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Sem governo nem Estado, País exige reação da sociedade contra pressão de empresários

“Sem coordenação federal, movimento sindical atua para evitar que país caminhe à tragédia e cobra superministro”, diz presidente da CUT, em reunião do fórum das centrais com Dias Toffoli

Publicado: 19 Maio, 2020 - 16h34

Escrito por: Vanilda Oliveira

Reprodução
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O Brasil está sem governo, sem Estado e rumando à tragédia social nesta pandemia de Covid-19. A sociedade tem de reagir para mudar esse cenário. Esse foi diagnóstico dos presidentes da CUT e das demais centrais sindicais feito ao ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em reunião realizada nesta terça-feira (19), por videoconferência. Na pauta: a crise sanitária, econômica e política, sob a pressão de empresários pelo fim do isolamento social.

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, destacou a Toffoli a preocupação do fórum das Centrais com a falta de coordenação do governo federal. “Aqui (no Brasil) tem uma pressão desenfreada por parte de setores empresariais, que leva governos estaduais e municipais a liberar trabalho de áreas não essenciais, em um cenário oposto ao recomendado pelos protocolos mundiais de saúde ao fim do isolamento, porque o sistema de leitos hospitalares está em colapso, falta proteção social e a curva da pandemia está crescendo”, disse Sérgio Nobre.

Desde o início da pandemia, segundo Sérgio Nobre, a CUT e o fórum das centrais já alertavam para a importância de haver uma coordenação central do processo, como ocorre em todo o mundo. “Não dá para um país com 27 estados e 5,5 mil  municípios Isso será desastroso”, disse o presidente da CUT

A reunião com Toffoli foi um pedido do fórum das centrais. “Pedimos essa conversa em resposta à iniciativa de 15 empresários que, escoltados pelo presidente Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes, foi em caminhada do Palácio do Planalto ao Supremo com objetivo de pressionar o STF a afrouxar a política de isolamento”, explicou o presidente da CUT.

Os empresários, prosseguiu Sérgio Nobre, “têm feito isso no país inteiro. Aqui em São Paulo, por exemplo, Bolsonaro escalou a Fiesp para cumprir esse papel lamentável.” 

Toffoli disse aos sindicalistas que, há dois meses (período da pandemia), o Estado não tem conseguido coordenar as ações necessárias ao enfrentamento da Covid-19 e citou a saída dos dois ministros da Saúde como um dos indicadores dessa falta de coordenação por parte do Palácio do Planalto.

Ao destacar que Bolsonaro, além de não coordenar nada, ataca toda política correta defendida por órgãos de saúde, o presidente nacional da CUT cobrou a atuação do tal superministério criado pelo presidente da República.

“O  superministro Paulo Guedes sumiu nesta crise, após concentrar as funções de cinco ministérios – do trabalho, do planejamento, da indústria e comércio, da Previdência, da Fazenda – e não fazer nenhum funcionar”, disse Sérgio. E perguntou: cadê as políticas de trabalho? “As pessoas estão perdendo emprego e não tem ministro do trabalho; a indústria está morrendo na pandemia e não temos política industrial, o sistema de Previdência está em colapso e não consegue atender as pessoas desde antes da pandemia”.

O governo Bolsonaro, resume Sérgio Nobre, destruiu cinco ministérios e o Paulo Guedes está sumido. Temos de cobrar a responsabilidade por isso, porque, além de o Brasil estar perdendo vidas, a nossa economia está sendo empurrada para a maior crise da história.

“Solicitamos ao presidente do STF que nos ajude a coordenar esse processo, que não pode ficar só nas mãos de governadores e prefeitos, cada um atirando para lados diferentes. É importante ter essa coordenação”, afirmou Sérgio Nobre. Segundo o presidente da CUT, Toffoli assumiu compromisso de apoiar o fórum das centrais sindicais na busca da coordenação desse processo para salvar vidas e empregos no Brasil.