Sindicato dos Químicos de SP oferece sede à prefeitura para enfrentar coronavirus
“Nós resolvemos ceder o prédio porque está em excelente condição e tem capacidade de ser transformado em um hospital de campanha com 120 leitos”, afirma Coordenador-Geral da entidade, Hélio Rodrigues
Publicado: 06 Abril, 2020 - 16h40 | Última modificação: 06 Abril, 2020 - 17h06
Escrito por: Érica Aragão
Durante o primeiro fim de semana de abril, dirigentes do Sindicato dos Químicos de São Paulo compartilharam em suas redes sociais e aplicativos de mensagens um vídeo onde o coordenador-geral da entidade, Hélio Rodrigues, abriu as portas da entidade para a prefeitura usar como hospital de campanha, na cidade que registra o maior número de casos confirmados e mortes por Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Hélio, de forma solidária, mostra no vídeo toda estrutura do prédio, sua capacidade de receber 120 leitos, estacionamento para 40 carros, auditórios, banheiros, cozinhas e salas que comportam dezenas de camas, aparelhos e equipamento de respiração mecânica e profissionais da saúde. Tudo, segundo ele, para ajudar as pessoas vítimas do coronavírus, que precisam de tratamento.
“Nós entendemos que o sindicato que cuida dos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras tem que se envolver nas questões da sociedade e esta pandemia é do interesse de milhares de trabalhadores e suas famílias que estão sofrendo com a doença”, afirmou.
“Nós resolvemos ceder o prédio porque ele está em excelentes condições e tem capacidade para se transformar no hospital de campanha. É um equipamento novo e que está parado aí a gente decidiu ceder exatamente dar essa contribuição neste momento tão difícil que nós estamos atravessando no combate ao coronavírus”, disse Hélio.
Para a Secretária-Adjunta de Combate ao Racismo da CUT e dirigente do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Rosana Sousa Fernandes, esse é um momento importante para reforçar o papel do sindicato cidadão e quanto mais solidárias as entidades sindicais forem, mais espaços para receber possíveis pessoas contaminadas com a Covid-19 terá a cidade de São Paulo e todas do Brasil onde houver um sindicato com estrutura para oferecer as autoridades locais.
E, segundo ela, “a gente sabe que o sindicato pode ajudar para que essas pessoas consigam sair de uma forma mais rápida e mais saudável dessa doença e evitar a proliferação para outros companheiros e companheiras”.
“O sindicato vai além da luta por salários e condições de trabalho dignas, a gente tem um sindicato cidadão, que entende e compreende o momento o qual, não só os trabalhadores e trabalhadoras químicas e químicos, mas o conjunto da sociedade vem passando com essa pandemia e abrimos a porta para ajudar o país a passar por mais este momento”, ressaltou Rosana.
Negociação da sede
Hélio contou que ainda na semana passada procurou o deputado Estadual de SP, Luiz Fernando Teixeira (PT), para que intermediasse o contato com o secretário Municipal de Saúde, Edson Aparecido dos Santos, e disponibilizasse a estrutura para prefeitura da cidade com objetivo de ajudar no combate ao coronavírus.
A reportagem do Portal CUT entrou em contato com o deputado que nos mandou a seguinte resposta:
“Eu conversei com o secretário por telefone na sexta-feira passada e a Prefeitura já sabe da pretensão do sindicato. Óbvio que Edson ficou muito contente com a ideia e disse que a equipe dele iria entrar em contato com o Hélio, o mais rápido possível, para combinarem os procedimentos para o uso o prédio do sindicato para um possível hospital de campanha”, afirmou o deputado.
Hélio disse que só está aguardando a secretaria entrar em contato para informar os procedimentos da prefeitura, mas afirmou também que, se não for procurado, voltará a procurar a Secretaria Municipal da Saúde.
“Nós estamos aguardando a equipe do secretário entrar em contato para que, se necessário, possa fazer uma vistoria no prédio e saber no que nossa sede pode se transformar para ajudar no combate ao coronavírus, mas se não entrarem em contato voltaremos a procurá-los”, disse.
Arrecadação de alimentos e kits limpeza
O Sindicato dos Químicos de São Paulo também está recebendo e cobrando doações de alimentos e kits limpezas de empresas para entregar às famílias das comunidades onde a entidade atua para ajudar as pessoas mais vulneráveis.
Segundo Hélio, o sindicato já distribuiu mais de 230 cestas básicas e alguns kits limpeza no Jardim Helena, na região do Pantanal, em algumas regiões do Itaim paulista, na região de São Mateus, Jardim da conquista, Jardim Santo André, na favela do Tubo no Grajaú, na Ocupação Anchieta, na região da Brasilândia, Taipas, Perus e Pirituba. Os Kits de limpeza também foram distribuídos em Heliópolis.
Medidas internas de prevenção
O dirigente conta que a preocupação em respeitar a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério e da secretaria da Saúde de manter o isolamento social neste momento da proliferação do coronavírus vem sendo respeitada pelo sindicato desde o começo.
“Os trabalhadores e as trabalhadoras do sindicato estão trabalhando a distância e a sede central do sindicato está fechada, mas continuamos na luta por direitos só que por enquanto remotamente”, explicou Hélio.
Campanha salarial
Além da contribuição no enfrentamento a pandemia do novo coronavírus e das doações que recebem e entregam para as pessoas de maior vulnerabidade, a direção do sindicato se reúne remotamente todos os dias desde que o isolamento social começou para planejar ações da campanha salarial dos farmacêuticos.
Segundo Hélio, o objetivo da diretoria é manter a Convenção Coletiva da categoria, mesmo com as medidas provisórias de Jair Bolsonaro editou, que só tiram direito do trabalhador.