Servidores municipais de SP protestam por reposição salarial e revogação do confisco
Trabalhadores amargam reajuste de 0,01% e cobram reposição de perdas salariais. Aposentados também sofrem com perdas e muitos relatam dificuldades como não ter o que comer por causa dos baixos salários
Publicado: 07 Abril, 2022 - 10h21 | Última modificação: 07 Abril, 2022 - 10h29
Escrito por: Sindsep | Editado por: André Accarini
Mais de três mil servidores públicos municipais de São Paulo, da ativa e aposentados, ocuparam o Viaduto do Chá, em frente à Prefeitura, na tarde desta quarta-feira (6), para exigir do prefeito Ricardo Nunes a reposição salarial de 46% e a o fim do confisco salarial de 14% nos rendimentos dos aposentados.
A manifestação, convocada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo (Sindsep) e pelo Fórum de Entidades representativas dos trabalhadores, foi o segundo ato da campanha salarial unificada 2022, Há anos, os servidores amargam reajustes de 0,01%. Muitos dos trabalhadores, no ato, deixaram claro que a situação econômica é tão grave que chega a faltar comida no prato, caso de muitos aposentados.
A servidora aposentada do Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, mais conhecido como Hospital Pirituba, Evandis, para dar seu recado ao prefeito, deixou sua casa em Santana de Parnaíba. Ela pegou trem, ônibus e metrô para estar nesta tarde em frente à Prefeitura e dizer que é sozinha. E que quando abriu seu holerite esse mês passou mal ao ver o desconto de 1/3 em seu salário. Disse ainda que o susto maior virá no próximo mês.
“Eu trabalhei por 30 anos na Prefeitura. No hospital de Pirituba foram 18 anos. Nunca tive uma advertência, uma falta e trabalhava 12 horas. Natal e fim de ano, enquanto o senhor viajava, a gente estava lá trabalhando [...] Se depender de mim vou fazer boca de urna vou fazer o diabo mas o senhor não vai mais ganhar. Não é justo isso. A gente trabalhou...trabalhou e vem agora com 14%” declarou Evandis.
Mobilização
Sergio Antiqueira, presidente do Sindsep, destacou a construção da unidade entre as entidades sindicais, que vem sendo construída desde 2018 e que possibilitou que muitos ataques contra o funcionalismo fossem barrados, mesmo que outros tenham sido aprovados outros, como o ataque aos aposentados.
“Estamos aqui unindo forças para garantir aquilo que é de direito, que é reajuste. Nós estamos no pior momento da inflação de todos os tempos e justo agora os aposentados estão sentindo no bolso, pois bateram a carteira de vocês, isso é roubo, é crime, tirou comida do prato. Tirou remédio. Criminosos!”, declarou Sérgio em relação a retirada de direitos que Ricardo Nunes está promovendo com o Sampaprev 2.
Servidores presentes na atividade também aproveitaram suas falas para denunciar para a população, os ataques que o governo vem promovendo nos serviços públicos. Como a superlotação das salas de aulas, falta de professores pela não realização de concurso público. Salas de aulas com 35 alunos, sendo que muitas com dois, três alunos com deficiência e sem nenhum estagiário para poder ajudar no auxílio destes.
Durante o ato uma comissão composta por representantes das entidades foi ao gabinete para uma reunião marcada pela própria prefeitura, que não aconteceu. Foram mais de duas horas à espera do secretário de Gestão, Fabrício Cobra. Por este motivo, a manifestação terminou sem uma resposta da prefeitura. O encaminhamento para a mobilização e uma nova data de protestos serão definidos pelo Fórum de Entidades nesta quinta-feira (7).
“Nós somos capazes de aumentar o número de pessoas na rua. Vamos voltar para o local de trabalho e trazer mais gente para a luta. Se estamos com o salário congelado, não conseguimos colocar alimento na mesa, precisamos transformar em indignação, em luta [...] Temos que colocar nosso bloco na rua e construir uma greve caso necessário. Vamos encerrar o ato aqui sabendo que tem gente lá em cima que não liga para servidor”, afirmou o vice-presidente do Sindsep, João Gabriel Buonavita.