Escrito por: Redação CUT
Pressão aos senadores ocorre nas redes sociais. Estudantes exigem que prova seja adiada, já que milhões de pessoas não têm como se preparar para o exame durante a pandemia do coronavírus
Na tarde desta terça-feira (19), às 16h, será votado no Senado o Projeto de Lei (PL) 1277/2020, da senadora Daniella Ribeiro, que prevê a prorrogação de exames para acesso ao ensino superior em situações de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional ou de eventos que comprometam o funcionamento regular das instituições de ensino.
Na votação, os senadores do PT apresentarão emendas que estabelecem, especificamente, o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, enquanto durar a pandemia.
A realização do Enem, ainda em 2020, é uma obsessão para o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), em particular para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que insiste em manter o calendário, desprezando o fato de que o ensino dos milhões de estudantes brasileiros que querem ingressar em uma universidade está afetado.
A mobilização para pressionar o Senado a aprovar o projeto está sendo feita pelas redes sociais com a hashtag #AdiaEnem. A ação é liderada pela União Brasileira dos Estudantes Secudaristas (Ubes) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE).
Para esta mobilização foi criada a página “Sem Aula, Sem Enem” na internet, pela qual todos pode pressionar os senadores. Acesse aqui
A pandemia do coronavírus dificultou ou até impediu ao acesso à educação de milhares de jovens que não tem plano de internet, celular ou computador em casa e quando têm os planos são baratos e o sinal é ruim. Cerca de 33% dos domicílios brasileiros não têm nenhum acesso internet e 58% não têm nem mesmo acesso a computadores.
Aulas foram suspensas e os governos optaram pelo ensino à distância, sem levar em condição a acessibilidade. O resultado é que muita gente ficou para trás e não tem sequer como se preparar para o Enem.
O ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, considera que realizar um exame nas condições atuais, com todos os impactos da pandemia do coronavírus “é como caçar o passaporte das pessoas. É impedir que o jovem possa sonhar com um futuro melhor para ele e sua família”.
Haddad afirmou em videoconferência mediada pelo ex-presidente Lula, realizada no dia 11 de maio, que entende a angústia dos estudantes. “Considero justa a reivindicação de quem tem essa preocupação, de necessidade de adiamento”, disse o ex-ministro. Para ele, é necessário tempo para que todos possam se preparar.
A secretária de Juventude da CUT, Cristiana Paiva Gomes, afirma que esse não é o momento de manter as datas planejadas anteriormente para o cronograma do ENEM.
“É a hora de destinar esforços para construir soluções capazes de preservar os empregos, a renda e a vida do povo brasileiro em meio à pandemia e de encontrar saídas coletivas e responsáveis para que a juventude do Brasil não sofra um trauma e veja seu futuro prejudicado.
Cristiana ainda diz que Bolsonaro e seu ministro da Educação não podem “abalar os sonhos da juventude brasileira”.
“Os jovens, hoje, vivem um momento de absoluta angústia por ter de se dividir entre trabalhar e ajudar na renda da família, dadas as condições de precarização do trabalho em meio à crise e, mantendo o ENEM, o governo faz o de sempre, ignora a desigualdade social do país que está cada dia maior por falta de políticas públicas deste governo”, conclui a dirigente.