Escrito por: Rosely Rocha
Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer) protesta contra a redução de 5% da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e as mais de 100 demissões ocorridas nos últimos 60 dias
O Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (Sindfer) recebeu o apoio de diversas entidades sindicais, entre elas a CUT, contra a decisão da empresa Vale de reduzir em até 5% a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2022 que os trabalhadores têm direito a receber em 2023; além das mais de 100 demissões na Base do Complexo de Tubarão (Espírito Santo), nos últimos 60 dias.
Em diversas cartas as entidades se solidarizam com os trabalhadores da Vale e pedem que a empresa reabra as negociações e readmitam os demitidos. A solicitação foi enviada também pela CNQ/CUT Confederação Nacional do Ramo Químico; Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários da CUT/CNTT/CUT; Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT); a Industriall Global Union – Sindicato Global dos setores metalúrgicos, químicos, têxteis e setor mineral (sessão América Latina e Caribe); United Steelworkers nas localidades de Vale na América do Norte; e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística – CNTTL.
Lucro histórico
A Vale registrou de janeiro a setembro de 2021, um lucro de quase R$ 100 bilhões e distribuiu aos seus acionistas R$ 73 bilhões, mas dificulta as negociações com os trabalhadores propondo reduções em seus ganhos. Confira aqui no boletim do Sindfer.
Na assembleia realizada em dezembro do ano passado, os trabalhadores não concordaram com o conteúdo da proposta da empresa.A Vale então, enviou e um email ao Sindfer perguntando quais os pontos não admitidos. O sindicato explicou que a proposta de punir com redução de 5% do PLR os trabalhadores que sofrerem algum tipo de sanção administrativa ao longo do ano poderia acarretar em perseguições e até mesmo em pressão para que os supervisores aplicassem as punições, para que a Vale “economizasse” o valor a ser pago.
Depois disso, a empresa firmou uma carta compromisso com o Sindfer informando que o sindicato teria acesso para saber se haveria banalização das suspensões. No entanto, a Vale ,unilateralmente, dizendo que como não foi aprovada a sua proposta inicial na assembleia de dezembro, ela manteve o corte do PLR.
Para o presidente do Sindfer, Wagner Xavier, a proposta da Vale desvirtua o modelo de PLR majoritariamente aprovado e seria uma espécie de piloto para seu desmonte completo.
“Isto desvirtua o modelo de PLR majoritariamente aprovado, e seria uma espécie de piloto para seu desmonte completo, visando atingir o que a Vale tanto almeja que é pagar a média do mercado, assim como tempo praticado nos acordos coletivos”, alerta Xavier.
Segundo o dirigente, no Acordo Coletivo de Trabalho, assinado em novembro de 2021, a Vale justificou que o reajuste abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) integral do período era necessário para viabilizar a sustentabilidade das plantas da Vale em todo o país, evitando demissões, mas isto não vem ocorrendo. Somente na base do Sindifer-ES-MG mais de 100 trabalhadores já foram demitidos e houve outras centenas de demissões em outras bases ao longo do país, de acordo com o sindicato .
No Complexo de Tubarão são 5.500 trabalhadores da Vale e mais de 10 mil terceirizados. Outros 2.500 trabalham ao longo da estrada de ferro Vitória-Minas.
Confira o vídeo do presidente do Sindfer em que ele explica o andamento das negociações.
*Com informações do Sindfer