Escrito por: Érica Aragão com apoio do Sintese

SE: Professoras aposentadas costuram máscaras para doar a quem precisa no 1º de maio

Máscaras são confeccionadas obedecendo todas as recomendações de higiene e antes de serem entregues são esterilizadas e colocadas em sacos plasticos

Sintese

Ao contrário de Jair Bolsonaro, que zomba das medidas de prevenção e do poder destruidor do novo coronavírus (Covid-19), um grupo de professoras aposentadas de Sergipe levou a sério a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que toda população use máscaras de proteção para sair às ruas para conter a proliferação da doença.

Mas, conscientes da realidade de muitos trabalhadores e trabalhadoras que precisam continuar se locomovendo de casa até seus locais de trabalho em transportes públicos lotados, muitos sem dinheiro para comprar o equipamento, as professoras aposentadas decidiram produzir máscaras de proteção caseiras para doar neste 1º de Maio.

E a ideia deste ato de solidariedade partiu da direção do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe (Sintese) que pensou em ocupar o tempo das aposentadas, que estão em isolamento social, ajudar aqueles que necessitam ir trabalhar e quando encontram mascaras para vender percebem que os preços muitas vezes são inacessíveis.

A professora Maria Luci, diretora do Sintese, afirmou que sempre contou com as companheiras aposentadas que ajudavam na confecção de fantasias e que viu uma oportunidade de contribuir com este momento tão delicado que o mundo vive.  

“As professoras aposentadas sempre nos ajudaram nas atividades que coordenamos no Centro Cultural do SINTESE e aí veio a pandemia e começamos a perceber esta demanda por máscaras de tecido e a necessidade de doarmos essas máscaras aos trabalhadores e trabalhadoras que estão aí fora arriscando sua saúde porque necessitam trabalhar?”, explicou Luci.

Entre as envolvidas no projeto está a professora aposentada, Matilde dos Santos, que diz que o trabalho de confecção das máscaras a faz sentir viva e útil.

“Estou em isolamento social, sem poder sair de casa e fazer essas máscaras tem feito me sentir muito útil, tem me feito muito bem. E me sinto ainda melhor por poder, de alguma maneira contribuir, ajudar os companheiros e companheiras que precisam ir trabalhar. Não estamos vivendo um momento fácil, mas precisamos nos unir no combate a essa pandemia e nós, professoras aposentadas, filiadas ao SINTESE, estamos dando nossa contribuição, estamos junto com os nossos companheiros”, afirma a professoras Matilde.

Outra professora que também está se sentindo bem com a união e a solidariedade desta iniciativa é a Elvira Rocha. Ela disse que fazer máscaras é uma pequena contribuição aos trabalhadores e trabalhadoras poderem estar mais protegidos.

“Não posso deixar de me solidarizar aos companheiros e companheiras, que por conta do sistema, da flexibilização do isolamento social, têm que estar na rua”, afirmou.

Solidariedade com proteção

É importante destacar que todas as máscaras produzidas pelas professoras aposentadas já serão entregues limpas e esterilizadas, dentro de saquinhos plásticos.

“Assim que o trabalhador receber a máscara, ele já pode tirar do saquinho e usar, desde o processo de confecção até a máscara pronta, embaladas no saquinho, todos os cuidados com higiene foram tomados”, esclarece a diretora do departamento de aposentados do SINTESE, professora Maria Luci.

Vale ressaltar que as professoras aposentadas não participarão da atividade de entrega das máscaras nos terminais de integração, de Aracaju, nesta sexta-feira (1º), porque fazem parte do grupo de risco e devem permanecer em isolamento social.

Luci conta que, como elas não poderão participar do ato de entrega das máscaras, os companheiros e companheiras do SINTESE e da CUT, mais jovens, estarão lá representando-as.

“Não estaremos lá fisicamente, mas em cada uma daquelas máscaras vai o nosso carinho e a nossa solidariedade a todos os trabalhadores e trabalhadoras que estão na luta”, destaca a professora, que aproveita para agradecer. 

“O Departamento de professoras e professores aposentados, em nome do SINTESE, desde já agradece a todas as companheiras aposentadas que prontamente aceitaram a missão de confeccionar essas máscaras, que simbolizam a nossa unidade enquanto classe e que estamos juntos, mesmo que a distância”

Flexibilização do isolamento social

Em novo Decreto, nº 40.588, lançado na última segunda-feira (27), o Governo do Estado flexibilizou ainda mais o isolamento social, embora o número de casos de contaminação por Covid-19 não tenha diminuído em Sergipe.

A ação de Belivaldo Chagas (PSD), mais uma vez, atente aos interesses de empresários e coloca em risco a saúde de trabalhadores e trabalhadoras sergipanos.

A partir da última terça-feira (28) já voltaram a funcionar: escritórios de contabilidade; locadoras de veículos; lojas de tecido e armarinhos.

A partir do dia 2 de maio voltam: lojas de cosmético e perfumarias; lojas de relojoaria e joias e loja de móveis, colchões e eletrodomésticos.

A partir do dia 4 de maio voltam a funcionar: consultório médicos (com prévio agendamento); lojas de papelaria e livrarias e serviços especializados de podologia.

Posição da CUT

Diante desse preocupante conjunto de fatos, a Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT/SE) enviou ofício ao Ministério Público do Trabalho solicitando que o órgão interfira no sentido de garantir medidas de proteção aos trabalhadores e trabalhadoras sergipanos.

Uso das máscaras será obrigatório

Segundo o vice-presidente do Sintese, o novo Decreto do Governo também coloca como obrigatório o uso de máscaras pela população e para ele, com  isso a demanda por máscaras de proteção vai aumentar e consequentemente seus preços também, o que pode tornar o acesso do trabalhador e da trabalhadora a este material de segurança ainda mais difícil.

“Faremos esta distribuição gratuita de máscaras, mas é fundamental que os sindicatos destas categorias, caso a reabertura das atividades de fato ocorra, acompanhem de perto este processo para que seja assegurado aos trabalhadores toda a proteção necessária. É necessário exigir dos empresários a garantia dos equipamentos de proteção individual e coletivo de combate à contaminação pelo Coronavirus”, defende o professor.