Escrito por: Érica Aragão
Em meio a pandemia, governo de Bolsonaro diz que vai buscar parceria privada para a Empresa Brasil de Comunicação e racionalizar estrutura, sem se preocupar com medidas que assegurem a vida dos trabalhadores
Sindicatos de várias categorias e a Comissão de Empregados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) anunciaram o início de uma “Campanha Em Defesa da Vida, de uma EBC Pública, dos Empregos, Salários e Direitos dos Seus Funcionários”.
Isso porque o presidente da EBC, general Luiz Carlos Pereira Gomes, em plena pandemia do novo coronavírus e alinhado às diretrizes do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), informou aos trabalhadores e trabalhadoras da empresa que tem buscado parcerias com a iniciativa privada para reduzir gastos e racionalizar a estrutura.
E como se isso não bastasse, no último dia 21, Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, por decreto (nº 10.354), permitiram a privatização da EBC através do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República com objetivo de propor ganhos de eficiência e resultados para a empresa, a fim de garantir sua sustentabilidade econômica financeira.
Além disso, mesmo com três casos confirmados e cinco suspeitos de contaminação pela Covid-19, a empresa ainda está colocando os trabalhadores e trabalhadoras em risco porque não está cumprindo medidas de segurança para combater a doença entre os trabalhadores e a sociedade.
O objetivo da campanha é solicitar apoio das entidades dos movimentos sindical, social, popular e da juventude, de partidos e parlamentares, artistas e personalidades às reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa, que vai desde direitos e empregos até a luta contra privatização da EBC e medidas de proteção no combate à Covid-19. [Abaixo a lista completa das reivindicações]
“A comunicação pública é constitucional e tem compromisso com a sociedade e a democracia sem se preocupar com financiamento publicitário de empresas e governos”, afirma o secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa.
Segundo ele, passar a EBC para iniciativa privada vai transformá-la em mídia comercial, que tem responsabilidade de agradar os financiadores sem compromisso com os cidadãos e sem respeito à diversidade e pluralidade do país.
Para o radialista e trabalhador da EBC no Rio de Janeiro, Nilton de Martins, a vida está acima de qualquer coisa e está sendo preciso brigar muito para que pequenas ações de combate ao vírus sejam feitas, o que tem levado as pessoas a viverem com medo. Segundo ele, a ameaça de privatização também tem deixado as pessoas preocupadas.
“As condições de trabalho e o conceito de TV pública já estão sendo destruídas desde a gestão do golpista de Michel Temer, mas agora com Bolsonaro a ideia é destruir porque eles não querem mais servir a população, como é hoje, e sim atender aos interesses do mercado”, afirma Nilton.
Casos da doença na empresa
Segundo Nilton de Martins, a luta é pela vida e a exigência é que a empresa adote medidas de segurança aos seus trabalhadores e mantenha trabalhando a distância àqueles que possam fazer o trabalho remotamente.
Segundo ele, mesmo com os casos de Covid-19, a EBC insiste em fazer ao vivo um de seus programas ainda no estúdio da TV Brasil o que tem deixado muita gente com medo e preocupada com a proliferação do vírus.
“A gente já mostrou ao general que é possível fazer este programa gravado, com a mesma qualidade, com um número maior de profissionais trabalhando remotamente, mas ele também é alinhado com o Bolsonaro nesta questão e acha que é só uma gripezinha”, explica Nilton.
A médica e diretora da CUT São Paulo, Juliana Salles, enviou um vídeo diretamente para o presidente da EBC e pediu para ele preservasse a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.
“General é preciso aplicar as medidas de isolamento quando necessário e aplicar os testes em todos e todas. Ficamos sabendo que existem trabalhadores e trabalhadoras do programa Sem Censura que foram contaminados e é preciso que a empresa tome as medidas corretas para manter vidas”, afirmou.
Reivindicações
- Os empregados da EBC através dos seus Sindicatos e Comissão de Empregados lutam por medidas para proteger suas vidas, contra a privatização da EBC, em defesa dos empregos, salários e direitos e pedem apoio as suas reivindicações;
- Pela suspensão do Sem Censura e do programa da Rádio Nacional transmitidos ao vivo diariamente de dentro dos estúdios da EBC-RJ, enquanto não se providenciam as condições técnicas que existem para fazer os programas de forma remota;
- Por testes de COVID19 à todos os empregados;
- Para que a EBC siga as orientações com bases científicas que constam da Nota Técnica da Secretaria Municipal de Saúde de SP, entre elas a instalação de filtros no ar condicionado em todas dependências da EBC;
-Pela garantia de apoio psicológico a todos, inclusive aos empregados em trabalho remoto que estão vivendo em constante estresse mental e também físico, por vários não terem as condições ergométricas adequadas e que estão sendo obrigados a cumprir sua jornada diária normal;
- Pelo respeito ao direito dos trabalhadores A VIDA, EMPREGO, SALÁRIOS E DIREITOS;
- Pelo respeito ao direito da população de ter de volta a EBC COMO UMA EMPRESA PÚBLICA DE COMUNICAÇÃO, contra sua privatização, como quer por Decreto o governo Bolsonaro;
Como participar da campanha
Muitos sindicatos e partidos já apoiaram as reivindicações dos trabalhadores e das trabalhadoras, mas a ideia da campanha é multiplicar a adesão à campanha.
A comissão dos trabalhadores pede para que as pessoas, instituições e partidos que apoiem a causa envie um vídeo com uma fala de defesa das reivindicações para comissaodeempregadosrj@gmail.com.