Escrito por: Cida de Oliveira, da RBA
Com salários congelados há quatro anos, conjunto do funcionalismo reivindica recomposição salarial de 19,99%. Com medo da greve, Bolsonaro já fala em reajuste, mas de 5%
Servidores federais dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário fizeram hoje (30) em Brasília o segundo dia de ato unificado pela recomposição salarial. O conjunto de categorias reivindica a recomposição salarial de 19,99%, referente às perdas inflacionárias desde 2018, quando tiveram seus vencimentos corrigidos pela última vez. A mobilização, que é considerada a maior do funcionalismo neste ano, pode levar à greve geral caso o governo de Jair Bolsonaro não atenda à reivindicação.
Os servidores caminharam pela Esplanada dos Ministérios, passando pelo Ministério da Saúde e Previdência, onde prestaram solidariedade aos colegas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que já estão em greve em vários estados. De de lá, seguiram para a sede do Ministério da Economia, onde cobraram o ministro Paulo Guedes para a abertura de uma mesa de negociação.
Diante da mobilização crescente do funcionalismo público, setores do governo estudam conceder reajuste de 5% para todos os servidores do Executivo federal, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. A correção viria a partir de julho, o que, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, não há chance de ser aceito pela categoria. Ao jornal, o dirigente disse que um reajuste linear de 5% não atende às demandas dos servidores federais. “Acho que se trata de mais uma cortina de fumaça.”
À RBA, Thiago Duarte, coordenador de formação da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), disse que a cada 100 servidores, apenas três recebem salários maiores que R$ 30 mil. “São os juízes, procuradores, ministros. Porém, no todo do funcionalismo, incluindo o estadual e municipal, que soma 11 milhões de trabalhadores, a média salarial é de R$ 2,7 mil, segundo pesquisas do Dieese. Na iniciativa privada há data base para correção salarial. No serviço público não.”
Conforme lembrou o dirigente, que é servidor da Justiça do Trabalho, o congelamento do salário dos trabalhadores da esfera federal, que afeta toda a categoria diante da alta dos preços de combustíveis e de alimentos, vem acompanhado do desmonte do serviço público, que afeta o atendimento à população. “A Emenda 95, do teto de gastos que reivindicamos a revogação, cortou serviços e dificultou o acesso a outros, como a saúde e mesmo à Justiça”, disse.
Em reunião na última semana, representantes do governo prometeram uma resposta às categorias até o dia 1º de abril. Mesmo assim, os servidores prometem intensificar a pressão e manter a vigília até que a reivindicação seja atendida. No caso, os 19,99% de reposição já.