Sem sociedade civil não se constrói políticas eficientes de combate à fome
Afirmação é do coordenador geral da CONTRAF BRASIL, Marcos Rochinski, que participou de encontro com oficiais de Senegal e de Serra Leoa
Publicado: 31 Agosto, 2018 - 11h12
Escrito por: Redação CUT
A única maneira de construir políticas eficazes de combate à miséria e à fome, como as que tiraram o Brasil do Mapa da Fome das Nações Unidas, em 2014, é fortalecer a sociedade civil, que constrói e cobra governo a participação ativa nos espaços onde essas políticas públicas são construídas.
A afirmação é de Marcos Rochinski, integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que participou, em Brasília, de um encontro com oficiais de Senegal e de Serra Leoa, que termina nesta sexta-feira (31).
O encontro, promovido pelo Centro de Excelência contra a Fome, entidade ligada ao Programa Mundial contra a Fome (WFP) das Nações Unidas, tem como objetivo fazer um intercâmbio de conhecimentos e boas práticas em alimentação escolar.
Rochinski, que atua no Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), chamou a atenção para o fato de que as políticas apresentadas pelos órgãos governamentais no evento, como as de combate à fome ou de alimentação escolar, nasceram do diálogo entre o governo e a sociedade civil organizada brasileira.
“Independentemente da forma de organização desses grupos, quer sejam sindicatos, confederações, movimentos ou Ongs. Indiferentemente de qual seja o governo, se ele não tiver capacidade de olhar e dialogar com a sociedade civil, certamente jamais chegará a um patamar de construir políticas bem-sucedidas de combate à fome”, alertou.
Ele lembrou, ainda, que tais políticas, hoje recomendadas pela ONU, que receberam contribuições decisivas do Consea, foram fundamentais para o país ter saído do mapa da fome.
Entre essas políticas, Rochinski, citou várias criadas no governo do ex-presidente Lula, como a política de cisternas, que provê água para consumo humano, ou a da Segunda Água, que é para a produção; o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA), que fortalece os agricultores familiares tanto em suas formas organizativas quanto na comercialização, além das instituições que recebem esses alimentos; como faz também o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Inspiração
A secretária-executiva do Ministério de Educação Básica e Secundária Sênior do governo de Serra Leoa, Emily Kadiatu Gogra, disse que as políticas públicas brasileiras, construídas em conjunto com os movimentos sindicais e sociais, têm inspirado e ajudado países do mundo inteiro.
“O Brasil tem sido uma inspiração para todo mundo. Tem nos ajudado e nos dado boas ideais sobre como planejar e executar um programa alimentar sustentável para as escolas. Estamos trazendo nossas próprias experiências, para compartilhar aqui também. Eu agradeço muito ao Brasil e aos diretores do WFP por esse encontro, bem como aos companheiros do Senegal que estão presentes”, disse Emily.
“Não se trata apenas de transferir conhecimentos daqui para outro país, mas de ter informações, conversar com as pessoas in loco e selecionar o que se deseja aplicar em cada país”, acrescentou a embaixadora do Senegal, Fatoumata Binetou Correa.
“Nós iniciamos um programa nos moldes do Bolsa-Família há quatro anos. Certamente, foi uma inspiração positiva do Brasil”, disse Correa.
Segundo ele, “muitas famílias em situações de vulnerabilidade podem se beneficiar da expertise brasileira nessa área”.
“Há momentos em que é até difícil para nós compreender como o Brasil consegue fornecer alimento a 45 milhões de crianças todo os dias nas escolas. O Senegal tem 40 milhões de habitantes, portanto o desafio é menor. Mas sabemos, antecipadamente, que é possível atingir nossa meta, pois o Brasil já alcançou mais que isso”, disse a embaixadora do Senegal.
Com apoio da Ascom/Consea