Escrito por: Redação CUT

Senadores criticam presidente da Petrobras por aumentos nos preços dos combustíveis

Luna e Silva culpa a pandemia, mas política de preços de paridade internacional, que fez preços dispararem, foi adotada por Temer e mantida por Bolsonaro 

Edilson Rodrigues/Agência Senado

Em audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira (23), o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, foi questionado por senadores que criticaram a política de preços da estatal, que segue a cotação do dólar e a variação internacional do barril de petróleo.

Silva e Luna deu as justificativas de sempre, defendendo a empresa e atribuindo os sucessivos aumentos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, nos últimos meses, a uma série de fatores, como o contexto internacional que afetou o preço do petróleo nos últimos dois anos, a pandemia etc.

“A pandemia e o combate a ela nos colocaram em uma posição diferenciada. Tivemos como consequência um choque de demanda elevado, com uma oferta inferior à demanda. Como consequência, uma escalada muito grande do preço das commodities. [Além disso], uma crise hídrica e a desvalorização do real em relação ao dólar, disse  o general aos senadores, tentando justificar os constantes reajustes.

O general só não disse que os preços estão cada vez mais altos por causa da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pelo ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), em 2017, e mantida por Jair Bolsonaro (ex-PSL), que garante o pagamento de milhões de reais aos acionistas.

Após o último reajuste nos preços, há cerca de um mês, o preço da gasolina nas bombas dos postos de gasolina no país ficou em R$ 6,752 por litro, mas tem cidades cobrando R$ 7 ou mais. Já o litro do  diesel era vendido na semana passada por uma média de R$ 5,356 por litro no país, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

No Senado, o general Silva e Luna ressaltou que a Petrobras chegou a ficar, sob sua gestão, 92 dias sem reajustar o valor do gás de cozinha, 85 sem reajustar o diesel e 56 sem alterar o preço da gasolina. A afirmação gerou uma reação veemente do senador Omar Aziz (PSD-AM).

“O salário do trabalhador brasileiro não é alterado a cada 90 dias, como o combustível é hoje quase diariamente. É uma brincadeira achar que se está fazendo um grande favor aos brasileiros”, indignou-se o senador.

Jean Paul Prates (PT-RN) questionou a decisão da Petrobras de aceitar, sem recorrer, a determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), de 2019, para que a empresa venda oito refinarias. O senador acusou o governo federal de não buscar a redução do preço interno dos combustíveis para atender o interesse dos acionistas no processo de venda dessas refinarias.

“Isso é preguiça e incompetência desse governo”, criticou Jean Paul.

O presidente da CAE, senador Otto Alencar (PSD-BA), indagou ao presidente da Petrobras sobre notícias de que as refinarias estariam operando abaixo da capacidade máxima. Silva e Luna afirmou que a média de produção das atuais 13 refinarias está em torno de 90%: “Tivemos paradas programadas, por causa da covid, mas isso já foi concluído. Estamos vivendo hoje um momento de capacidade máxima, todas as refinarias funcionando”. Ele, no entanto, não falou sobre o projeto do governo em vender as refinarias do país.

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Com informações da Agência Senado.