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SE: Agentes da PRF acusados de matar Genivaldo por asfixia vão a júri popular

São acusados dos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado os agentes William de Barros Noia, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e Kleber Freitas

Publicado: 17 Janeiro, 2023 - 12h02 | Última modificação: 17 Janeiro, 2023 - 12h16

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Reprodução/TV Globo
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Os três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) denunciados pela morte por asfixia do trabalhador aposentado Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Sergipe, serão levados a júri popular. A decisão atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF).

São acusados dos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado os agentes William de Barros Noia, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e Kleber Freitas. Eles estão em prisão preventiva determinada pela Justiça Federal desde o dia 14 de outubro do ano passado.

Morto por asfixia

Genivaldo foi abordado pelos agentes da PRF em maio do ano passado, no município de Umbaúba, no litoral de Sergipe, por estar dirigindo uma moto sem capacete. Ele morreu asfixiado após ser colocado na traseira de uma viatura pelos agentes da PRF que transformaram o porta-malas do camburão em uma “câmara de gás” ao detonar uma bomba de gás lacrimogêneo no local e segurar a porta com os pés. Ele foi sufocado durante 11 minutos e 27 segundos.

Segundo a denúncia do MPF, Genivaldo morreu asfixiado pelo uso combinado de spray de pimenta e granada de gás lacrimogêneo lançados no porta-malas, que virou uma “câmara de gás”, segundo postagens nas redes sociais.

Genivaldo sofria de distúrbios mentais, segundo relatos de familiares, mas tomava a medicação corretamente e não reagiu à abordagem, disse um sobrinho que assistiu a ação.

“Foi dada a ordem de parada, ele parou, botou a moto no descanso e atendeu todos os comandos. O policial pediu para ele levantar a camisa, ele fez e falou que estava com o remédio no bolso e com a receita médica indicando que ele tem problemas mentais, foi quando o policial chamou reforço”, contou Wallyson de Jesus, sobrinho de Genivaldo.
Segundo Wallyson, outros dois policiais chegaram e iniciaram o que o sobrinho chamou de “sessão de tortura.”

“Pegaram ele pelos braços e pelas pernas. Quiseram colocar algemas nos pés dele, mas não coube e pegaram uma fita lá dentro e amarraram nele. Começaram a pisar nele e depois de tudo isso ocorrido, eles pegaram meu tio, colocaram na viatura e colocaram uma granada daquela de gás”, relata o sobrinho da vítima.

Ainda segundo o depoimento de Wallyson, ele e as pessoas que assistiam a abordagem  falaram diversas vezes que Genivaldo tinha problemas de saúde, mas foram ignoradas pelos policiais.

“A viatura cheia de gás lacrimogêneo lá dentro e ele no porta malas, foi quando a população não aguentou que estava todo mundo vendo aquilo e começou a gravar”, relata.

Genivaldo foi aposentado por problemas mentais, era casado há 17 anos, tinha um menino de 7 anos e vendia rifas para complementar a renda familiar.