Se Temer não recuar, a classe trabalhadora fará o país parar
Rurais da CUT no 12º Congresso da CONTAG participam da mobilização em Brasília que reuniu mais de 10 mil pessoas
Publicado: 15 Março, 2017 - 16h25 | Última modificação: 18 Março, 2017 - 12h38
Escrito por: Érica Aragão e Luciana Waclawovsky
O país amanheceu com várias mobilizações nas 27 federações brasileiras.
A classe trabalhadora reagiu contra a proposta do governo ilegítimo de Michel Temer que quer acabar com a aposentadoria das trabalhadoras e dos trabalhadores no Brasil. Em Brasília, os povos do campo, das águas e das cidades, que estão no 12º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CNTTR) da CONTAG, se juntaram a mobilização que caminhou do Museu Nacional, percorreu a esplanada dos ministérios e encerrou em frente ao prédio do Ministério da Fazenda, onde mais de 1500 pessoas dos movimentos sociais ocuparam desde a madrugada dessa quarta-feira (15).
“A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (CONTAG) se junta nesse ato para barrar essas reformas que são um retrocesso. O governo Temer hoje vai ter que recuar com esse desmonte da aposentadoria se não ele não vai ter sossego porque se o Congresso Nacional não derrotar o povo derrota”, disse o candidato da chapa única à presidência da CONTAG, Aristides Veras Santos.
A proposta da Reforma da Previdência é de igualar, entre homens e mulheres, a idade mínima para se aposentar aos 65 anos com a contribuição de 25 anos para receber um pouco mais de 70% do salário da ativa, vai desvincular o salário mínimo do benefício e para receber o valor integral terá que contribuir no mínimo 49 anos. Além disso, vai quebrar os municípios desse país, porque mais de 70% deles vivem da economia dos salários dos aposentados.
Os aposentados também sofrerão os impactos, porque terão seus salários menores com a desvinculação do salário mínimo. Caso essa reforma seja aprovada a população brasileira corre sérios riscos de ficar sem alimentos nas mesas, porque ficará impossível sobreviver no campo. “82% dos que ocupam a mão de obra no campo são aposentados e não vamos permitir que as gerações futuras se prejudiquem se aposentando somente aos 70 anos de idade”, explica o diretor de políticas para terceira idade da Federação dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Pernambuco (FETAG-PE), Israel Crispin.
Toda a sociedade será prejudicada caso essa reforma seja aprovada, principalmente as mulheres rurais que precisarão contribuir individualmente para a previdência. As trabalhadoras e os trabalhadores do campo que produzem alimentos para mais de 70% da população brasileira, vão perder a aposentadoria especial e vão ter que trabalhar 10 anos a mais e vão morrer trabalhando já que a expectativa de vida dos povos do campo, das águas e das florestas é de 55 anos.
O governo alega que além da previdência social estar quebrada, a reforma é necessária e urgente para tirar o Brasil da crise.
A vice-presidenta Nacional da CUT e agricultora familiar da base da CONTAG, Carmen Foro, afirmou que não é verdadeiro o que o governo está fazendo com os recursos da seguridade para pagar dívida e falou que as trabalhadoras e trabalhadores do campo estão atentos e mobilizados no Brasil todo para dizer NÃO PARA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA. “Nós queremos derrotar esse desmonte da previdência. Nós estamos aqui hoje e no país todo é um trabalho de unidade política, da classe trabalhadora do campo e da cidade, movimentos sociais e movimentos populares com suas bandeiras para defender os nossos direitos. Nós queremos se aposentar no futuro”, conta.
Carmen também destacou, em frente ao Ministério da Fazenda, a solidariedade ao campo unitário da Via Campesina, MTST, profissionais da educação e ao movimento de moradia que ocuparam o prédio no qual fica o secretário da Previdência Social, Marcelo Caetano e manda uma mensagem direta para o Ministério da Fazenda dizendo “que é mentira que a previdência está falida. Querem apenas retirar nossos direitos”, conclui.
A presidenta da CUT Alagoas e delegada no 12º Congresso da CONTAG, Rilda Maria Alves, disse que a Reforma proposta só tira direito do trabalhador e não mexe com os empresários e com a elite desse país. “Por que não taxar as grandes fortunas que não pagam impostos? Por que não pedem para as empresas pagarem o que devem que é 3 vezes mais o déficit falacioso que eles dizem existir”, destaca.
Para a secretária Nacional da Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida, para barrar essa reforma será preciso muita unidade. “É muito importante a CUT estar junto neste momento com a CONTAG, outras centrais, movimentos do campo e da cidade e com o ramo da educação que inicia hoje sua greve geral por tempo indeterminado. “Nesse dia de luta é muito importante que estejamos juntos em defesa dos nossos direitos, não só nas redes sociais que ocuparam o primeiro lugar nos Trades Toppings do Twiiter, mas também nas ruas desse país”, destaca.
Mais de 10 mil pessoas em BrasíliaA greve geral da educação foi aprovada em assembleia em várias capitais desse país no último dia 8 e não tem data para acabar.
“Nós somos maioria nesse país, maioria que produz a riqueza desse país, a maioria que coloca o alimento na mesa dos brasileiros e não podemos permitir que 300 pessoas que representam no Congresso Nacional aqueles que concentram a renda do país modifiquem as regras trabalhistas e da previdência que nós garantimos com muita luta e não podemos permitir que sejam tirados dessa forma. É importante reagir, participar e continuar a mobilização, não podemos parar”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Heleno Araújo.
O secretário Nacional de Assuntos Jurídicos da CUT Nacional, Valeir Ertle, lembrou que a Reforma da Previdência é uma das propostas contra a classe trabalhadora. Ele afirma que a previdenciária é o que está em jogo, mas que não podemos esquecer que o Temer e seus aliados querem também mexer nos direitos trabalhistas seja via Câmara Federal, Senado ou via STF.
“Os golpistas querem que as leis trabalhistas, duramente conquistados pela classe trabalhadora, sejam alteradas sem que o povo perceba. Só com os trabalhadores e as trabalhadoras na rua, essa unidade do campo e da cidade que a gente vai conseguir derrotar esse governo ilegítimo e essas reformas nefastas”, conta.
Em Brasília 10 mil pessoas disseram Fora Temer e Não para a reforma que extingue a aposentadoria. As manifestações aconteceram também em outras partes do país somando mais de 500 mil só na parte da manhã. Outros estados farão seus atos na parte da tarde.