Sergio Amadeu: 'É a hora de virar a onda de fake news do candidato fascista'
"É importante que pastores democratas, pessoas confiáveis nas igrejas, líderes religiosos que defendem a democracia também falem no WhatsApp, postem vídeos e esclareçam a população", diz sociólogo
Publicado: 04 Outubro, 2018 - 11h06 | Última modificação: 04 Outubro, 2018 - 11h12
Escrito por: Redação RBA
Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC Sergio Amadeu, "agora é a hora" de o campo progressista e todos os democratas reagirem contra a onda de fake news e a campanha de desinformação disseminada pelo WhatsApp. O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, denunciou hoje a campanha contra ele, desfechada por apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL), com milhões de mensagens "vulgares" e falsas, dirigidas principalmente ao público evangélico.
Na opinião de Amadeu, não está tarde para virar esse jogo. Pelo contrário. "É importante que todos vão para o WhatsApp. É muito importante que pastores democratas, pessoas confiáveis nas igrejas, líderes religiosos que defendem a democracia também falem no WhatsApp, postem vídeos, esclareçam a população", diz. "Os católicos democratas, os evangélicos, principalmente os líderes desses cultos, precisam se pronunciar."
"A campanha fascista começou a jogar a desinformação pesada a partir do [ato pelo] #Elenão [no sábado (30)]. Porque ficaram assustados", avalia. Eles desvirtuaram o ato e jogam as informações falsas principalmente para quem não acessa internet, sites jornalísticos e blogs. "Fazem isso por meio de pastores ligados ao Bolsonaro. Agora é a hora de mostrar a mentira, mostrar o que Bolsonaro faz. É preciso trabalhar a informação verdadeira."
Para Amadeu, nesse contexto, é fundamental informar que Bolsonaro pretende acabar com o 13°, que votou contra os direitos dos deficientes e outras propostas, mostrar às pessoas jornais de credibilidade que estamparam essas coisas e colocar nos grupos do WhatsApp. "Temos que informar, inclusive nos grupos de família, que há uma campanha de desinformação paga, organizada pelo candidato fascista. Nós estamos enfrentando o fascismo. Eles chegaram."
"A estratégia deles é pegar os segmentos mais pauperizados da população, que melhoraram muito a vida no governo Lula e têm uma gratidão pelas políticas públicas importantes. Eles tentam apagar essa memória colocando o temor associado a valores, à destruição da família etc."
Além de entrar na Justiça para pedir um aparato técnico que neutralize as "fábricas de mentiras", frisa Amadeu, é preciso chamar todos os que têm liderança nas comunidades e cultos para "trazer a verdade à tona". "Isso é decisivo agora, porque se pode retomar a onda positiva e as pessoas perceberem que estavam sendo levadas a mentiras. Isso as deixará irritadas."
Ele observa que os métodos utilizados hoje no Brasil são semelhantes aos da campanha de Donald Trump nos Estados Unidos para desconstruir a candidatura de Hillary Clinton.
"Aqui, a estratégia é para neutralizar ou debelar o voto daqueles que são os eleitores principais da campanha do Haddad, do Ciro Gomes. Enfim, dos democratas. Não podemos deixar que aqueles que foram corrompidos pelo dinheiro ganhem e implantem o fascismo, como já ocorreu na Europa."
O sociólogo afirma ser possível, sim, identificar os emissores de mensagens por WhatsApp. Segundo ele, é necessário rastrear, por exemplo, uma mensagem, alguns grupos, e a partir daí ver quem são os disparadores. "Alguns deles podem estar fora do Brasil. A empresa WhatsApp deve impedir que essas pessoas continuem operando." Uma dificuldade reside no fato de que esses números podem ser trocados.