Escrito por: Érica Aragão

Mais de 50 mil metalúrgicos tomam as ruas no ABC

Se o projeto da terceirização passar o Brasil vai parar, diz presidente da CUT durante ato em São Bernardo do Campo

Roberto Parizotti
Presidente da CUT, Vagner Freitas, no ato dos metalúrgicos no ABC

Mesmo sob forte chuva, mais de 50 mil trabalhadores e trabalhadoras metalúrgicos participaram de mobilização no ABC, na manhã desta sexta-feira (29).  Com concentração na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), em São Bernardo do Campo, São Paulo, a manifestação reuniu trabalhadores das sete cidades da região, que caminharam até a praça da Matriz, local histórico para a categoria.

O Dia Nacional de Paralisação foi um chamado da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em conjunto com outras centrais sindicais e entidades dos movimentos sociais, como protesto contra o PL da terceirização, contra as Medidas Provisórias 664 e 665 e o ajuste fiscal, em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da democracia.

O Congresso Nacional, o mais conservador desde a ditadura, vem pautando uma agenda política e econômica que atinge diretamente a vida dos trabalhadores brasileiros. “A CUT tem lado, o lado do trabalhador e da trabalhadora. A CUT parou o Brasil inteiro com grandes atos neste dia nacional de paralisação. A unidade neste dia de luta faz parte de um grito que os trabalhadores tem dado nos últimos anos, e hoje, principalmente, contra a retirada de direitos”, declarou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.

Segundo Vagner Freitas, as manifestações denunciam as pautas que prejudicam os trabalhadores e fazem o Brasil “andar pra trás” - como o PL 4330, aprovado na Câmara e que agora tramita no Senado (PLC 30), que amplia a terceirização e precariza ainda mais as relações do trabalho; as MPs 664 e 665, que reduzem direitos conquistados pelos trabalhadores, como seguro-desemprego e mudanças na previdência; e agora a institucionalização do financiamento privado de campanha, uma grande brecha para a corrupção. “Esse Congresso, eleito com a ajuda dos grandes empresários e da grande mídia, está tentando impor estas e outras pautas negativas que prejudicam o conjunto da sociedade”, disse.

Para o Secretário-Geral nacional da CUT, Sérgio Nobre, o plano econômico do Ministro da Fazenda Joaquim Levy, também faz parte das criticas dos trabalhadores que saem em defesa dos direitos. “A política econômica que está em curso empurra o País para a recessão, que leva às demissões. Esse processo tem que ser revertido. Mais de 50 mil metalúrgicos nas ruas hoje é um recado importante que a classe trabalhadora está dando para o Brasil”, diz Sérgio.

E o recado está sendo dado.  Segundo Vagner Freitas, “se o projeto de terceirização passar a presidenta Dilma vai ter que vetar. Além disso, a fórmula 85/95, alternativa ao fator previdenciário, tem que ser sancionada pela presidenta”. Durante o ato dos metalúrgicos do ABC, Vagner também destacou: “Se passar o 4330 todos vocês serão demitidos. E esse sindicato (SMABC) está fazendo uma luta duríssima junto às montadoras do setor metalúrgico pela manutenção dos empregos”. 

No ABC, o Sindicato também destaca a mobilização junto ao Governo Federal para a execução do Programa de Proteção ao emprego (PPE), um programa inspirado numa alternativa alemã que preserva os empregos nas grandes crises. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos no ABC, Rafael Marques, estes setores que estão tentando levar o Brasil para o caminho da recessão, do desemprego, de reduzir salários e aumentar juros são os que o senador Aécio Neves defendeu durante eleição no ano passado. “Não podemos permitir que a presidenta Dilma esteja influenciada por esta agenda dos banqueiros, dos grandes empresários, da velha mídia, que quer o tempo todo influenciar em reformas que tiram direitos dos trabalhadores. Estas paralisações aqui no ABC e no Brasil mostram que os trabalhadores querem mudar a pauta econômica e social do pais”, destacou Rafael.

Durante todo o ato, dirigentes da CUT Nacional, do sindicato dos metalúrgicos e do macrossetor da indústria, deputados e representantes de vários sindicatos lembraram a luta dos professores que acontece em todo o País. Só em São Paulo, a greve dura mais de 70 dias e, no momento, há greves de educadores em mais de sete estados. No ato também foi relembrado o ano difícil que a classe trabalhadora está passando, desde janeiro, com os trabalhadores na Volkswagen e em outras montadoras lutando para garantir seus empregos.

Para a dirigente da CUT, Jandyra Uehara, a conjuntura vai exigir unidade, muita capacidade de luta e vontade de lutar. “Para isso nós temos que ir ao combate duro, como as paralisações, rumo à greve geral contra as retiradas de direitos. O que nós queremos para nosso país é que este país cresça, se desenvolva, que tenha igualdade de direitos e que tenha a classe trabalhadora mais vitoriosa”.

Vagner reafirmou: se o projeto da terceirização passar o Brasil vai parar. E esse é e sempre será o papel da CUT - a defesa da classe trabalhadora.