Sem política para aquecer a economia, país tem 12,2 milhões de desempregados
De acordo com dados da Covid-19, entre a primeira semana de maio e a segunda semana de julho, número de desempregados subiu de 9,8 milhões para 12,2 milhões
Publicado: 31 Julho, 2020 - 15h02 | Última modificação: 31 Julho, 2020 - 15h35
Escrito por: Redação CUT
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) passeia sem máscara pelo país, sem se preocupar com a transmissão do novo coronavírus (Covid-19), o Brasil segue a deriva. A falta de uma coordenação nacional para combater a pandemia e de medidas concretas e eficientes para aquecer a economia prejudica os trabalhadores e as trabalhadoras que, ou que têm dificuldade para conseguir tratamento público – falta até remédio para dor em alguns hospitais do país – ou perdem os empregos não conseguem se recolocar no mercado de trabalho.
De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil subiu para 13,1% na segunda semana de julho e atinge 12,2 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Na semana anterior a taxa foi de 12,3% (11,5 milhões de desempregados) e primeira semana de maio a taxa foi de 10,5% (9,8 milhões de desempregados).
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad Covid-19), que se referem à semana de 5 a 11 de julho, mostrou ainda que a população ocupada e não afastada do trabalho foi estimada em 71,0 milhões de pessoas, estável em relação à semana anterior (71,1 milhões) e com aumento frente à semana de 3 a 9 de maio (63,9 milhões). Entre essas pessoas, 8,2 milhões (ou 11,6%) trabalhavam remotamente. Esse contingente apresentou queda frente à semana anterior (8,9 milhões ou 12,5%) e, em números absolutos, ficou estável em relação à semana de 3 a 9 de maio (8,6 milhões), porém com queda em termos percentuais (13,4%).
A proximidade da taxa de informalidade chegou a 34%, também uma estabilidade frente a semana anterior (34,2%) e de queda se relacionada à semana entre 3 a 9 de maio (35,7%).
Do total de pessoas ocupadas, 8,6%, 7 milhões de trabalhadores, estavam afastadas por causa do distanciamento social. Na semana que antecedeu eram de 10,1%. A diferença é ainda maior na comparação com a primeira semana da pesquisa, de 3 a 9 de maio, quando a taxa era de 19,8%, 16,6 milhões de ocupados afastados.
A população ocupada e não afastada do trabalho chegou a 71 milhões de pessoas, estável em relação à semana anterior (71,1 milhões) e aumento na comparação com o período de 3 a 9 de maio, quando eram 63,9 milhões de pessoas. A pesquisa indicou ainda que nesse grupo, 8,2 milhões ou 11,6% trabalhavam remotamente. Em números absolutos, o contingente ficou estável em relação à semana de 3 a 9 de maio (8,6 milhões), mas significa queda em termos percentuais (13,4%). Segundo o IBGE, pela primeira vez, o número de pessoas ocupadas que trabalhavam de forma remota caiu, porque na primeira semana de julho eram 8,9 milhões.
Para a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, esse movimento indica um retorno ao trabalho presencial com a flexibilização das medidas de distanciamento social implantadas para conter a disseminação do novo coronavírus (Covid-19).
“Essa é a primeira queda significativa nesse grupo desde o início de maio, quando a pesquisa começou. A redução foi observada tanto em valores absolutos (643 mil) quanto percentuais (11,6%) e reflete o que já estamos vendo, que é o retorno de parte dessas pessoas aos seus locais de trabalho de antes da pandemia”, observou.
Força de trabalho
O IBGE informou também que a taxa de participação na força de trabalho ficou em 54,8% na segunda semana deste mês, bem perto do período anterior (54,9%) e da primeira semana de maio (55,2%).
Já a população fora da força de trabalho, as pessoas que não estavam trabalhando nem procurava por trabalho, era de 76,9 milhões de pessoas. Isso representa estabilidade em relação à semana anterior (76,8 milhões) e também em relação à semana de 3 a 9 de maio (76,2 milhões).
Conforme a pesquisa, cerca de 28,3 milhões de pessoas ou 36,7% da população fora da força de trabalho disseram que gostariam de trabalhar. O contingente ficou estável frente a semana anterior (28,7 milhões ou 37,4%), no entanto, cresceu frente a semana de 3 a 9 de maio (27,1 milhões ou 35,5%).
A pandemia ou a falta de uma ocupação na localidade em que moravam foram as causas citadas por cerca de 19,2 milhões de pessoas fora da força que gostariam de trabalhar, não procurarem trabalho. Esse dado corresponde a 68% das pessoas não ocupadas que não buscaram por trabalho e gostariam de trabalhar. O resultado se manteve estável na comparação com a semana anterior (19,4 milhões ou 67,4%) e também na relação com a semana de 3 a 9 de maio (19,1 milhões ou 70,7%).
Saúde
Ainda entre 5 a 11 de julho, a estimativa é de que 13,9 milhões de pessoas (ou 6,6% da população do país) apresentavam pelo menos um dos 12 sintomas associados à Covid-19, que são febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular. O total é estável se comparado à semana anterior (14,3 milhões ou 6,8% da população), mas de queda em relação à de 3 a 9 de maio (26,8 milhões ou 12,7%).
De acordo com a Pnad Covid-19, aproximadamente 3 milhões de pessoas ou 21,5% daqueles que apresentaram algum sintoma, procuraram um estabelecimento de saúde como postos de saúde, equipe de saúde da família, pronto socorro ou hospital do SUS ou, ainda, ambulatório /consultório, pronto socorro ou hospital privado, para ter atendimento. O resultado ficou bem perto da semana anterior (3,1 milhões ou 21,5%). Embora, seja de queda em números absolutos, foi de alta em termos percentuais em relação à semana de 3 a 9 de maio (3,7 milhões ou 13,7%). Mais de 84% destes atendimentos foram na rede pública de saúde.
Entre as pessoas que tiveram sintomas de Covid-19 de 5 e 11 de julho, 315 mil (10,6%) procuraram atendimento em ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas. Esse resultado é de estabilidade tanto na comparação com a semana anterior (311 mil ou 10,1%), como em relação à primeira semana de maio (320 mil ou 8,7%).
De forma geral, 914 mil pessoas que tiveram os sintomas procuraram o serviço de hospitais na semana entre 5 e 11 de julho. Estatisticamente, o número ficou estável em relação à semana anterior (933 mil) e, ainda à semana de 3 a 9 de maio (1,1 milhão). Entre os que procuraram atendimento, 124 mil (13,6%) precisaram ficar internados. Nesse caso, também houve estabilidade frente a semana anterior (136 mil ou 14,6%) e a semana de 3 a 9 de maio (97 mil ou 9,1%).