Escrito por: Rodrigo Gomes, da RBA

São Paulo vai à fase vermelha da quarentena com risco de colapso na saúde

Na fase vermelha, apenas os serviços essenciais podem funcionar, como supermercados, delivery, farmácias, hospitais e postos de combustível. Escolas permanecem abertas, assim como igrejas

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Com risco iminente de colapso na saúde, o governador paulista, João Doria (PSDB), decretou hoje (3) que todo o estado de São Paulo vai entrar na fase vermelha da quarentena a partir da 0h do próximo sábado (6). A medida vale até o dia 19 de março, quando o resultado será reavaliado. Ontem, o estado registrou 468 mortes por covid-19, o maior número de toda a pandemia. Também foram registradas 2.005 internações, um aumento de 19,2% em apenas uma semana. Apesar disso, o número de novos casos segue estável, indicando que os quadros dos pacientes estão mais graves.

Hoje, São Paulo tem 16.635 pessoas internadas com covid-19, sendo 9.225 em enfermaria e 7.410 em unidades de terapia intensiva (UTIs). A taxa de ocupação em UTI chegou a 75,3% em todo o estado. Na Grande São Paulo, a taxa é de 76,7%. Araraquara (92,2%), Barretos (80,5%), Bauru (95,8%), Campinas 78,3%, Marília (80,6%), Presidente Prudente (90,4%), Ribeirão Preto (81,3%), São José do Rio Preto (81,6%) e Sorocaba (78,6%) são as regiões que já estavam com índices de fase vermelha.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchetyn, na última semana foram 100 novas internações em UTI por dia e, apenas ontem, houve 901 pedidos de internação no Centro de Regulação e Organização de Serviços de Saúde (Cross). Ele disse ainda que serão implementados 500 novos leitos de internação para pacientes com covid-19, sendo 339 em UTI e 161 em enfermaria.

Saiba Mais

Na fase vermelha, apenas os serviços essenciais podem funcionar, como supermercados, delivery, farmácias, hospitais e postos de combustível. Bares, restaurantes, academias, shoppings, comércio e serviços em geral não podem abrir. No entanto, as escolas permanecerão abertas, embora a presença dos estudantes não seja obrigatória. A decisão é contraditória, já que o aumento de internações bate com o período da volta às aulas.

Apesar disso, o secretário de estado da Educação, Rossieli Soares, recomendou que quem puder acompanhar as atividades escolares de forma remota deve passar a fazê-lo. “As escolas permanecerão abertas para quem precisa”, afirmou Soares, exemplificando com estudantes que necessitam da alimentação escolar ou têm dificuldade de acompanhar as aulas remotas. Os professores, que já registraram 1.780 casos de covid-19 nas escolas, seguem obrigados a ir.

Outra medida contraditória é a permissão de funcionamento das igrejas, que podem manter seus cultos com até 30% da capacidade do espaço e com uso de máscara o tempo todo. No entanto, a maioria das igrejas de bairro são espaços pequenos, com pouca ventilação e, como é comum às religiões, com cantos em coro, o que pode potencializar a transmissão do novo coronavírus.