MENU

Sérgio Nobre: todos à rua dia 10 para acabar com essa história de anistia a golpista

Presidente da CUT diz que classe trabalhadora tem de participar do ato para exigir rapidez na punição dos golpistas, enterro do PL da anistia e defender direitos e democracia

Publicado: 26 Novembro, 2024 - 10h05 | Última modificação: 26 Novembro, 2024 - 10h28

Escrito por: Vanilda Oliveira

Adonis Guerra
notice

Esta história de anistia para golpistas tem que acabar, porque é uma afronta à democracia brasileira. Todos que tramaram o golpe contra o Estado brasileiro têm que ser punidos de forma exemplar. No dia 10 de dezembro, temos que falar isso nas ruas do país inteiro, para defender a nossa democracia, defender os direitos humanos, porque quando há golpe e uma ditadura a classe trabalhadora é sempre a que mais sofre e perde direitos.

A convocação é do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, para o ato nacional que será realizado em 10 de dezembro, nas capitais brasileiras, organizado pelos movimentos sindical e sociais, entidades do campo progressista. A repressão à base de autoritarismo, estado de exceção e tortura que se segue a um golpe de Estado extrapola todos os limites jurídicos e humanitários, violando os direitos humanos. E foi isso que o bolsonarismo, a extrema-direita planejou fazer com os brasileiros, chegando a dar uma amostra destrutiva, apesar de fracassada, no dia 8 de janeiro. Dez de dezembro é Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Sérgio Nobre destaca a gravidade dos crimes apontados, com riqueza de evidências e provas, no inquérito da Polícia Federal, que levou ao recente indiciamento de 37 pessoas, entre elas o ex-presidente inelegível, Jair Bolsonaro. Desse total, 25 golpistas são militares, dos quais seis generais, dois delegados da Polícia Federal e três ex-ministros de Bolsonaro.

Os indiciados, todos homens, se condenados podem pegar dezenas de anos de prisão.  Bolsonaro, seu ex-candidato a vice e ex-ministro, general Braga Netto, e outros integrantes do governo entre 2019 e 2022 foram indiciados por abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Além do golpe, planejaram também o assassinado do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Crimes gravíssimos.

Para que haja julgamento, condenação e prisão dos criminosos indiciados, a Procuradoria-Geral da República terá de avaliar o inquérito da Polícia Federal e decidir o destino da investigação, ou seja, se acusa formalmente os indiciados, apresentando e enviando a denúncia ao STF.

“Por isso, é muito importante a pressão popular, é imprescindível que a gente vá para as ruas participar do ato nacional no dia 10 de dezembro, para exigir que esse processo seja esclarecido de forma célere, sem atropelar o rito processual, isso a gente não quer, porque esse rito tem de ser respeitado, mas precisa haver celeridade porque é muito grave”, convoca Sérgio Nobre.

O presidente nacional da CUT acrescenta que “comprovadas as evidências já colocadas ao país e ao mundo pela investigação, inquérito e indiciamento, os indiciados têm que ser fortemente punidos”. Sérgio Nobre destaca também que as centrais sindicais emitiram nota oficial conjunta sobre a trama golpista. Leia aqui (Unidas pela democracia, CUT e centrais emitem nota sobre a trama golpista - CUT - Central Única dos Trabalhadores)

Leia mais sobre o que disse o presidente nacional da CUT disse a respeito do plano de golpe do bolsonarismo e o ato nacional em defesa da democracia e dos direitos humanos, que exigirá o arquivamento do PL da Anistia. E assista também à entrevista de Sérgio Nobre ao Seu Jornal, da Rede TVT, veiculada na noite desta segunda-feira (25) sobre o tema.

SÃO FATOS
Os fatos que a Polícia Federal levantou são muito graves e mostram que o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023 não foi uma arruaça, nem um bando de arruaceiros que foram para Brasília fazer depredação, narrativa que tentaram construir. Havia um plano de golpe por trás, havia militares por trás, gente graduada, inclusive com fortes indícios (mostrados pelo inquérito) da participação do ex-presidente da República, e tudo planejado dentro do Palácio do Planalto.

ASSASSINATOS
Essa trama golpista desvendada pela Polícia Federal previa, inclusive, os assassinatos do então recém-eleito presidente Lula, do seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes. O que chama atenção é que a gente viu golpes ocorrerem pelo mundo e ninguém vai convencer a gente de que assassinariam um presidente eleito, seu vice e deixariam a CUT, as centrais sindicais à solta fazer manifestação contra o golpe. Porque só o Alexandre de Moraes, qual é a possibilidade de outros ministros apoiarem o golpe? É claro que também viriam a ser vítimas desse processo, desse golpe. E nós [movimento sindical, classe trabalhadora] também, e principalmente.

É na democracia que os trabalhadores e trabalhadoras avançam em direito, somente na democracia
- Sérgio Nobre

TRABALHADOR, PRINCIPAL VÍTIMA
A história mostra que toda vez que tem um golpe de Estado, os primeiros a serem perseguidos, assassinados, exilados são as lideranças dos movimentos sindical e o social; é a classe trabalhadora. Portanto, nós temos todo o interesse do mundo em esclarecer esse processo. Temos muito claro que é na democracia que os trabalhadores e trabalhadoras avançam em direitos, e somente na democracia. Na ditatura é o contrário: perseguição, assassinatos, retirada de direitos, como vimos na Alemanha nazista, no fascismo na Itália, e aqui em 1964, na ditadura militar.

PRESSÃO POR PUNIÇÃO
Dia 10 dezembro, a gente irá para as ruas defender os direitos humanos, parte importante da nossa pauta na CUT em defesa da classe trabalhadora. Iremos para a rua exigir que esse processo envolvendo o plano de golpe seja esclarecido de forma célere, sem atropelar o rito processual, que tem de ser respeitado, mas precisa haver celeridade, porque são crimes muito graves. E comprovando as evidências colocadas, os envolvidos têm que ser fortemente punidos.

SEM ANISTIA. ARQUIVA PL
Vamos para as ruas no dia 10 para dizer que quem trama golpe de estado não pode ter perdão. Tem que ser punido. Essa história de anistia tem que acabar. Aquelas pessoas que participaram do 8 de janeiro de 2023 estavam lá em Brasília para acabar com a democracia no Brasil e implantar uma ditadura. Todos os envolvidos têm que ser exemplarmente punidos. Então nós vamos exigir que essa história de anistia (PL 2858/2022) seja arquivada no Congresso Nacional porque é uma afronta à democracia brasileira.

Está muito claro o que aconteceu, e foi grave. O Brasil esteve muito perto de um retrocesso [ditadura] como o que ocorreu em 1964
- Sérgio Nobre

GOLPISTA E INELEGÍVEL
O ex-presidente Jair Bolsonaro nunca escondeu que queria uma ditadura no Brasil, apesar de ter sido eleito pelo voto direto da população, ele jamais negou que queria governar sob ditadura e com plenos poderes, por isso, atacou todas as instituições. Bolsonaro atacou o movimento sindical, atacou o movimento social, atacou o Parlamento, o Supremo Tribunal Federal, fez reuniões com embaixadores dentro do Palácio do Planalto para dizer que o processo eleitoral brasileiro não era para valer, e tudo isso já era parte da armação do golpe. É só pegar as centenas de declarações que ele fez, juntamente com seus apoiadores, defendendo a ditadura. Os elementos estão todos colocados. Quem tramou o golpe é quem estava e está no entorno dele, pessoas, generais de alta confiança.

FOI POR POUCO
Está muito claro o que aconteceu, e foi grave. O Brasil esteve muito perto, mas muito perto mesmo de um retrocesso como o que ocorreu em 1964. É por isso que as instituições não podem vacilar, ninguém pode vacilar agora: os movimentos sindical e popular, todo mundo que tem apreço pela liberdade, todos nós que lutamos pela democracia. A punição desse pessoal tem que ser exemplar tem que ser muito dura e, repito, no dia 10 a manifestação tem que ser grande neste país. Não tenham dúvida, o 8 de janeiro era golpe de Estado, com enorme retrocesso para o país, para a classe trabalhadora e para o povo brasileiro, por isso, todo mundo tem motivo para ir ao ato no dia 10 de dezembro,

O TRABALHADOR NA MIRA
Após o golpe de 1964, na ditadura, uma das consequências para a classe trabalhadora foi a perda de direitos. A greve dos metalúrgicos de 1978 ocorreu, também, porque os militares escondiam os dados reais da inflação para que os trabalhadores não tivessem recomposição salarial. O país crescia, todo mundo sabia que o país estava crescendo no que era chamado de Milagre Econômico, mas o povo estava oprimido e passando fome. Quando essa manobra da ditadura foi descoberta, a classe trabalhadora entrou em cena, e isso foi fundamental para a recuperação da democracia no Brasil.

Uma vacina contra golpe é ter uma classe trabalhadora organizada, movimento sindical fortalecido
- Sérgio Nobre

SINDICATO, PILAR DA DEMOCRACIA
Ao final da ditadura, todo mundo foi anistiado, os que deram o golpe e atuaram nos porões da repressão não foram punidos. Agora, além de pressionar para que os criminosos sejam punidos de forma exemplar [para que não se repita], temos de fortalecer as instituições democráticas, entre elas o movimento sindical, um dos principais pilares da democracia. Uma vacina contra o golpe é ter uma classe trabalhadora organizada.

INSTITUIÇÕES FORTES
Temos de fortalecer todas as instituições democráticas. No Congresso Nacional, volta e meia, a gente perde um direito. Não é o Congresso que a gente quer, mas não tem democracia sem Parlamento. Precisamos defender os nossos parlamentares, precisamos defender o STF, que, aliás, tem sido muito corajoso na defesa da democracia, temos de ser solidários ao Alexandre de Moraes e a todos os ministros e ministras que têm sido firmes no combate ao fascismo, no combate ao golpe. É importante defender as instituições porque as pessoas que estão lá vão passar e quem vier tem que ter consciência da importância que essas instituições democráticas têm para o país. A democracia veio para ficar no Brasil e tem que ser defendida todo santo dia. É uma pauta fundamental do povo brasileiro, da classe trabalhadora, da CUT.