Escrito por: Luiz Carvalho
Presidente da CUT esteve presente nas cerimônias de posse das diretorias dos sindicatos dos bancários de SP e dos metalúrgicos do ABC
Em 2023, primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), duas das principais representações de trabalhadores realizaram eleições que vão muito além do símbolo da renovação e do fortalecimento da luta, mas também apontam para a manutenção da capacidade combativa de duas das principais categorias do país.
Juntos, metalúrgicos e bancários, que participaram da fundação da CUT, reúnem mais de 200 mil pessoas na base e enfrentam o desafio de avançar em representação e na manutenção dos direitos trabalhistas diante das novas tecnologias, do avanço do trabalho remoto e da retirada de direitos provocada pela reforma Trabalhista, aprovada em julho de 2017, com o objetivo de diminuir a capacidade de luta do movimento sindical, promovida pelo ex-presidente, o golpista Michel Temer (MDB).
Além de não gerar empregos, a medida dificultou a organização trabalhista, porém, os sindicalistas seguiram com a luta e a organização da classe trabalhadora.
Frentes de luta
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que já teve à frente Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, entre 2008 e 2012, realizou as eleições em dois momentos. No mês de março, foram escolhidos 162 representantes dos 45 comitês sindicais e nos dias 25 e 26 de abril houve a escolha do presidente e dos conselhos da Executiva e Fiscal.
O dirigente comemorou a posse da nova diretoria dos metalúrgicos, ao lado do presidente Lula, também um ex-presidente da entidade (1975 a 1981), e Moisés Selerges, funcionário da Mercedes, reeleito após o primeiro mandato que teve início em 2021.
Para o presidente da CUT, a atuação de metalúrgicos e bancários ajuda a nortear a luta de todas as categorias e por isso a mobilização dos dois segmentos é fundamental para o país.
“São dois grandes sindicatos, muito importantes para a classe trabalhadora e que ajudaram na criação da Central. Sindicatos cujo modelo de negociação e de organização são referência para o movimento sindical brasileiro”, apontou
Compromisso com a base
Durante a cerimônia de posse no último domingo (23) de Selerges, que terá um mandato até 2026, o presidente Lula reafirmou o compromisso com os trabalhadores e trabalhadoras.
Lula declarou, ainda, que irá dedicar o tempo que resta no Palácio do Planalto a melhorar a vida dos brasileiros e que seu compromisso "não é com banqueiros", e sim com a classe de trabalhadores. As prioridades, completou, devem ser a geração de empregos, o incremento do salário e a expansão do poder aquisitivo. "E você percebeu que o preço da comida está baixando", observou.
“Sem desmerecer nenhum sindicato, mas o sindicato dos metalúrgicos do ABC, junto com o Sindicato dos Bancários do ABC, junto com os metalúrgicos de outras cidades, são, na verdade, os sindicatos que simbolizam a luta nesse país histórica. São os sindicatos que fizeram as primeiras greves, são os sindicatos que ajudaram a derrotar o regime militar, e são os sindicatos que ajudaram a criar um partido político e fazer a coisa impossível até então, que era fazer com que um metalúrgico, saindo daqui, conseguisse ser presidente da República.
Ao destacar o protagonismo e o engajamento de Moisés Selerges, o presidente ainda deixou um recado a ele, frisando que não deve se esquecer de que a mobilização coletiva "começa na porta da fábrica".
Confira aqui a íntegra do discurso do presidente Lula.
Em seu discurso, Moisés lembrou que a resistência da classe trabalhadora e dos movimentos sociais foi importante nos últimos anos: "É hora de reconquistar a democracia, de reconquistar nossos direitos".
Adônis Guerra
Também compareceram à posse da direção do sindicato dos metalúrgicos do ABC os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e a primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Tecnologia sem precarização
No Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, pela terceira vez seguida uma trabalhadora irá comandar a organização. Até então secretária-geral, a funcionária do Bradesco, formada em Letras e com pós-graduação em Gestão Pública e Universitária, Neiva Ribeiro irá conciliar o cargo com a participação no Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Union e a vice-presidência da UNI América Mulheres.
Durante a festa de posse no último dia 21 da nova diretoria, composta por 87 dirigentes, que também contou com a presença de Sérgio Nobre, a nova presidenta dos bancários apontou os desafios de regulamentação do trabalho nas fintechs (empresas que apresentam introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia) e de plataformas que estão acabando com empregos bancários, além de mostrar a importância para a juventude de participar da vida sindical.
“Temos desafios, como construir o ramo financeiro, aumentar a representação nas bases, fazer a juventude entender que o Sindicato é legal, é importante, é vivo, é alegria. Durante a pandemia, nós aprendemos a trabalhar com mídias digitais, com aplicativos. O Sindicato muda as nossas vidas, muda nossa visão de mundo, fortalece nossa solidariedade, nossa vontade de mudar o mundo e nos faz ter a certeza de que, juntos, a gente pode, sim” afirmou durante o discurso de posse.
Com informações da Agência Brasil