Símbolo de resistência dos petroleiros, Torre Pitomba é reaberta na Bahia
Edifício "Torre Pituba", em Salvador, estava fechado há quatro anos e foi reaberto nesta segunda-feira (3). Petroleiros e petroleiras começam retornar para "casa"
Publicado: 04 Julho, 2023 - 11h21 | Última modificação: 04 Julho, 2023 - 11h28
Escrito por: Redação CUT
O Edifício Torre Pitomba localizado em Salvador na Bahia, sede da Petrobras no estado, foi reaberto nesta segunda-feira (3), após quatro anos fechado. O prédio mais do que um espaço físico foi símbolo da resistência dos petroleiros baianos contra o fechamento da estatal. A reabertura foi festejada pela categoria.
Durante o processo de fechamento do local, os petroleiros fizeram diversos alertas sobre como a retirada da sede da Petrobras iria impactar negativamente no comércio da região. O Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), em 2019, estimou que a decisão da petrolífera de sair da Bahia afetaria diretamente 1,5 mil servidores que seriam transferidos para outras cidades e 2,5 mil terceirizados, que perderiam seus empregos.
A participação do Sindipetro-BA na luta pela reabertura do equipamento foi incessante desde o seu fechamento. A retomada das atividades é, portanto, uma conquista também da entidade que representa cada petroleiro, que lutou pela reabertura do imóvel.
Na época do anúncio do fechamento, o diretor do Sindipetro, Radiovaldo Costa, afirmou que a Unidade de Operação da BA é um negócio de 3,5 bilhões de reais por ano, gerando 7 mil empregos diretos e indiretos (trabalhadores terceirizados e próprios). Segundo ele, os trabalhadores próprios da Petrobrás injetam, por mês, na economia da Bahia, cerca de 80 milhões de reais, através de seus salários, mas essa receita também não seria mais gerada para a Bahia.
Reabertura com festa
Por esses motivos a decisão do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates em manter a operação na Bahia e reabrir o edifício-sede foi comemorada pelos petroleiros.
Ao som da canção “Casa” de Lulu Santos, petroleiras e petroleiros baianos foram recepcionados na sede. Alegria e alívio foram os sentimentos que resumiram a cerimônia de boas-vindas.
Elizabete Sacramento, Diretora do Sindipetro-Ba, aproveitou a oportunidade para convidar os presentes para a reflexão: “Nós precisamos entender que temos força e a categoria petroleira é responsável pelos avanços que estamos vivenciando no processo de reconstrução desse país”, pontuou. Bete também elogiou a presença dos aposentados e pensionistas que compareceram ao ato e cobrou da Petrobras resolutividade nos equacionamentos e nas questões da AMS. “Os aposentados são os responsáveis pela força que a Petrobras alcançou ao longo da sua história e eles merecem todos os nossos cumprimentos e respeito”, exigiu a sindicalista.
A Engenheira de Processamento, Maria Auxiliadora, opinou sobre a política que a estatal praticou nos últimos anos e denunciou: “hoje em dia o que a gente vê na movimentação da Petrobras é uma regionalização da empresa, concentrando suas atividades no sul e sudeste e isso não é justo, pois a Petrobras é uma empresa do Brasil”. A Petrobras não pode esquecer das pessoas e manter a sua prioridade nos acionistas.” criticou a engenheira.
Além das críticas teve também quem estivesse mais feliz do que no seu primeiro dia de trabalho, como foi o caso da Administradora, Ana Paula De Oliveira Castro da Costa Lima: “Hoje é pra mim o dia mais importante. Eu considero que, supera o dia da minha posse, pois aqui é uma conquista coletiva, é o resgate do que nos foi roubado no passado”, exclamou.
Alexandre Gomes, oriundo da Refinaria Landulpho Alves, vendida no governo de Jair Bolsonaro (PL), festejava com outros colegas o dia de hoje. Os três, engenheiros, vão trabalhar no Torre Pituba a partir de agora. “É um sentimento de muita alegria porque a Bahia é o berço da indústria do petróleo no Brasil”, ressaltou Gomes, completando que para ele “este é o primeiro passo para a retomada das atividades da Petrobrás no estado”.
“O Edifício Torre Pituba estava fechado para os trabalhadores da empresa, mas a manutenção do equipamento estava sendo mantida e o custo beirava os 900 mil reais por mês e além disso ainda tínhamos que pagar o aluguel do Coworking para abrigar os trabalhadores, me respondam qual é a lógica disso?”, questionou Clarice Coppetti diretora de assuntos corporativos da Petrobras.
Deyvid Bacelar, Coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), esteve na celebração e mencionou que “as ações políticas de Lula e da nova gestão da Petrobrás derivaram na reabertura da Torre Pituba e isso mostra a força da categoria petroleira e a resistência frente ao desmonte que o inelegível (referindo-se ao ex-presidente Bolsonaro) criou, quando esteve sob o comando da nação e expulsou baianas e baianos do seu lugar de trabalho. Mas hoje estamos aqui para comemorar e seguir na busca da ampliação dos nossos direitos”, disse.
Jean Paul Prates, disse sentir-se orgulhoso de poder devolver o espaço de trabalho dos trabalhadores baianos. “Queremos construir o futuro da Petrobras com tecnologia, por isso nosso desejo é de construir sedes, como essa, para que as pessoas mesmo com opção de teletrabalho desejem trabalhar nelas, pois elas oferecem modernidade, segurança, conforto e, ainda desperta a lembrança de que cada detalhe representa a conquista dos trabalhadores”.
O presidente da Petrobras finalizou o ato prometendo ampliar o número de trabalhadores na sede e realocar outros servidores que estão em situação de bate-volta, devido às privatizações no estado.
“Vamos colocar agora 450 trabalhadores de volta pra casa, com a reabertura. Há muito o que trabalhar ainda e vamos lutar pela recuperação disso. A Petrobrás está pronta para o futuro e nós vamos trazer ainda mais gente para encher esse prédio aqui”, conclui Jean Paul.
O edifício Torre Pituba tem 22 andares, conta com 224 estações de trabalho por andar, mais de 2.600 vagas de estacionamento e pode abrigar quase cinco mil postos de trabalho. Com a reabertura, espera-se que a empresa possa oferecer novas oportunidades de trabalho e contribua para o crescimento da região.
Fonte: Sindipetro Bahia