Escrito por: Walber Pinto e Rosely Rocha

Sérgio Nobre: pauta da classe trabalhadora será conquistada com mobilização e luta

Presidente da CUT diz que a implementação da pauta da classe trabalhadora a ser entregue hoje ao presidente Lula e ao Congresso Nacional, só será possível com luta e apoio dos trabalhadores

Dino Santos
Presidente da CUT Sérgio Nobre na Marcha em Brasília

O presidente da CUT Sérgio Nobre está nesta terça-feira (29), em Brasília para a Marcha da Classe Trabalhadora, que ao final do ato entregará ao presidente Lula e aos presidentes da Câmara dos Deputados Hugo Mota, do Senado Davi Alcolumbre, aos presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Aloysio Corrêa da Veiga, a pauta da Classe Trabalhadora. Baixe aqui a pauta.

Sérgio Nobre destacou hoje pela manhã, em coletiva de imprensa, a importância da participação dos trabalhadores e das trabalhadoras no ato, cuja concentração começou às oito da manhã. A Marcha se inicia por volta das 10h30.

O dirigente lembrou que todas as conquistas dos trabalhadores ao longo da história, nenhuma veio sem mobilização, sem muita luta, e que as reivindicações da redução de jornada sem redução salarial, o fim da escala 6 X 1 e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, que estão na pauta, para serem atendidas, vão depender da pressão popular.

“A carteira de trabalho com os direitos sociais, previdência, férias, tudo isso veio com muita luta. E agora nós temos uma pauta que para nós é fundamental no Congresso Nacional, que é a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários. Hoje o fim da escala 6x1 é um tema que está no Brasil inteiro. Porque a pessoa trabalha seis dias, só tem um dia para ficar em casa, com a família, com os filhos. Então a pauta do fim da escala 6x1 é extremamente importante para a gente”, disse Nobre.

O presidente da CUT reforçou que o mundo moderno exige isso e que vários países, inclusive os desenvolvidos, reduziram a jornada de trabalho, adotaram a semana de quatro dias e, ao contrário do que se acredita, melhorou a produtividade dos trabalhadores, reduziu o número de acidentes de trabalho, de doença, melhorou a convivência em família, a sociedade ficou melhor.

“Esse debate é pertinente no Brasil porque nós temos categoria que trabalha as 44 horas semanais, que é o limite legal, e ainda faz 20, 22 horas de hora extra. É o caso dos trabalhadores do comércio, porque enquanto tem gente na loja, não pode fechar a loja, enquanto tem gente no restaurante, não fecha o restaurante e ele tem que ficar e não recebe essas horas muitas vezes. Isso é uma coisa desumana que não pode continuar no nosso país”, reforçou.

Sobre o projeto que isenta de imposto de renda aos trabalhadores até cinco mil reais, Nobre falou sobre a diferença de alíquotas que o trabalhador com renda menor paga em relação a quem ganha mais

“Para você ter uma ideia, o trabalhador hoje, com a tabela atual, que ganha R$ 4.600 por mês, ele paga 27,5 % de imposto de renda. E uma pessoa que tem uma renda de R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão por ano, ele paga 1,5%. Então isso é injusto. Aquele que ganha mais tem que pagar mais. Então essa é uma pauta importante. Nós precisamos de justiça tributária. Para que esse recurso que hoje o trabalhador paga de imposto de renda possa virar consumo. Que ele possa comprar mais arroz, mais feijão, camisa e fazer a indústria produzir, gerar mais emprego, que é o que o nosso povo precisa”.

Isso não virá sem dúvida, sem luta. Então é muito importante o gesto que os trabalhadores estão fazendo, se deslocando do Brasil inteiro para a marcha. Vamos fazer uma marcha bonita para mostrar que quem quer essa pauta não são os presidentes das centrais sindicais, é o povo brasileiro que quer- Sergio Nobre

Sobre a Marcha

A Marcha é organizada pela CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, Publica e Intersindical Central.

A concentração teve início às 8h, no estacionamento do Teatro Nacional/Praça da Cidadania, seguida de uma Plenária. 

Às 10h30 está prevista a saída da Marcha rumo ao Congresso Nacional.

O presidente Lula deverá receber os presidentes das centrais sindicais.