Servidores denunciam: governo quer comprar votos para aprovar PEC 32
Servidores repudiaram a tentativa do governo de comprar votos para aprovar a reforma Administrativa
Publicado: 21 Outubro, 2021 - 10h06 | Última modificação: 21 Outubro, 2021 - 12h41
Escrito por: CUT-RS com Sintrajufe-RS
Os arredores do Anexo 2 da Câmara dos Deputados, em Brasília, foram palco, na tarde desta quarta-feira (20), de mais uma forte e contundente manifestação contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da chamada reforma Administrativa, que ameaça o serviço púbico gratuito e os dideitos dos servidores.
“Notas” de 200 laranjitos com imagens em referência a Jair Bolsonaro (ex-PSL), ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) foram utilizadas em uma ação de denúncia, realizada por servidores públicos municipais, estaduais e federais de diversos estados.
Eles repudiaram a tentativa do governo de comprar votos para aprovar a reforma Administrativa. R$ 20 milhões em emendas seria o valor prometido a cada deputado que votar a favor da proposta, que acaba com os serviços públicos no Brasil.
A Frente dos Servidores Públicos (FSP-RS), integrada pela CUT-RS, estava presente, através de representantes de várias entidades, como do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Sintrajufe-RS). Após uma caminhada, o protesto se concentrou junto ao Anexo 2 da Câmara. Em meio a falas de dirigentes sindicais e parlamentares, uma encenação foi realizada: munido de “notas” que simulavam cédulas, um boneco que representava Guedes, oferecia dinheiro a atores que se passavam por deputados.
Além disso, foi feita uma “chuva de dinheiro”, com as "notas", que somavam fictícios R$ 20 milhões, voando ao vento forte que soprava na Capital. No verso da “cédula” tinha um aviso: “Atenção, esta cédula só serve para comprar votos de maus deputados na PEC 32, da reforma administrativa”.
Durante o ato, as centenas de manifestantes, representantes de sindicatos das três esferas de servidores de todo o país, entoaram cânticos, denunciando a reforma e exigindo a sua derrubada na íntegra. “Não tem emenda, não tem arrego, se votar na PEC acabou o seu sossego”, cantaram.
Também entoaram a palavra de ordem que tem marcado os protestos contra a proposta. “Quem votar, não volta”, gritaram em uníssono, advertindo os deputados de que quem votar contra os serviços públicos não retornará à Câmara após as eleições do ano que vem.
R$ 20 milhões em emendas parlamentares
Desde o início deste mês, o Sintrajufe-RS vem denunciando que o governo está oferecendo R$ 20 milhões em emendas do relator para cada parlamentar que votar a favor da PEC 32, gerando um custo de mais de R$ 6 bilhões aos cofres públicos para aprovar a destruição dos serviços públicos – justamente sob o pretexto de “corte de gastos”.
Com dificuldades para obter os votos de que necessitam, Bolsonaro, Guedes e Lira apelam para todos os recursos – seus e da população brasileira.
Por outro lado, a mobilização dos servidores nos estados e em Brasília vem impedindo a votação, apesar da tentativa de compra de votos.
Em protestos nas ruas, campanhas de mídia e em ações nas redes sociais, as centrais e os sindicatos vêm lembrando aos parlamentares que o povo não quer e não irá aceitar a destruição dos serviços públicos. É justamente essa mobilização um dos principais fatores que tem causado dificuldades ao governo. Essa mobilização, assim, precisa continuar até que a PEC 32 esteja enterrada.
Para o diretor da CUT-RS e do Sintrajufe-RS Marcelo Carlini, que está em Brasília e participou das atividades desta quarta, “é certo que nossa mobilização está crescendo. A pressão sobre os parlamentares, a crise do governo na ameaça de desembarque de parte da equipe econômica, a crise social, e a indignação da população com Bolsonaro é o que impede que Lira reúna os 308 votos necessários".
"Contudo, os episódios desta terça e quarta (teto de gastos e Auxílio Brasil) mostraram quem manda: é a banca financeira, que é a verdadeira fiadora do governo, são os mesmos que querem aprovar a PEC. Portanto, nada está resolvido, a pressão para derrotar a PEC deve seguir. Se o governo não se preocupa com milhões de brasileiros jogados à fome, por que desistiria de liquidar os serviços públicos? Segue a luta contra a PEC e pelo fim deste governo, não dá para esperar 2022”, frisou Carlini.
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Se você não enviou, envie. Se já fez, envie novamente. A luta contra a PEC 32 precisa ser intensificada, pois a proposta pode ser votada no plenário da Câmara em outubro. Para aprovação, o governo precisa de 308 votos (três quintos) e vai fazer de tudo para conseguir.
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