CUT reforça unidade contra discriminação racial e retrocesso
Planejamento traça estratégias e ações fundamentais pela igualdade racial e de gênero
Publicado: 15 Julho, 2016 - 13h08 | Última modificação: 15 Julho, 2016 - 16h00
Escrito por: Walber Pinto
A discussão sobre as questões que envolvem a população negra não pode ser política de uma secretaria só, mas envolver pretos e brancos para juntos combaterem o racismo.
Essa foi a avaliação da secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, Maria Julia Nogueira, nessa quinta-feira (14), durante o encontro do Coletivo de Combate ao Racismo, que acontece na capital paulista.
A atividade reuniu seis das principais pastas da Central que dialogam com a questão racial nas áreas de saúde, juventude, mulheres trabalhadoras, relações de trabalho, cultura, políticas sociais e direitos humanos. O objetivo é traçar estratégias e ações fundamentais pela igualdade racial e de gênero para o planejamento da central nos próximos períodos.
Das mais diferentes formas de discriminação racial que se expressam na violência policial e no genocídio da juventude negra, na desigualdade de gênero são as mulheres negras que mais sofrem e morrem com a violência doméstica, obstétrica e estupro.
O Mapa da Violência 2015 produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), aponta que, em um ano, morreram 66,7% mais mulheres negras do que brancas no País, um avanço de 54% em 10 anos.
Secretária da Mulher Trabalhadora, Juneia Martins, concorda que é preciso ter mais mulheres negras nos espaços de poder com um planejamento unificado entre as pastas.
“Não dá para trabalhar isolado, é preciso ter esse link com todas as secretarias. Quando vemos os dados de violência, de estupro, quem são mais violadas? São as mulheres negras. Sabemos, por exemplo, já que estamos em ano eleitoral, quantas mulheres negras vão disputar a eleição deste ano? Temos esses dados? Pois precisamos saber”, afirmou a dirigente.
Para Adriano Soares, da secretária de Juventude, pensar em conjunto políticas que atendam as demandas da juventude negra é o desafio para o próximo período. “Não podemos falar sobre juventude sem falar de racismo e do extermínio da juventude negra. Como mostram os dados do Mapa da Violência, são os jovens negros mais vulneráveis”, aponta.
“A política nacional da Saúde Integral da população negra tem uma finalidade, que é desconstruir o racismo institucional”, lembra Madalena Margarida, secretária de Saúde do Trabalhador.
“Querem revogar a lei áurea”
O evento ainda fez uma reflexão sobre as principais políticas econômicas, sociais e culturais que impactam na promoção da igualdade racial na atual conjuntura do Brasil.
Para a secretária de Relações do Trabalho, Graça Costa, os desmontes do governo golpista de Michel Temer aos programas sociais e direitos dos trabalhadores vão atingir essa população. “Vem aí a terceirização, a reforma na Previdência Social e outras. Já estamos perdendo tudo que conquistamos nos últimos treze anos em dois meses de governo interino. Os golpistas querem revogar a lei áurea”, afirma a dirigente.
Secretária de Políticas Sociais, Jandyra Uehara, ressalta que a situação é pior ainda quando se trata de imigrantes africanos. “Eles não têm direito à sindicalização, de se manifestar politicamente. Os haitianos, por exemplo, entraram no Brasil e continuam enfrentando racismo. Os médicos cubanos também foram vítimas de discriminação pela burguesia médica e branca”.
Museu Afro Brasil
Na tarde de ontem, quinta-feira (14), o Coletivo de Combate ao Racismo da CUT, visitou o Museu Afro Brasil na capital paulista e prestigiou o trabalho do curador Emanuel Araújo, artista plástico baiano. O Museu, que está localizado no Parque do Ibirapuera, destaca a perspectiva africana na formação do patrimônio, identicidade e cultura brasileira.
Para o secretário de Cultura, José Celestino, a cultura brasileira tem uma relação intrínseca com a população negra, já que são a maioria. “Precisamos fazer essa flexão e levar para dentro e fora da central”, conclui.