabalhador gastou R$ 673,45 para comprar a cesta. Se a renda foi de um salário mínimo, sobrou R$ 426,55 para pagar todas as demais despesas, como contas de água e luz, aluguel, IPTU etc
Com o aumento no custo médio da cesta básica, para viver com dignidade se alimentar corretamente e pagar as demais contas, uma família de dois adultos e duas crianças deveria ter um salário equivalente a mais de R$ 5.657,66, revela a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA), divulgada nesta quarta-feira (6) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Este valor, que o Dieese considera o salário mínimo ideal para o Brasil, é 5,14 vezes menor que o salário mínimo atual, de R$ 1.100, que vem sendo arrochado desde que o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) assumiu e acabou com a política de valorização do piso nacional, construída e implementada nos governos de Lula e Dilma Rousseff, do PT.
Um trabalhador que ganha o salário mínimo teria de trabalhar, em setembro, em média, 115 horas e 02 minutos só para comprar a cesta básica, diz o Dieese.
De acordo com a pesquisa, em setembro, para comprar uma cesta básica, os paulistanos tiveram de pagar R$ 673,45. Se a renda foi de um salário mínimo, sobraram R$ 426,55 para pagar contas de água e luz, internet para as aulas das crianças, aluguel, condomínio, IPTU, medicamentos e outras despesas da família. Foi o maior valor pago no país por uma cesta básica.
Em segundo lugar veio Porto Alegre, onde a cesta custou R$ 672,39, seguida de Florianópolis (R$ 662,85) e Rio de Janeiro (R$ 643,06).
O menor valor foi constatado em Salvador (R$ 478,86), seguida de Aracaju (R$ 454,03) e João Pessoa (R$ 476,63).
Como é o calculo do salário mínimo ideal
Para calcular o valor do salário mínimo ideal, o Dieese se baseia na pesquisa de preços da cesta básica feita em 17 capitais. Em setembro, a pesquisa registrou alta no valor da cesta em 11 cidades e redução em seis.
As maiores altas foram registradas em Brasília (3,88%), Campo Grande (3,53%), São Paulo (3,53%) e Belo Horizonte (3,49%).
Já as maiores quedas foram registradas em João Pessoa (-2,91%) e Natal (-2,90%).
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Sobre a pesquisa
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) é um levantamento contínuo dos preços de um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais.
A PNCBA foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais.
Hoje, é realizada em 17 Unidades da Federação e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.
Os itens básicos pesquisados foram definidos pelo Decreto Lei nº 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil e está vigente até os dias atuais.
O Decreto determinou que a cesta de alimentos fosse composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta. Os bens e quantidades estipuladas foram diferenciados por região, de acordo com os hábitos alimentares locais.
O banco de dados da PNCBA apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para adquirir a cesta. Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no país.