Escrito por: Redação CUT
Categoria negocia melhores condições de trabalho. Segundo sindicato, transtornos mentais e comportamentais foram a principal causa dos afastamentos, e cobrança por metas tem levado à fadiga constante
Os transtornos mental e comportamental, a fadiga constante foram enumeradas pelos bancários e bancárias como as principais doenças que têm afetado à categoria. Um dos motivos é o excesso de cobrança para que metas inatingíveis sejam alcançadas.
O resultado desta pressão pode também ser medida pela pesquisa realizada neste ano com quase 30 mil trabalhadores e trabalhadoras do setor. Mais da metade dos entrevistados afirmaram que recorrem a antidepressivos, ansiolíticos ou estimulantes. 35% da categoria se utilizam desses medicamentos.
O cansaço e a fadiga constante decorrentes da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas foram a resposta de 54,1% dos entrevistados. Em segundo lugar ficou a crise de ansiedade com 51,6%. A pesquisa permitia mais de um item como resposta.
Outros efeitos do trabalho exaustivo identificados na consulta foram dificuldade para dormir (39,3%); crise de ansiedade (51,6%); crises constantes de dor de cabeça (24,2%), e dores de estômago e gastrite (24,1%).
Diante deste quadro, agravado ainda pela pandemia do novo coronavírus (Covid 19), o Comando Nacional dos Bancári@s faz a terceira rodada virtual de negociações da Campanha Nacional 2020 com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), nesta terça-feira (11), a partir das 14 horas, para discutir a saúde e as condições de trabalho precarizadas.
Medidas na pandemia
Em 2020, o Comando Nacional d@s Bancári@s negociou com a Fenaban e conquistou medidas para prevenção da saúde da categoria logo no início da pandemia. Ao longo da quarentena, cerca de 300 mil bancári@s foram liberados para trabalhar em casa sem mudança nos salários.
Os dirigentes vão cobrar a continuidade da política que cobrou no início da pandemia, que os bancos passem a adotar uma política de teletrabalho para os bancário@s que coabitam com pessoas do grupo de risco.
“Já tivemos bancário@s que tiveram problemas com seus familiares e que tinham de sair para trabalhar. Isso expõe a vida dos familiares a risco”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), coordenadora do Comando.
Adoecimento crescente
A reestruturação das atividades bancárias nas últimas décadas modificou o contexto de trabalho trazendo crescente adoecimento da categoria. Gerou mais pressão e levou muito trabalhadores do setor a se afastarem do trabalho.
Levantamento do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) com dados da Previdência Social mostra que, de 2009 a 2013, houve um aumento de 40,4% do número total de auxílio-previdenciário e de auxílio-acidentário concedidos aos trabalhadores do setor bancário. Nos demais setores da economia também houve elevação do número de benefícios no período, porém, num ritmo menor do que o verificado nos bancos. Nesses setores, o crescimento foi de 26,2%.
Quando o tema é o dano à saúde, o destaque vai para o aumento das doenças relacionadas ao trabalho como os transtornos mentais. De 2014 a 2018, a doença foi a principal causa dos afastamentos, com participação crescente, em torno de 28%.
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Com informações da Contraf/CUT