Escrito por: Redação CUT

Servidores estaduais rejeitam proposta do governo e greve continua no Paraná

Proposta do governo representa apenas 0,25% de data-base

APP Sindicato

Os servidores públicos do estado do Paraná, em greve desde o dia 25 de junho e após intensas manifestações que levaram milhares de trabalhadores às ruas de Curitiba durante esta semana, receberam com indignação a proposta apresentada pelo governador Ratinho Júnior (PSD) nesta quarta-feira, em resposta às reivindicações da categoria.

Os servidores lutam por reajuste de 4,94% como reposição de perdas salariais que se estendem desde 2015 e contratação dos aprovados em concursos.

Ao contrário da informação apresentada pelo governador Ratinho Junior à imprensa, nesta quarta-feira (3), a proposta de reposição salarial para o funcionalismo público representa apenas 0,25% de data-base, bem distante dos 5,09% anunciados. A diferença é explicada por uma manobra do governo.

A data-base dos servidores vence anualmente no dia 1º de maio e a revisão dos salários tem como base a inflação, que nos últimos 12 meses foi de 4,94%. Já a proposta propagada pelo governo é pagar 0,5% só a partir de outubro, sem retroativo. Com esse atraso, de acordo com o Fórum das Entidades Sindicais (FES), na prática, a reposição equivale a 0,25%. O cálculo considera o período integral da data-base, de maio 2019 a abril de 2020.

“Isso é inaceitável. Com esse índice, uma funcionária de escola não compra nem metade de um pacote de arroz, não paga um quilo de tomate. Mais uma vez o governador desrespeita os trabalhadores”, disse o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão.

As lideranças sindicais destacam ainda que o índice restante da proposta anunciada, a ser dividido entre 2021 e 2022, não está garantido. O parcelamento foi condicionado ao crescimento mínimo de 6,5% e 7%, respectivamente, da arrecadação de impostos.

“A data-base é anual, para recompor as perdas da inflação. Esse é um direito de todos os trabalhadores. O que o governo divulgou hoje para a imprensa não é uma proposta, é a retirada de direitos. A greve continua”, disse a integrante da coordenação do Fórum das Entidades Sindicais (FES), Marlei Fernandes.

De acordo com o comando da mobilização, a greve continua. O movimento quer uma proposta que contemple pelo menos a inflação dos últimos 12 meses e a negociação dos atrasados. Os salários do funcionalismo estão congelados desde 2016. A defasagem acumulada passa de 17%.

Segundo estudos orçamentários do FES, a reivindicação pode ser atendida e não oferece riscos às contas públicas. Com base em dados da Secretaria da Fazenda, a despesa com pessoal é a menor dos últimos 10 anos. Em março, a imprensa oficial divulgou que o Paraná lidera o ranking nacional de saúde financeira.

A greve teve teve início no último dia 25 e a postura do governador, considerada autoritária, tem ampliado a cada dia a adesão ao movimento.

Em Curitiba, os servidores seguem acampados em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo. Os trabalhadores continuam cobrando uma reunião com Ratinho Junior.

 

Com informações de APP Sindicato