MENU

Sindicato de jornalistas faz ato pelos 96 profissionais assassinados em Gaza

Ao todo, 103 profissionais de imprensa foram assassinados em quase cinco meses de guerra. Do total de profissionais mortos em 2023, 75% estavam na faixa de Gaza

Publicado: 26 Fevereiro, 2024 - 15h13 | Última modificação: 27 Fevereiro, 2024 - 10h13

Escrito por: Redação CUT

Roberto Parizotti (Sapão)
notice
Ato em defesa do povo palestino realizado em SP o último sábado ( 24)

A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), em parceria com sindicatos e organizações de defesa da liberdade de expressão de várias partes do mundo, promove nesta segunda-feira (26) o Dia Internacional de Solidariedade aos Jornalistas Palestinos para denunciar os 96 assassinatos de profissionais de imprensa palestinos desde o dia 7 de outubro de 2023.

No Brasil, sindicatos da categoria realizam um ato nesta segunda-feira (26), em Juiz de Fora (MG), e outro será feito na terça-feira (27), às 20h, em São Paulo, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. Na capital paulista, o ato foi convocado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), entre outras entidades.

A presidenta da Fenaj, Samira de Castro, destacou que o elevado número de jornalistas mortos em Gaza indica que esses trabalhadores estão sendo alvos deliberados das forças de Israel.

“Isso porque são profissionais que reportam o conflito a partir de Gaza, com uma visão do povo palestino. Inclusive, está proibido o acesso de imprensa internacional a Gaza. Israel não está deixando a imprensa internacional entrar nas áreas de conflito. O que demonstra que é, além de um massacre deliberado de profissionais, um grave atentado mundial à liberdade de imprensa”, comentou Samira.

O ato previsto para ocorrer no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a partir das 20h de terça-feira, também vai chamar a atenção para os casos dos jornalistas brasileiros Breno Altman e Andrew Fishman, que têm recebido ameaças por realizarem uma cobertura crítica às ações de Israel. Breno Altman ainda responde a um inquérito na Polícia Federal por comentários sobre o conflito.

“No Brasil, também estamos vivendo um ataque a todos os jornalistas que ousam se posicionar em relação ao direito, à liberdade de imprensa e de expressão do ponto de vista do lado palestino”, acrescentou Samira.

Ao justificar a mobilização em apoio aos jornalistas palestinos, a FIJ disse, “este massacre é tão horrível quanto sem precedentes. É uma tragédia terrível e injustificada. As necessidades dos nossos colegas que trabalham em Gaza tornaram-se críticas. Em pleno inverno, aos nossos irmãos e irmãs e às suas famílias falta tudo e, principalmente, o essencial: roupas, cobertores, tendas, comida, água”, completou a federação.

O conflito no Oriente Médio ainda tirou a vida de quatro jornalistas israelenses, todos mortos no ataque do Hamas do dia 7 de outubro, e mais três jornalistas libaneses. Ao todo, 103 profissionais de imprensa foram assassinados em quase cinco meses de guerra.

O Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ) calculou que, em dois anos da guerra na Ucrânia, 15 jornalistas foram assassinados no país europeu. Ainda segundo o comitê, do total de jornalistas assassinados em 2023, 75% deles estavam em Gaza.

“A guerra Israel-Gaza é a situação mais perigosa para os jornalistas que já vimos”, disse Sherif Mansour, coordenador do programa do CPJ para o Oriente Médio e o Norte de África. 

“O exército israelense matou mais jornalistas em 10 semanas do que qualquer outro exército ou entidade num único ano. E com cada jornalista morto, a guerra torna-se mais difícil de documentar e de compreender”, completou Mansour.

Em alguns casos, o Exército de Israel justifica os assassinatos dizendo que os jornalistas estariam envolvidos com atividades consideradas terroristas. Porém, segundo o CPJ, “nenhuma prova credível jamais foi produzida” para sustentar essas acusações.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos, há 1,5 mil profissionais de mídia deslocados na Faixa de Gaza e outros 65 estão presos. 

A entidade também responsabiliza Israel por atacar veículos de imprensa. “O sindicato documentou a destruição, pela ocupação, de 73 instituições de comunicação social na Faixa de Gaza, como resultado do bombardeio israelense em curso, incluindo 21 estações de rádio locais, 15 agências de notícias locais e internacionais, 15 canais de satélite locais e internacionais, 6 jornais locais, 3 torres de transmissão e 13 instituições de assessoria de imprensa”, afirmou a entidade que representa a categoria na Palestina.

Sábado de protesto

No último sábado (24) manifestantes co  apoio da CUT-SP e movimentos populares se reuniram na Avenida Paulista, em apoio ao povo palestino. 

A convocação do ato ocorreu diante das novas ameaças do governo de Israel de atacar Rafah, única cidade da região que ainda não foi invadida por tropas terrestres e que tem servido de refúgio à população – cerca de 1,5 milhão de pessoas estão no local.

Nesta semana, também, o governo do presidente Lula subiu o tom contra o governo israelense, cobrando o fim do conflito que já tirou a vida de mais de 30 mil pessoas, sendo a maioria de mulheres e crianças. Lula classificou a situação em Gaza como “genocídio”, comparando ao Holocausto, e criticou a redução da ajuda humanitária na região.

A fala de Lula teve rápida repercussão entre o grupo de Netanyahu, que está cada vez mais isolado internacionalmente. Desde então, o governo de Israel tem agido de forma inaceitável, mentirosa e antidiplomática ao convocar o embaixador brasileiro em local desapropriado, ao considerar Lula “persona non grata” e fazer uma série de postagens em rede social distorcendo o posicionamento do Brasil.

Roberto Parizotti (Sapão) Roberto Parizotti (Sapão)

Com informações de Lílian Beraldo, da Agência Brasil e CUT-SP