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‘Seria muito importante que o Nobel da Paz fosse outorgado a Lula’, diz Esquivel

Com sociólogo espanhol Ignacio Ramonet, ativista argentino que já ganhou Nobel da Paz visitou ex-presidente na prisão. Para Lula, revelações do Intercept são pouco difundidas

Publicado: 13 Setembro, 2019 - 09h30

Escrito por: Redação RBA

JOKA MADRUGA
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta quinta-feira (12), a visita do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, e do sociólogo espanhol Ignacio Ramonet. O argentino Pérez Esquivel chamou a atenção para o fato de que, dentro de aproximadamente um mês, vai ser designado o premiado com o Nobel em 2019. “Não sabemos o que pode ocorrer, mas seria muito importante que fosse outorgado a Lula. Seria o primeiro prêmio Nobel do Brasil”, disse.

Esquivel acrescentou que Lula está muito preocupado com a Amazônia “e a terrível situação de queimar a floresta, que é um dos grandes pulmões do mundo”. Ele também acrescentou ter grande expectativa sobre a manifestação do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas. “Vamos ver como se manifesta a ONU sobre esta grave situação de um inocente na prisão.”

Ainda não se sabe se o comitê irá proferir uma resolução sobre o ex-presidente na próxima reunião, em outubro. Se o caso Lula não for apreciado no mês que vem, provavelmente só entrará na pauta em 2020.

Segundo Ramonet, no encontro, os três conversaram sobre a política estadunidense relativa à América Latina. “Lula está plenamente consciente e com muita força, e também preocupado com a situação que vive o Brasil e a América Latina. Ele está fazendo, como sempre, análises muito brilhantes, tanto da situação interna do Brasil como da latino-americana em geral. Lembrou de que maneira, quando era presidente, sua preocupação era fazer do Brasil uma potência soberana, o que não se está fazendo neste momento.”

Eles conversaram sobre a situação jurídica que envolve Lula. “Lula pensa que da parte da Justiça brasileira, particularmente os juízes que o acusaram, não vão desistir na intenção de mantê-lo preso. Disse que é mais livre na prisão do que seus próprios juízes, que têm a consciência marcada por tê-lo condenado sendo inocente.” Porém, o sociólogo destacou que o ex-presidente “está otimista em relação à perspectiva jurídica no futuro próximo”.

Ele disse também que Lula enviou a mensagem pedindo que as pessoas que o apoiam – imprensa, cidadãos, professores e intelectuais – utilizem mais intensamente as revelações do The Intercept Brasil. “Elas são capitais. E ele pensa que isso não está sendo difundido o suficiente. Uma parte da grande imprensa brasileira está boicotando a difusão das informações, muito reveladoras da fraude e da manipulação jurídica que lhe foi imposta”, afirmou Ramonet.

“Ele acha também que é muito importante que a sociedade brasileira siga se mobilizando em torno de sua causa. Lula é prisioneiro político mais importante do mundo”, disse, repetindo as palavras do linguista norte-americano Noam Chomsky.

Ramonent contou que o encontro durou um hora e meia e que encontraram o petista “em plena forma física”.