RS: seminário defende EBC e comunicação pública
Especialistas apontam importância de instrumentos para democratização da mídia
Publicado: 15 Julho, 2016 - 19h00
Escrito por: CUT-RS
A necessidade de democratização da mídia dominou as exposições e debates do “Seminário em Defesa da EBC e da Comunicação Pública e Alternativa”, realizado na noite desta quarta-feira (13), no auditório da Faculdade de Educação da UFRGS, em Porto Alegre. O evento foi organizado pelo Levante Popular da Juventude e contou com mais de 40 participantes, quase todos jovens. Também compareceu o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS, Milton Simas Júnior.
Os painelistas foram Luiz Henrique Martins dos Anjos, diretor jurídico da Empresa Brasil de Comunicação (EBC); Ademir Wiederker, integrante da coordenação estadual do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC); Marco Aurélio Weissheimer, jornalista do portal Sul21; e Carolina Teixeira Lima, integrante do Coletivo Estadual de Comunicação do Levante Popular da Juventude.
Luiz Henrique resgatou a história da EBC como empresa pública, mostrando a diferença entre comunicação privada, estatal e pública. Ele salientou que a EBC foi criada no governo Lula, em 2007, para gerir as emissoras de rádio e televisão públicas federais. A empresa é hoje responsável pela TV Brasil, TV Brasil Internacionais, TV NBR, várias emissoras de rádio, Agência Brasil e produtora do programa de rádio A Voz do Brasil, dentre outras atribuições. O dirigente lamentou que a EBC possui recursos bloqueados por causa de ações judiciais.
Weissheimer destacou a experiência da comunicação alternativa, destacando o funcionamento do Sul21. Ele frisou também que a Constituição de 1988 proíbe monopólios e oligopólios na comunicação, mas eles funcionam em todo o país. O jornalista lembrou um processo movido contra a RBS em Canoas, onde uma advogada da empresa apareceu dizendo que essa acusação não era procedente porque “o CNPJ era diferente”.
“Primeiramente fora Temer”, disse o representante do FNDC, que manifestou todo o apoio à EBC. “É um dos poucos avanços que tivemos nos governos Lula e Dilma”, afirmou. Ele criticou a exoneração do presidente da EBC, Ricardo Melo, pelo governo ilegítimo e golpista, condenando o desmonte da empresa e a demissão de profissionais, como Luis Nassif, Tereza Cruvinel e Paulo Moreira Leite.
Ademir, que é também jornalista e secretário de Comunicação da CUT-RS, saudou a liminar concedida pelo STF, que reconduziu Melo ao cargo, e destacou a importância da Agência Brasil, que faz um baita contraponto às agências de notícias da mídia golpista. Ele ressaltou que o futuro da EBC dependerá da consumação ou não do golpe no Senado.
O representante da FNDC denunciou as seis famílias, que detêm os monopólios de comunicação no país, e defendeu a luta pela democratização da mídia, ao mesmo tempo em que se constrói uma comunicação pública e alternativa. “Enquanto a Globo comanda o golpe, os sites e blogs progressistas romperam a narrativa da mídia golpista e têm sido fundamentais na resistência ao golpe e em defesa da democracia e dos direitos”, apontou.
Carolina, que é estudante de jornalismo, fez uma análise dos meios de comunicação e apontou para a responsabilidade social da imprensa. Segundo ela, a comunicação pública que ainda engatinha no Brasil, onde a própria democracia é jovem, tem um papel crucial a cumprir. Carolina apontou para a importância estratégica da comunicação pública na defesa dos interesses da sociedade, e defendeu a EBC e as mídias alternativas, para que possam levar a pluralidade de narrativas e de posições sobre a crise política e os assuntos em debate.
Após as exposições, houve várias perguntas e manifestações dos participantes. Ademir anunciou que o FNDC irá realizar uma plenária estadual no próximo dia 1º de agosto, em local a ser definido, na capital gaúcha. Também convocou os presentes a participar do ato contra o golpe no próximo dia 31 de junho, no Parque da Redenção. Para ele, “foi um debate muito oportuno e qualificado, fortalecendo a defesa da EBC e da comunicação pública e alternativa”.