Escrito por: CNM/CUT

Seminário Aliança Camponesa e Operária

Atividade na sede da CNM/CUT intensifica debate sobre ações conjuntas e solidárias

Trabalhadores rurais e urbanos devem intensificar ainda mais suas ações conjuntas e solidárias. É o que manifestaram dirigentes sindicais e de movimentos sociais reunidos na tarde da última sexta-feira (5), no Seminário Aliança Camponesa e Operária, realizado na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em São Bernardo do Campo (SP).

O evento foi promovido pela coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que se reuniu no auditório da CNM/CUT entre quarta-feira (3) e sábado (6) para traçar diretrizes de atuação e definir parâmetros para o Congresso Nacional da entidade, que será feito em outubro de 2015.

No Seminário, o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, ressaltou a importância de se estabelecer uma agenda comum de ações dos trabalhadores do campo e da cidade para a construção de uma sociedade mais solidária e justa. Ele lembrou que os desafios serão grandes no país para que a democracia seja garantida e os direitos, ampliados. “Vamos ter muitos embates com as forças conservadoras, na luta pela distribuição de renda, pela igualdade de gênero e raça, por exemplo, que são bandeiras comuns a quem trabalha numa fábrica ou numa lavoura”, destacou.

O seminário contou com a presença do presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, Jairo Carneiro, dos representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Genivaldo da Silva, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Gilberto Cervinski, e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Marcelo Buzetto. A atividade foi coordenada por Romário Rosseto e Rafaela Alves, do MPA.

Todos eles consideraram importante a aliança campo-cidade e destacaram que é preciso – no caso dos trabalhadores urbanos – reivindicar que as empresas forneçam refeições oriundas da produção de pequenos agricultores, que hoje são os responsáveis por alimentos de qualidade no país. “É possível conquistar isso por meio das convenções coletivas de trabalho”, ponderou Rosseto, apontando que esta é uma forma de apoio mútuo entre os trabalhadores.

Para Jairo Carneiro, os trabalhadores das cidades têm de ser dar conta que sem os do campo não há futuro. “É preciso compreender o todo. Quem trabalha no campo depende dos operários das fábricas, que produzem máquinas e equipamentos, para que os alimentos sejam produzidos”, lembrou, ressaltando ainda que os trabalhadores da cidade querem consumir alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, e que isso só é possível pelas mãos dos pequenos agricultores.

Buzetto e Cervinski, em suas intervenções, enfatizaram que os movimentos sociais e sindical devem promover ações conjuntas para impedir o avanço de forças conservadoras no Brasil. Por isso, consideraram que a presença do MPA na sede da Confederação foi um gesto simbólico dessa união campo-cidade, na luta pela soberania popular em contraponto aos ataques da elite.

A propósito desses ataques, Silva, da FUP, lembrou que, por trás das denúncias envolvendo a Petrobras, estão os interesses das grandes empresas petrolíferas, que querem privatizar o pré-sal e mudar o seu esquema de exploração. “Os Estados Unidos consomem 25% do petróleo mundial e são os maiores interessados na privatização, para ter controle sobre esse recurso energético”, assinalou.

Já Rafaela reforçou que a aliança operária-camponesa precisa de muito diálogo para que as pautas de uns sejam apoiadas pelos outros e para a construção de uma agenda comum. “Avançamos muito nos últimos 12 anos, mas ainda faltam outras políticas públicas para garantir a soberania do povo brasileiro. Com nossa unidade, vamos chegar lá”, disse.

O Movimento dos Pequenos Agricultores decidiu que, para aprofundar essa relação entre campo e cidade, também fará o seu congresso nacional em São Bernardo do Campo. “O ABC carrega o simbolismo das lutas dos trabalhadores urbanos, foi o berço da CUT e do novo sindicalismo. Por isso, nada mais natural que ele seja o marco para a consolidação dessa aliança camponesa-operária”, afirmou Rosseto.