Escrito por: Andre Accarini e Vanilda Oliveira

Sérgio Nobre: se insistir no crime do juro alto presidente do BC tem de ser afastado

No ato de Brasília, presidente nacional da CUT afirma que já há reunião marcada com o presidente do Senado para tratar dos juros extorsivos praticados pelo bolsonarista Campos Neto

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“Não há razão para o [Roberto] Campos Neto continuar mantendo a taxa básica de juros do país em absurdos 13,75%”, afirmou Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, nesta terça-feira (20), em frente à sede do Banco Central, em Brasília, durante o ato pelo Dia Nacional de Luta Contra os Juros Altos e a Política Monetária do Banco Central.

Segundo Sérgio Nobre, a atual política monetária imposta pelo presidente do Banco Central, rechaçada por economistas do Brasil e do mundo, é um crime que está sendo cometido contra o país e espera que Campos Neto “tenha vergonha na cara, ouça o clamor da classe trabalhadora e baixe os juros nesta quarta-feira”. Amanhã (21), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC define a taxa para o próximo período.

“Se não baixar a taxa de juros, já temos uma audiência marcada com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, porque sabemos que o Senado pode afastar Campos Neto do cargo e, na nossa visão, há motivo para isso, porque o presidente do BC está sabotando o crescimento do país”, afirma Sérgio Nobre. “A visão dele de Brasil foi derrotada nas urnas, em 2022; Campos Neto é um bolsonarista e deveria entregar o cargo”, complementa o presidente nacional da CUT ao garantir: “Não vamos sair das ruas enquanto esse camarada estiver à frente do Banco Central”.

 

 

 “Juros altos são a forma mais perversa e cruel de transferir renda dos mais pobres para os mais ricos”, enfatizou o presidente da CUT. O questionamento feito pela sociedade brasileira por meio dos protestos realizados pela CUT, centrais sindicais e movimentos populares se refere, em especial, aos juros praticados aos trabalhadores quando compram produtos. A Selic é referência para todas as operações financeiras do país e impactam diretamente no consumo, portanto, na produção e na geração de empregos.

“Os juros estão embutidos nos produtos. Quando um trabalhador vai comprar uma geladeira, um fogão, ele não compra à vista. Ele financia e com os juros praticados, compra um, mas acaba pagando por três”, disse Sérgio Nobre, citando ainda outros impactos na vida do trabalhador como os juros do rotativo do cartão de crédito - mais de 400% ao ano.

Outro impacto causado pelos juros altos, que afeta a classe trabalhadora e a economia do país, é o comprometimento da geração e manutenção de empregos. “Infelizmente estamos vivendo um quadro de paralisação de empresas, que estão dando férias coletivas, demitindo trabalhadores e na raiz disso estão os juros altos”, disse o presidente nacional da CUT em seu discurso no ato de Brasília.

Nenhuma empresa vai fazer investimento produtivo que gere emprego com esse patamar de juros- Sérgio Nobre

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Economia 

Ao dizer que não há razão para que a taxa básica de juros no Brasil permaneça nos atuais 13,75%, Sérgio Nobre se refere aos índices positivos que vêm sendo conquistados ao longo dos últimos meses. Campos Neto argumenta que é necessário manter os juros em patamar alto para conter a inflação.

No entanto, o presidente do BC, insiste em boicotar o atual governo, ignorando as sucessivas quedas nos índices inflacionários. O IPCA, que mede a inflação oficial, no mês de maio ficou em 0,23%, índice menor que os 0,61% de abril e que soma 3,94 % em 12 meses. É o menor em três anos.

Campos Neto Bolsonarista

Também em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo, CUT, centrais sindicais movimentos realizaram um protesto contra os juros altos. No ato, a vice-presidente da CUT, Juvândia Moreira, afirmou que Campos Neto está no BC a serviço do sistema financeiro.

“Campos Neto está a serviço dos banqueiros, do mercado financeiro, contra o povo brasileiro. Os juros altos do BC causam desemprego, retração da economia, impedem investimentos que geram emprego e transferem renda da população para os ricos, os investidores, especuladores - aqueles que investem em títulos da dívida pública, que ganham dinheiros com juros altos”, disse Juvandia.

O atual presidente do BC é apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro e, devido à sua conduta, de acordo com dirigentes sindicais, segue a política bolsonarista que penaliza os trabalhadores e que foi derrotada nas urnas em 2022.

O Banco Central tornou-se independente por conta de uma medida implementada em 2021, por Bolsonaro – medida que impede ao atual governo de interferir na política econômica conduzida pela instituição, e por consequência em sua direção.

Lula não pode tirar o Campos Neto. Eles [governo Bolsonaro] fizeram de um jeito para continuar fazendo as políticas dos banqueiros, mas o senado pode tirar já, por incompetência, porque esse cara está destruindo o Brasil”, explicou Juvandia Moreira.

Como sequência da Jornada de Lutas contra a Política Monetária do Banco Central, CUT, centrais e movimentos estarão nesta quarta-feira (21), no Congresso Nacional cobrando ações da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Juros Baixos.

Já na quinta-feira, terão audiência com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para cobrar a exoneração de Campos Neto.

Atos:

Em Brasília, o ato que começou às 8h30, contou com a participação de movimentos populares, além de sindicatos e confederações filiadas à CUT, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e a CUT Brasília.

Em São Paulo, sindicatos também reforçaram a manifestação, que teve início às 10h. Veja as imagens: