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SE: Trabalhadores protestam contra perseguição do Judiciário a presidente da CUT

Protesto contra práticas antissindicais do presidente do TJ-SE, que mandou remover Plínio Pugliesi três vezes em menos de um mês para impedir sua atuação sindical, reuniu trabalhadores de várias categorias

Publicado: 10 Julho, 2018 - 17h32 | Última modificação: 10 Julho, 2018 - 17h38

Escrito por: Redação CUT

Reprodução
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Servidores do Tribunal de Justiça, representantes dos movimentos sindical e sociais e partidos políticos realizaram, nesta segunda-feira (9), em frente ao prédio do Tribunal de Justiça de Sergipe, em Aracaju, um protesto contra as práticas antissindicais do desembargador Cezário Siqueira Neto, presidente do TJ-SE.

Para impedir a atuação sindical, em menos de um mês, a direção do Tribunal determinou a remoção do dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário (Sindijus) e presidente em exercício da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), Plínio Pugliesi, para três locais diferentes.

A direção do Sindijus questionou o TJ sobre os motivos das mudanças, tendo em vista que a Secretaria Única, onde o dirigente é lotado, precisa de mais servidores para dar conta dos 30 mil processos que estão no departamento. A administração do Tribunal não apresentou justificativas que comprovassem a necessidade das remoções.

De acordo com sindicalistas de Aracaju, não há motivação nem respaldo legal para essas remoções que eles classificam como mera perseguição política. Uma delas, Fabiana Spier, dirigente do Sindijus e servidora da Secretaria Única (SU), confirmou que a demanda de trabalho no setor é enorme. Segundo ela, cada servidor ficar responsável por aproximadamente mil processos judiciais.

Mas, para camuflar o processo de perseguição a Plínio, outra servidora da secretaria foi removidaperse pelo TJ, igualmente sem justificativa convincente, denuncia Fabiana.

O dirigente Marco Aurélio Velleza, da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud), denunciou que são recorrentes nos tribunais brasileiros as tentativas de calar os dirigentes sindicais com ações como a não liberação para ação sindical, a perseguição e remoção do local de trabalho sem motivo. Para ele, a situação do Plínio é semelhante a do ex-presidente Lula, também perseguido por suas ações em defesa da classe trabalhadora.

“Assim como é inaceitável que esteja presa a grande liderança política do Brasil, o Lula, não vamos aceitar esta tentativa de calar o companheiro Plínio em Sergipe. A federação vai agir para que isso não aconteça”, assegurou Velleza que veio do Rio Grande do Sul para participar do protesto e prestar solidariedade ao companheiro Plínio.

Valmir Santos, dirigente CUT/SE, também fez um paralelo entre as perseguições a Plínio e a Lula, lembrando o que aconteceu no domingo (8), com as manobras feitas por juízes do Paraná para impedir a libertação do ex-presidente Lula, mantido preso político na sede da Superintendência da Polícia Federal, de Curitiba, desde o dia 7 de abril.

“Vimos no dia de ontem [domingo] que o golpe continua e a importância do Judiciário é crucial para que este golpe contra a democracia brasileira prossiga prejudicando trabalhadores, todos nós que produzimos as riquezas desta nação. Estamos aqui lutando porque tem resolução na CUT apontando há tempos que é preciso democratizar o Poder Judiciário, pois ele não serve aos interesses do povo brasileiro. Vamos continuar na luta em solidariedade ao companheiro”.

A luta é também por Lula livre, diz Plínio

Assim como as demais lideranças, Plínio avaliou que não há como negar que a postura do tribunal é de perseguição. Ele também agradeceu a mobilização e solidariedade que está recebendo de companheiros e companheiras do Judiciário em todo o Brasil e de várias categorias profissionais.

“Um momento como esse faz a gente experimentar o valor que tem a essência do movimento sindical, que é a união”.

“Os laços de solidariedade entre os trabalhadores precisam ser preservados para que a gente possa enfrentar os desafios que estão postos no contexto atual que favorece toda prática de totalitarismo”, afirmou Plínio.

Segundo ele, o sindicato não existe apenas para lutar por reajuste salarial. Existe, acima de tudo, para unir os trabalhadores e promover a disputa pelos interesses da classe todos os dias do ano.

“A nossa luta não é só contra a minha remoção ilegal, é também por democracia, por eleições com direito de todos participarem, inclusive Lula, e pela recuperação dos direitos que foram perdidos”, disse o dirigente, que complementou: “como dirigentes, nós costumamos falar nos locais de trabalho que os trabalhadores não estão sozinhos e hoje eu pude ver, na condição de trabalhador prejudicado, que eu não estou só, porque vocês estão aqui comigo, o que agradeço”.

No final do ato, os dirigentes das entidades sindicais tentaram entrar no Tribunal de Justiça para solicitar uma audiência com o presidente do órgão, desembargador Cezário Siqueira Neto. No entanto, por ordem do próprio desembargador, os sindicalistas foram barrados pela Polícia Militar já na entrada do tribunal, confirmando a relação autoritária e tensa mantida pela gestão perante a organização sindical dos trabalhadores.

Também participaram do protesto, que foi marcado depois de diversas tentativas de negociação da direção do SINDIJUS com a gestão do TJSE, sem êxito, representantes de sindicatos, como Professores (SINTESE), Jornalistas (SINDIJOR), Assistentes Sociais (SINDASSE), Movimento Atitude (oposição sindical na Saúde), Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Sergipe (FETAM/SE), Federação Nacional dos Servidores do Judiciário nos Estados (FENAJUD), além de representantes do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e do mandato da deputada estadual Ana Lúcia.