Escrito por: Érica Aragão
Dirigentes sindicais da CUT, Força Sindical e UGT relataram experiências japonesas implantadas no Brasil e contribuíram com a atualização do programa de formação japonês
Para trocar experiências sobre o mundo do trabalho e atualizar o programa de formação da Fundação Internacional Laboral (JILAF), ligada a principal central sindical do Japão, a Rengo, sindicalistas brasileiros, da CUT, Força Sindical e UGT se reuniram em São Paulo, nesta quinta-feira (6).
O encontro acontece pela primeira vez no Brasil e reúne os ex-participantes do Programa Convite, um intercâmbio anual no Japão com dirigentes sindicais da América Latina, Ásia, Pacífico e Oriente Médio para conhecer as relações de trabalho de uma das principais economias mundiais.
Segundo o secretário de Relações Internacional da CUT, Antonio Lisboa, o encontro no Brasil tem como objetivo atualizar o programa de formação da Jilaf, além de avaliar o intercâmbio, de conhecer ações brasileiras baseadas no aprendizado do Programa Convite sobre as relações de trabalho no Japão e a partir das experiências relatadas à entidade.
“Esta troca é muito importante, não só para os trabalhadores brasileiros. Além de trocar experiências e suas vivências na luta da classe trabalhadora, avaliamos o que é positivo no Japão e o que podemos aplicar por aqui. E a mesma do lado japonês. Eles valorizam as experiências de outros países e analisam o que dá para aplicar no Japão do ponto de vista cultural e laboral”, afirmou Lisboa.
O vice-presidente da CUT São Paulo e dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Claudio Marcolino, que participou do intercâmbio nos anos anteriores, contou que trouxe para o Brasil uma experiência aprendida no intercâmbio.
“No Japão há um limite para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para os altos executivos de bancos de investimentos. Eles não podem receber mais de 10 salários de diferença em relação ao benefício pago aos trabalhadores de base. E conseguimos trazer isso para o Brasil”, afirmou.
Durante o encontro, outras experiências japonesas foram relatadas e os sindicalistas brasileiros também puderam conhecer as ações que não podem deixar acontecer no Brasil, como a organização japonesa de sindicatos por empresa, que segundo Lisboa, dificulta a organização e enfraquece a luta da classe trabalhadora.
Os trabalhadores e as trabalhadoras também falaram sobre a importância de renovar o intercâmbio para o fortalecimento do movimento sindical no mundo.
A presidenta da Jilaf, Hiroyuki Nagumo, disse que ter vindo ao Brasil ouvir os ex-alunos só confirmou a convicção dela de que este programa é muito importante para o desenvolvimento do sindicalismo brasileiro.
"Os participantes explicaram a situação bastante complicada que está a situação do mercado laboral brasileiro e diante das discussões feitas sobre as dificuldades que os trabalhadores e as trabalhadoras passam eu percebi e reforcei a minha convicção de que esse programa é importante para o desenvolvimento do sindicalismo no Brasil", afirmou.
Também participaram do encontro a Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro, o Secretário-Adjunto de Relações Internacionais, Quintino Severo e o deputado Federal do PT-PE e ex-presidente da CUT-PE, Carlos Veras, que além de relatar sua experiência no intercâmbio também fez uma análise de conjuntura da política brasileira.
Visita à CUT
No dia anterior ao encontro, na quarta-feira (05), a presidente da Jilaf, Hiroyuki Nagumo, e o diretor do Programa de Intercâmbio da Jilaf, Naohiro Tsuji, estiveram na CUT para organizar a reunião desta quinta.
Carmen Foro e Lisboa receberam os sindicalistas japoneses na sede da entidade em São Paulo.
Programa Convite
O intercâmbio acontece há 30 anos e é promovido pela Jilaf. Mais de duas mil lideranças sindicais do planeta e 123 do Brasil, ligadas à CUT, Força Sindical e UGT já participaram do Programa Convite, no qual dirigentes vão para o Japão conhecer as experiências dos sindicalistas japoneses.
Além do apoio da principal central sindical do Japão, o Programa Convite também recebe uma cooperação do Ministério do Trabalho Japonês. Durante o encontro, os japoneses pediram a ampliação da participação de mulheres e jovens nos próximos intercâmbios.