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Sindicato denuncia morte de 20 professores por Covid-19 após a volta às aulas em SP

Apeoesp realizou carreata e protesto pela morte de professores com covid-19 em frente à Secretaria Estadual de Educação do governo Doria

Publicado: 05 Março, 2021 - 09h11 | Última modificação: 05 Março, 2021 - 09h16

Escrito por: odrigo Gomes, da RBA

Reprodução
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O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) realizou manifestação nesta quinta-feira (4) denunciando a morte de, pelo menos, 20 docentes pela covid-19 desde o início da volta às aulas. Também são contabilizados pela entidade 1.861 casos confirmados em 850 escolas.

O protesto ocorreu em frente à Secretaria da Educação do governo João Doria (PSDB), após carreata pelas ruas da capital paulista. Além de homenagear estes professores, o ato também reivindicou a suspensão imediata das aulas até que haja controle da pandemia do novo coronavírus no estado.

A manifestação teve início no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. De lá, os professores seguiram até a secretaria, na Praça da República, região central. “É inaceitável o que o governo Doria vem fazendo com os professores. Sem fechar as escolas, mantendo milhares de professores e funcionários e milhões de estudantes circulando todos os dias, muitos em transportes públicos, Doria e seu secretário de Educação se revelam como são: inimigos da vida”, afirmou a presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT).

O governo Doria não divulga os registros de casos confirmados e suspeitos de covid-19 nas escolas há duas semanas. Muito menos se houve morte por covid-19 de professores, alunos ou outros trabalhadores da educação. No único balanço divulgado, em 16 de fevereiro, havia 741 casos confirmados e 1.133 casos suspeitos.

Insensatez

Embora alegue que a voltas às aulas em meio à pandemia de covid-19 é segura, o governo Doria restringiu o acesso ao Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para a Covid-19. Com isso, o governador deixa a avaliação da retomada das atividades sem nenhuma transparência. Somente um servidor de cada escola pode ser cadastrado e acessar o sistema, tanto para notificar casos suspeitos ou confirmados da doença na escola, quanto para monitorar a situação geral da pandemia na rede pública de ensino.

O secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, defendeu, na terça-feira (2), o fechamento das escolas em todo o estado devido ao agravamento da pandemia. Ele admitiu que o aumento da circulação de pessoas promovida pela volta às aulas contribuiu para o agravamento da transmissão do novo coronavírus nas últimas semanas, como os professores e especialistas em saúde sempre disseram que ia acontecer. Hoje, São Paulo tem 17.802, sendo 9.910 em enfermaria e 7.892 em UTIs, maior número de toda a pandemia.

“Se estamos entendendo que as pessoas estão ameaçadas frente ao vírus, frente ao colapso (do sistema de saúde), temos que reavaliar situações que poderiam ser evitadas. Uma delas é a situação da escola. O problema não é a escola, mas a circulação de pessoas. Professores, alunos, pais que levam e trazem seus filhos. Mesmo no transporte público, a exposição que a gente acaba colocando as pessoas. Nesse momento, vale a observação sobre essa questão de não haver aulas”, disse Gorinchteyn, em entrevista à rádio CBN.

Restrições

Além dos registros de casos e a denuncia da morte desses professores por covid-19, a Apeoesp também destaca dados do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) que mostram o esgotamento das UTIs após a volta às aulas. Segundo o boletim interno do HSPE, de segunda-feira (1), a ocupação de UTI para pacientes com covid-19 no hospital é de 95%. Nas enfermarias, a ocupação é de 73%.

Ontem, Doria anunciou que todo o estado vai entrar na fase vermelha da quarentena por duas semanas, a partir de sábado (6), devido ao agravamento da pandemia de Covid-19 em São Paulo. No entanto, decidiu manter as escolas abertas. “Apesar das medidas de restrição, as escolas estaduais continuarão de portas abertas no pior momento da pandemia”, criticou Bebel, que garantiu a continuidade da greve dos professores, iniciada em 8 de fevereiro.