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Sem acordo, greve dos trabalhadores da Método Potencial continua na Revap

No terceiro dia da paralisação, crescem apoios e adesão permanece em 95% do efetivo, que luta contra atrasos nos pagamentos de salário e adiantamento

Publicado: 05 Novembro, 2021 - 16h13 | Última modificação: 05 Novembro, 2021 - 16h58

Escrito por: Alessandra Jorge, do Sintricom SJC e Litoral Norte | Editado por: Marize Muniz

Heitor N. Morais
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Trabalhadores da Método Potencial, terceirizada que presta serviços de manutenção de rotina na Refinaria Henrique Lage (Revap), em São Jose dos Campos, no interior de São Paulo, votaram nesta sexta-feira (5), em assembleia realizada na portaria P4, pela continuidade da greve iniciada na última quarta-feira (3), contra atrasos nos pagamentos de  salário, adiamento e vale-alimentação.

Há meses, a empresa tem atrasado pagamentos de salários, férias, rescisões e outros benefícios. Além do adiantamento do salário de outubro, os trabalhadores também não receberam a ajuda de custo (vale alimentação) de R$ 870,00 que deveria ter caído ontem.

Com tantos atrasos, trabalhadores não acreditam que o salário de outubro caia hoje na conta. No mês passado, o salário de setembro foi pago com 15 dias de atraso e após paralisação dos trabalhadores que durou 3 dias.

Adesão à greve

No terceiro dia da paralisação, a adesão permanece alta e atinge cerca de 95% do efetivo da empresa. Levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, do Mobiliário e Montagem Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte (Sintricom) aponta que apenas 12 dos quase 400 trabalhadores da Método continuam na ativa.

Empresa pede mais prazo

Nesta quinta, a pedido da empresa, o presidente em exercício do Sintricom, Marcelo Rodolfo da Costa e o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de SP (Feticom), Gilmar Guilhen, se reuniram com a direção da Método Potencial, em São Paulo.

A empresa propôs o retorno imediato dos trabalhadores às atividades e pediu prazo até a próxima segunda-feira (8) para fazer uma proposta concreta sobre o pagamento dos atrasados.

Os sindicalistas reforçaram a reivindicação dos trabalhadores, que exigem garantias de que não sofrerão calote, e se comprometaram a apresentar a proposta na assembleia da categoria.

Proposta rejeitada

Durante assembleia desta sexta, a proposta foi apresentada pelo Sindicato e rejeitada pelos trabalhadores e reprovada.

A Método queria responder na segunda-feira como fará a “confissão de dívida” garantindo assim os pagamentos dos atrasados, da 1ª parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em torno de R$ 3 mil e do 13º Salário previstos para o final desse mês, além das verbas rescisórias e outros benefícios acordados.

A “confissão de dívida” permitiria que o dinheiro de medições e/ou os valores retidos do contrato com a Refinaria, não seja depositado na conta da Método Potencial e abocanhado pelos bancos/credores. O documento autoriza que o repasse seja feito pela Petrobrás/Revap diretamente na conta dos trabalhadores ou via Sintricom para transferência.

Mesmo sendo possível e já autorizada pela Justiça em outras Refinarias como na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, e na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária-PR, a adoção do procedimento está sendo postergada pela Método Potencial e pela Petrobrás.

Dívida da Método com trabalhadores abrange outras refinarias

A situação financeira da Método Potencial tem ocasionado também atrasos em outras refinarias: RPBC, Repar, na Replan, em Paulínia, e na Província Petrolífera de Urucu, em Coari-AM.

Na Revap, em São José dos Campos, a empresa mantém seu maior contrato no momento, que deve ser encerrado em fevereiro do próximo ano.

Empresa mantém corte no transporte

A Método Potencial manteve o corte dos ônibus que levaria os trabalhadores à Revap. Apenas duas vans da empresa entraram na Refinaria. Mesmo sem condução fornecida pela empresa, muitos se organizaram e compareceram a Portaria P4 da refinaria para participar da assembleia.

Precarização dos contratos e das condições de trabalho

A postura da Petrobras nas licitações, que priorizam o menor preço, sem se preocupar com a saúde financeira das empresas contratadas é a maior culpada para os constantes calotes sofridos pelos trabalhadores.

Cresce apoio ao Movimento

A luta dos trabalhadores da Método Potencial pelos seus direitos, desde o início, recebeu o apoio da coordenação da CUT no Vale do Paraíba e Litoral Norte, comandada pelo sindicalista Zé Carlos dos Condutores e da Feticom.

As assembleias também têm contado com solidariedade da diretoria do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba e do STIC MOB Jacareí (Sindicato da Construção Civil).

Hoje, o presidente do Sindipetro-SJC, Rafael de Paula Prado Alvarelli reforçou a importância do apoio da categoria petroleira aos trabalhadores da Método.

A assembleia também reuniu o diretor eleito do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Igor Martinez, o presidente do Sindicato dos Papeleiros de Jacareí, João Carlos dos Santos e o diretor Jair dos Santos e dos diretores do Sindicato dos Vidreiros do Estado de SP, Daniel Oliveira e Arnaldo Antonio Gomes e do Sindicato dos Trabalhadores nas indústrias da construção e do mobiliário de Taubaté.

Confira no vídeo como foi a assembleia