Escrito por: Redação CUT
A ideia do Ministério é montar um grupo de mulheres sindicalistas para relatarem experiências e debater com empregadores como se colocar na prática a igualdade salarial entre homens e mulheres
Como colocar em prática a lei da igualdade salarial sancionada em 3 de julho, pelo presidente Lula (PT) foi o tom da conversa entre sindicalistas mulheres e a Secretária Executiva do Ministério das Mulheres (MM), Maria Helena Guarezi e Rosane Silva, Secretária de Autonomia Econômica para as Mulheres do MM, durante encontro realizado nesta segunda-feira (17), em Brasília.
Uma das ideias debatidas é criar um grupo de mulheres que relatem experiências próprias e de seus sindicatos, que possam ser colocadas em prática no Brasil para que a igualdade salarial seja de fato implementada no país.
A vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira, que também é presidenta da Confederação Nacional dos Bancários (Contraf-CUT), relatou no encontro a experiência das trabalhadoras bancárias. Há 23 anos a Contraf tem um programa de equidade salarial onde debatem como a categoria pode avançar nesta pauta.
A categoria bancária tem uma forte atuação das mulheres que são a maioria na profissão. Um exemplo é o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região que elegeu pela terceira vez uma mulher para a sua presidência. Neiva Ribeiro, presente ao encontro no MM, tomou posse no último dia 7 deste mês. Também esteve presente a Secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes.
Juneia Batista, Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, ressaltou os 66 anos que separam a ratificação pelo Brasil da Convenção nº100 do trabalho igual, em 1957, da lei de igualdade salarial sancionada em 2023.
Ela contou ainda as experiências que participou no Brasil e das internacionais que teve contato, como a do Canadá em que as mulheres conseguiram a partir de uma ação de 1979 ter no serviço público daquele país, a igualdade salarial implementada no ano 2000.
As mulheres que começaram a luta há 20 anos foram recompensadas assim como as atuais servidoras canadenses, já que o pagamento pela igualdade foi retroativo a 1979. No entanto, o país ainda tem uma alta desigualdade salarial entre homens e mulheres, já que a lei atende apenas o setor público.
“A partir dessa experiência construímos seminários com a canadense Dena Green, que foi a técnica que montou o passo a passo de como o governo do Canadá e as trabalhadoras do setor público conseguiram pôr em prática a igualdade salarial”, diz.
Segundo Juneia, que também é da Direção Executiva do sindicato global Internacional dos Serviços Públicos (ISP) e do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo (Sindsep), há experiências brasileiras que embora não sejam diretamente ligadas aos salários tem a ver com a vida das mulheres.
Um dos exemplos foi o caso de uma guarda municipal assediada pelo seu chefe imediato, que ao ser rechaçado a transferiu para o horário noturno, o que a impedia de cuidar da filha por ser mãe solo.
“Como dirigente do Sindsep fui com a direção até a Corregedoria da GCM e conseguimos um espaço de discussão e debates sobre assédio, além de reverter a situação daquela trabalhadora”, conta.
“Essas experiências compartilhadas são muito importantes para que possamos dar subsídios ao debate junto aos empregadores de como se dá na prática a igualdade entre homens e mulheres, seja no campo salarial, seja no campo do respeito e direitos iguais”, conclui.