Secretário de Cultura faz discurso nazista e causa revolta
Roberto Alvim gravou em vídeo pronunciamento no qual copia trecho de discurso do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels
Publicado: 17 Janeiro, 2020 - 10h54 | Última modificação: 17 Janeiro, 2020 - 15h59
Escrito por: Redação CUT
O secretário da Cultura Roberto Alvim, o mesmo que chamou Fernanda Montenegro de “sórdida”, publicou vídeo na noite dessa quinta-feira (16), no qual copia trechos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, sobre as artes. A atitude provocou uma onda de repúdio nas redes na madrugada de sexta-feira.
O vídeo foi postado pela própria Secretaria Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro. O objetivo era divulgar o Prêmio Nacional das Artes, apresentado horas antes em live com a participação do próprio presidente.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) pediu a demissão do secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, após ele gravar em vídeo um pronunciamento no qual parafraseia um trecho de um discurso do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels.
“O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”, postou Rodrigo Maia no Twitter sobre o vídeo.
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— Secretaria Especial da Cultura (@CulturaGovBr) January 16, 2020
Compare abaixo os dois discursos:
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels em pronunciamento para diretores de teatro, de acordo com o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirmou Alvim no vídeo.
Forma e conteúdo
Não só a fala, como também a estética do vídeo, o tom de voz e a aparência do secretário, além do vocabulário e da trilha sonora também fizeram várias personalidades compararem a divulgação à propaganda nazista.
A música de fundo usada por Alvim é um trecho da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.
A fala do secretário levou o nome de Goebbels a ser um dos mais citados no Twitter durante a madrugada e fez com que centenas de internautas repudiassem a referência nazista e postassem comparações com a propaganda de Hitler.
Demissão
Depois da repercussão negativa, o secretário de Bolsonaro foi exonerado após pronunciamento semelhante a de ministro de Hitler.