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Servidores de SP mantêm greve contra PL que pretende privatizar a previdência

Em assembleia geral, categorias que estão em greve votaram pela paralisação dos serviços por tempo indeterminado até que os ataques do governo municipal contra os direitos dos servidores sejam cancelados

Publicado: 20 Março, 2018 - 17h08 | Última modificação: 20 Março, 2018 - 18h14

Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT

Roberto Parizotti
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Em um grande ato público que reuniu centenas de pessoas em frente à Câmara Municipal de São Paulo, na tarde desta terça-feira (20), os servidores públicos da cidade decidiram manter a paralisação que começou no Dia Internacional da Mulher (08). A partir de agora até que o projeto de lei 621/2016, conhecido como PL do Extermínio, que eleva a contribuição previdenciária de 11% a 14%, seja arquivado, os trabalhadores e as trabalhadoras municipais manterão apenas serviços essenciais, como os da área de vacinação.

Em mobilização histórica, debaixo de forte sol seguido por temporal com chuva de granizo,  servidores de todas as categorias deflagravam greve por tempo indeterminado em defesa do direito de se aposentar, enquanto dentro da Câmara, vereadores e vereadoras, trancados em gabinetes, decidiam os rumos da proposta do prefeito João Doria (PSDB) que afeta mais de 130 mil  trabalhadores e trabalhadoras da rede pública.

 “Os vereadores estão fazendo manobras para acelerar o processo de votação já que Doria pretende se desligar da administração no dia 6 de abril para concorrer ao governo do Estado”, denunciou o Secretário de Mobilização da CUT São Paulo, João Batista Gomes.

Ele explicou que, para ser votado em plenário, o PL precisa passar por três comissões. Já passou e foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na última quarta-feira (14), dia em que a polícia foi para cima dos trabalhadores e trabalhadoras.

Agora, alertou o dirigente, querem juntar as outras duas comissões [Administração Pública e Finanças] para em seguida encaminhar ao plenário.

“Eles já convocaram 14 sessões extraordinárias para hoje e uma para acontecer à meia noite e cinco de amanhã (21). Estamos aqui para ficar de olho e chamamos todos trabalhadores municipais a vir para cá, faça chuva ou sol. Vamos tentar de todas as formas impedir essa votação”, disse João Batista.

Para Sérgio Antiqueira, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de São Paulo (SINDSEP-SP), esse PL é criminoso porque retira dinheiro da mesa de mais de 200 mil famílias.

“Estamos falando de praticamente um milhão de pessoas da cidade de São Paulo que serão afetadas porque o prefeito quer retirar a responsabilidade patronal pela contribuição previdenciária e ainda entregar o dinheiro dos servidores aos bancos”, denunciou o dirigente.

Antiqueira reforçou que o tucano é um prefeito sem legitimidade para aprovar qualquer projeto.

“Ele não tem interesse pela cidade de São Paulo e já demonstrou isso na quantidade de viagens que fez ano passado. Ele quer sair agora com esse projeto aprovado para dizer que é o candidato dos bancos, do mercado financeiro e da imprensa comercial que defende as reformas do governo federal. Mas o que ele quer dizer, na verdade é o seguinte: me apoiem que eu sou capacitado para ser o futuro presidente da República e fazer o que o Temer não fez”.

A assistente social Adriana Nogueira Sakamoto, servidora do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da região do Butantã, compareceu a todos os protestos convocados, incluindo o que feriu vários servidores municipais, na semana passada. “Quando fomos atacadas [pela GCM] foi horrível porque a manifestação estava sendo pacífica e a única arma que tínhamos era nossa voz”.

Para ela, a tentativa de retirar direitos na calada da noite é uma forma de desmobilizar o serviço público. “Por isso estamos na porta do CRAS orientando a população, desde o início da greve, para explicar o que está acontecendo. Só quem não entendeu ainda são os servidores que agora estão sentados em seus gabinetes”, contou.

A trabalhadora enfatizou, ainda, que os atos são para defender o direito à aposentadoria e a uma previdência justa. Ela manda um recado para quem acha que a força do servidor público não é suficiente.

“Ainda tem gente que acha que se manifestar pelos direitos é desnecessário. Mas não é! Todos que estamos aqui lutamos por nossos empregos. Estamos pagando por essa aposentadoria que um dia queremos receber e esse prefeito que, do nada, vem destruir as políticas públicas não investe [em saúde, em assistência social e educação] está tirando tudo o que nós conquistamos com muita luta”.