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SC: Agricultores familiares conquistam diálogo com o Estado

A crise da cebola afeta produção e já inviabiliza a produção de nova safra

Publicado: 28 Março, 2017 - 12h58 | Última modificação: 28 Março, 2017 - 14h49

Escrito por: Silvia Medeiros/ CUT-SC

Filipe dos Santos
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Manifestação no último dia 8 dos agricultores na frente do Banco do Brasil em Alfredo Wagner

Fruto dos protestos dos agricultores, a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina agendou uma audiência para a próxima quinta-feira, dia 30 de março, a fim de discutir as reivindicações dos agricultores familiares da região que sofrem com a crise da cebola.

“Hoje a cebola está sendo vendida em torno de 45 a 50 centavos e o custo da produção é de 70 centavos, cerca de 40% da nossa produção já foi vendida com prejuízo”, relata Marcos Rozar, agricultor familiar e produtor de cebola da cidade de Alfredo Wagner.

Com o preço rebaixado, devido a importação do produto vindo da Europa, agricultores estão vendendo a sua safra com preço que não cobre nem o custo da produção. Santa Catarina é responsável por 70% da produção de cebola para o país, uma média de 5.860 famílias tem sua renda diretamente ligada a produção desse alimento, mas desde novembro de 2016, que essas famílias vem sofrendo uma dura crise no rebaixamento de preços.

Marcos que também é coordenador de finanças e administração da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Santa Catarina (FETRAF-SC), explica que várias mobilizações vem sendo feitas a fim de buscar um respaldo do governo frente a dura situação enfrentada pelos agricultores.

Entre as reivindicações os produtores querem que a cebola entre no valor de taxação de importação, para que os agricultores brasileiros consigam competir com o preço de fora, que os bancos renegociem as dívidas desse ano, não penalizem os agricultores com a proibição de novos financiamentos do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), seja prorrogado para cinco anos.

Também pediram que fosse feito um zoneamento da produção da cebola em Santa Catarina, pois com esse estudo os produtores catarinenses conseguem uma série de respaldos que lhes garantem uma segurança na produção e que o Ministério da Agricultura integre a cultura de produção da cebola dentro do Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), o que traria um abatimento no financiamento de acordo com o preço vendido do produto.

Enquanto aguardam uma solução do governo federal frente a todas as reivindicações, os trabalhadores na agricultura familiar realizam uma série de protestos a fim de pressionar uma resolução da crise da cebola, que se arrasta por meses e já inviabiliza a produção de nova safra.

Para Alexandre Bergamin, coordenador da FETRAF SC, o caso é muito grave e reflete diretamente nas condições de vida e de produção dos agricultores catarinenses.

“O governo precisa se posicionar imediatamente e dar uma condição para que os agricultores que produzem a cebola não fiquem com esse enorme prejuízo. Se não tiver respaldo e políticas do governo federal e estadual, aumentará o endividamento dos agricultores familiares e junto a isso, poderá trazer um reflexo na produção de cebola no estado, visto que esses produtores ou migrarão de cultivo ou até deixarão de produzir alimentos, migrando para outras atividades de trabalho”.

Para a secretária Nacional de Formação da CUT e agricultora familiar da base da FETRAF, Rosane Bertotti, na crise os trabalhadores e trabalhadoras sempre são os prejudicadas.

“Está crise da cebola se soma com ao ataque do governo ilegítimo de Michel Temer aos direitos conquistados, como a reforma da previdência.  A agricultura familiar que produz o alimento é mais uma vez penalizada. Portanto é necessário e urgente a atuação do governo  para este setor responsável por mais de 70% dos alimentos do país”, contou Bertotti.