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Seca afeta produção e renda e agricultores familiares de SC pedem socorro

Com a pior seca das últimas décadas, situação dos agricultores e das agricultoras familiares catarinenses é desesperada e governo do estado nada faz para, ao menos, amenizar a situação

Publicado: 26 Novembro, 2020 - 16h56 | Última modificação: 26 Novembro, 2020 - 17h17

Escrito por: Redação CUT

Fetraf-SC
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Sem chuvas significativas nos últimos meses e sem qualquer medida emergencial do governo de Daniela Reinehr (PSL), a agricultura familiar de Santa Catarina, a primeira a sentir os reflexos da estiagem que não tem previsão de acabar, está em situação desesperadora e os trabalhadores e trabalhadoras pedem socorro.

O meio oeste do estado vive o pior déficit hídrico desde 1957, segundo os dados hidrológicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

Nas regiões mais afetadas pela estiagem, 80 cidades decretaram situação de emergência. Pelos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre agosto, setembro e outubro de 2020, assim como em 2019, a chuva ficou bem abaixo da média e esta é a seca mais severa desde que começaram a coletar os dados em 1961.

A seca começa a impactar a produção e, consequentemente, a renda dos agricultores e agricultoras familiares, segundo a direção da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Santa Catarina (Fetraf-SC), que cobra medidas emergenciais do governo do estado enquanto mobiliza seus sindicatos para ajudar os trabalhadores e trabalhadoras. Eles estão visitando as propriedades, levantando os prejuízos e identificando os problemas.

“Não vamos arredar o pé, exigimos respeito e ação imediata dos políticos do nosso estado, para que tragam medidas concretas de auxílio a quem é responsável pela produção de alimentos em Santa Catarina”, dizem os sindicalistas.

Em reunião realizada na terça (24) com o secretário de Agricultura do Estado, Ricardo Gouvêa, e todos os deputados estaduais do oeste de Santa Catarina, representantes da Fetraf-SC cobraram ações urgentes para enfrentar a seca e garantir atendimento aos agricultores e agricultoras familiares, vítimas da seca e do descaso do governo.

“É inadmissível que estejamos há meses com esse quadro de seca e o governo do estado não tenha tomado uma medida efetiva que garanta atendimento e assistência aos agricultores familiares catarinenses. Já falta água nas propriedades e em breve os animais vão começar a morrer de fome e de sede”, afirmou Jandir Selzler, coordenador da Fetraf-SC durante a reunião.

Os rios estão secando, não se tem mais locais para buscar água para o consumo dos animais e não há sinal de nenhuma medida concreta dos governantes para garantir condições de produção e subsídio aos agricultores e agricultoras familiares. A situação é de descaso e falta de perspectivas”, denunciam os sindicalistas.

De acordo com o site da federação, as propriedades tiveram perda total no plantio de subsistência, na safra de grãos (milho, feijão, soja) pastagens dos animais, esgotamento das fontes e reservatórios de água, redução e parada total na produção de aves e suínos, produção de leite. São dezenas os relatos de agricultores e agricultoras que percorrem quilômetros atrás de água para dar aos animais e outros que já começaram a vender parte do gado por não ter alimento.

“O Estado não tem um programa que viabilize o trato dos animais, que procure criar formas, trazer recursos, insumos de outras regiões do país, subsidiar transporte, o custo. Algo precisa ser feito para garantir que na semana que vem os agricultores e agricultoras tenham como tratar os animais. Ou o governo vai esperar o ‘bicharedo’ morrer e os qgricultores e qgricultoras terem ainda mais prejuízo na produção?”, questiona Jandir.

Segundo o dirigente, o que se tem até o momento são medidas isoladas de alguns prefeitos e ações desesperadas de produtores rurais que se juntam para garantir fornecimento de água para o consumo e também, de garantia mínima para os animais. Outras ações estão sendo organizadas pela Fetraf-SC, como a organização de mobilizações em todo o Estado.

Uma audiência com a governadora Daniela Reinehr já foi solicitada por todas as entidades do campo (Agricultura Familiar e Via Campesina) para apresentar as reivindicações dos agricultores e agricultoras, mas até o momento segue sendo ignorada pelo executivo estadual.

 “Não vamos arredar o pé, exigimos respeito e ação imediata dos políticos do nosso estado, para que tragam medidas concretas de auxílio a quem é responsável pela produção de alimentos em Santa Catarina!”, enfatiza o coordenador da FETRAF-SC.

Confira a situação na propriedade Alceu Allebrant, produtor de leite no interior de Itá, região oeste de Santa Catarina. 

Com informações de Sílvia Medeiros, da Fetraf-SC