Os trabalhadores na Volkswagen Anchieta aprovaram, em assembleia realizada na tarde desta quinta-feira (29), acordo que garante novos investimentos na planta de São Bernardo do Campo. No total serão investidos, até dezembro de 2016, R$ 8,7 bilhões nas plantas Anchieta e Taubaté, com a produção e lançamento de novos veículos já a partir de 2015. O acordo descarta a construção de uma nova fábrica.

Entre as contrapartidas aprovadas pelos trabalhadores (15,3 mil na planta Anchieta) para assegurar mais competitividade à montadora está a garantia de que a fábrica poderá ampliar o número de dias trabalhados em cada ano, sempre obedecendo aos mecanismos de compensações já existentes e acordados com o Sindicato.

“Essa é uma vitória dos trabalhadores na Volkswagen, da categoria e do Sindicato, e o acordo é extremamente positivo para as duas plantas (Anchieta e Taubaté) porque garante o nível de emprego nas duas cidades pelos próximos dez anos”, afirma José Roberto Nogueira da Silva (conhecido como Bigodinho), coordenador-geral do CSE (Comitê Sindical de Empresa) e CF (Comissão de Fábrica) da VW de São Bernardo, e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

“A importância desse acordo vai além dos trabalhadores na Volks porque beneficia toda a Região e sua cadeia produtiva, além do setor de autopeças e os polos petroquímico e químico. O ABC manterá seu poder de consumo  porque estará mais forte e ativo economicamente”, afirma Wagner Santana, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e trabalhador na Volkswagen desde 1984. Para o dirigente, esses lançamentos sustentarão a planta Anchieta até 2022, que é o prazo mínimo de “vida útil” de um veículo novo produzido no Brasil.

Taubaté

De acordo com as garantias negociadas na proposta, a fábrica de Taubaté se tornará até 2016, a maior unidade da Volkswagen na América Latina, com um volume de produção de 1.900 carros por dia.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, Isaac do Carmo, o acordo aprovado pelos trabalhadores é uma grande conquista para a cidade de Taubaté e para o Vale do Paraíba. “O acordo garante a segurança do emprego, a geração de postos de trabalho, e a vinda de produtos exclusivos para a planta de Taubaté, além dos excedentes de produção que a unidade da Anchieta (São Bernardo do Campo) não conseguir produzir”, afirma Isaac.

Ainda segundo Isaac, “hoje decidimos o futuro da cidade de Taubaté, o nosso futuro e de nossa família nessa assembleia.”, disse Isaac.

Segundo Isaac, a aprovação deste acordo, negociado nos últimos três meses e que terá a validade de 2012 a 2016, terá um grande reflexo na economia de Taubaté. Não só por conta dos investimentos diretos na Volks, mas também pelo impacto na cadeia de produção da montadora e do aquecimento econômico que será proporcionado com a geração de postos de trabalho.

“Para se ter uma ideia do tamanho do impacto dessa proposta na economia, o volume de produção a ser atingido pela Volks permitirá que fornecedoras de autopeças como a Gestamp ampliem suas atividades, até com a possibilidade da construção de uma nova unidade na cidade”, disse o presidente.

Segundo Isaac, “a aprovação do acordo foi um passo decisivo para a continuidade das operações da Volks em Taubaté”.

“É um acordo que contempla os trabalhadores com aumento real na data base, além da reposição do INPC e crescimento na PLR”, lembra Isaac.

Negociações– Em novembro de 2011, a Volkswagen anunciou na mídia a intenção de construir uma nova planta no Brasil, inclusive com possíveis negociações da montadora com vários estados brasileiros para a instalação da nova fábrica.

Os Sindicatos de Taubaté e do ABC começaram então, em janeiro de 2012, uma discussão com a empresa sobre a necessidade dessa nova planta no Brasil.

Nas negociações, os Sindicatos de Taubaté e do ABC deixaram claro para a montadora que as plantas existentes possuíam condições plenas de receber os investimentos. Por isso, decidiram lutar para que os investimentos fossem realizados nas fábricas, desde que elas comportassem a capacidade de produção desejada.

Na última segunda-feira, dia 26, o acordo foi apresentado pela Volks do Brasil para a direção mundial da montadora, que concordou com as bases da proposta, viabilizando então os investimentos nas plantas de Taubaté e do ABC, diante da aprovação dos trabalhadores em assembleia.