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Sindicalismo quer construir rede nacional de rádio e TV

Essa é uma das metas anunciadas no 9º Encontro Nacional de Comunicação da CUT. Proposta é incluir toda a esquerda no projeto

Publicado: 29 Junho, 2016 - 12h12 | Última modificação: 29 Junho, 2016 - 12h20

Escrito por: Isaías Dalle

Fotos de Roberto Parizotti
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Mesa de abertura oficial do Encontro

Em primeiro lugar, é preciso fazer a rede CUT funcionar plenamente. “Isso será um grande passo para a esquerda brasileira”, sentenciou Roni Barbosa, secretário nacional de Comunicação da Central. O passo seguinte, que pode ser dado simultaneamente, é criar uma cadeia nacional de comunicação. “Precisamos ter rádio e televisão. Uma programação diária, de duas horas, a começar pelo rádio, que é mais barato, e partir também para o desafio da televisão”, completou o secretário, na abertura oficial do 9º ENACOM (Encontro Nacional de Comunicação da CUT), na noite de terça-feira.

Segundo Roni, iniciativas concretas nessa direção estão sendo tomadas, em conjunto com outros atores sociais. A proposta é ser um projeto para toda a esquerda, incluindo movimentos não ligados organicamente a partidos ou centrais.

“Não fizemos isso em 13 anos de governo. Mas vamos fazer agora. Mesmo com tudo que eles (a direita) têm, nós temos condições de ir pra cima deles”, afirmou Roni.

Plateia na abertura do ENACOM, em São PauloPlateia na abertura do ENACOM, em São PauloUm dos elementos necessários para atingir esse objetivo foi apresentado pelo depoimento de Vera Paoloni, secretária de Comunicação da CUT-Pará. Ela contou que despertou para o tema comunicação depois de ter participado de um dos cursos de Formação em Comunicação promovidos pela Central. “Foi um aprendizado de solidariedade, acima de tudo. É aprender a derrubar as ’caixinhas’. O maior mérito do curso foi nos ensinar a derrubá-las”, disse Vera. Outro ingrediente necessário para a tarefa, segundo Vera, ela está experimentando ao produzir comunicação em conjunto com a Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo: “Paciência. Paciência para administrar egos e tantas verdades cristalizadas”.

Admirson Medeiros, o Greg, secretário-adjunto de Comunicação, defendeu a necessidade de criar uma rede própria de hospedagem para conteúdo progressista em formato digital. Trabalhador do setor de tecnologia da informação, Greg lembrou que nada substitui o contato direto com a base. “Nosso desafio também é tirar o dirigente da tela do smartphone e fazê-lo dialogar diretamente com os trabalhadores e trabalhadoras”.

Rosane Bertotti, secretária de Formação e ex-secretária de Comunicação, por dois mandatos, destacou que a construção de uma rede de informação contra-hegemônica segue a mesma trilha da construção, por exemplo, de uma central como a CUT. “Quando a gente olha para nossa história, vemos muitas vitórias e lacunas. Porque nossa luta no mundo do trabalho é feita de sonhos e realizações. E nesse período que vivemos, nunca a comunicação foi tão demandada”.

Ela destacou a luta pela manutenção da estrutura, ainda incipiente, de um sistema público de comunicação. “O Temer quer acabar com a EBC. E nós precisamos resistir”, comentou. Rosane alertou que há um novo edital para eleição do conselho da empresa. “Temos de nos apropriar dessa luta para garantir a presença da classe trabalhadora na EBC”.

Para o secretário nacional de Administração e Finanças, Quintino Severo, o golpe em curso no Brasil é voltado para tirar direitos, atacar os mais necessitados e está fincado em preconceitos de todo o tipo. Portanto, na opinião dele, o envolvimento das categorias representadas pela CUT é essencial. “Esse é um grande desafio. Precisamos mostrar que o projeto do governo golpista é fazer o Brasil retroceder à Idade Média”. Daí, concluiu, a importância da comunicação.

“Temos de agir solidariamente, ou o golpe vai nos roubar inclusive nossas almas”, concluiu Vera Paoloni. E, finalmente: “Fora Temer”.