Escrito por: Concita Alves, CUT-RN
Mães que trabalham têm de pegar as crianças nas escolas às 9h por falta de merenda; merendeiras têm de fazer mobilizações para receber salários porque precisam sobreviver e prefeito tucano nada faz
Além da falta de itens básicos como feijão e carne em todo o país e até escolas dividindo um ovo para quatro crianças porque a verba para a merenda escolar está congelada há 7 anos, nas escolas municipais de Natal os atrasos de pagamentos das merendeiras, que precisam fazer greves e mobilizações para receber os salários, também prejudica a parca merenda oferecida aos alunos.
As empresas terceirizadas contratadas pela prefeitura para prestar o serviço estão atrasando o pagamento dos salários há três meses. E em todo esse tempo, a Prefeitura de Natal, comandada por Álvaro Dias (PSDB), conhecido por arrochar salários de professores e aumentar o próprio, nada fez para resolver o problema que atinge merendeiras que dependem dos salários para sobreviver, as crianças que precisam da merenda e as mães que trabalham de precisam pegar os filhos nas escolas às 9h.
Há pelo menos dois meses, o Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares (Sindhoteleiros/RN), que representa a categoria, tenta descobrir o motivo do atraso do pagamento dos salários e do vale refeição que tem prejudicado e precarizado a vida das merendeiras.
Em agosto, após tentativas de negociações e mobilizações o salário saiu no final do mês.
“A questão está se tornando corriqueira. Já é o terceiro mês e ninguém informa nada. Já estamos no décimo sexto dia de setembro e nada de pagamento, muito menos previsão de quando as trabalhadoras irão receber”, diz Ana Evangelista, diretora executiva do sindicato.
“A Secretaria Municipal de Educação e a Servnews, Empresa terceirizada, tratam a questão no jogo do empurra-empurra, e ninguém informa qual o real motivo do atraso nos repasses, que prejudicam as trabalhadoras, a educação das crianças, e causa transtornos as famílias, visto que os professores precisam liberar as crianças mais cedo quando não há alimentação nem quem sirva “a bolacha com suco” na escola”, explica a dirigente.
Para o sindicato, as merendeiras relatam as dificuldades que vêm passando e as consequências da negligência no atraso de seus vencimentos.
Enquanto as mães reclamam dos transtornos e da falta da merenda nas escolas, dizem que pegar as crianças mais cedo também prejudica o aprendizado dos filhos.
As merendeiras, que lutam para sobreviver, têm receio de dá depoimentos ou de aparecer em fotos, pois além de sofrer a pressão da empresa terceirizada, ainda sofrem assédio da gestão escolar por serem pressionadas a trabalhar sem salário, segundo Ana Evangelista.
Na perspectiva de ajudar a categoria, o sindicato tem realizado campanhas de solidariedade e “vaquinhas virtuais”, para distribuir as trabalhadoras mais vulneráveis enquanto aguardam uma solução para a questão.