Sindicatos organizam greves pela saída do presidente de Belarus
Greves e manifestações espontâneas devem ser ampliadas com a participação das organizações sindicais, segundo secretário-geral do IndustriALL, Valter Sanches
Publicado: 24 Agosto, 2020 - 12h01
Escrito por: Redação RBA
Os trabalhadores de Belarus realizam diversas greves no país, desde o domingo (16), quando eclodiram manifestações no país contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko. Agora, as organizações sindicais formaram comitês nacionais de greve para reforçar os protestos da oposição. Neste domingo (23), mais de 100 mil pessoas se reuniram na praça da Independência, em Minks, na capital do país.
Há 26 anos no poder, Lukashenko é conhecido como “o último ditador da Europa”. Ele se declarou vitorioso, com mais de 80% dos votos, nas eleições realizadas em 9 de agosto. Mas a oposição e setores da população denunciam fraude.
“Trabalhadores começaram a fazer greves espontâneas, deixando os locais de trabalho para ir nas manifestações. Os sindicatos passaram, então, a criar comitês nacionais de coordenação, assim como a oposição que criou um conselho para tentar negociar uma saída para o impasse”, relatou o secretário-geral do IndustriALL, sindicato global da indústria, o brasileiro Valter Sanches.
Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, na última quinta-feira (20), Sanches comentou que o governo de Belarus atua, através do seu serviço secreto, para controlar os sindicatos no país. Além disso, dois dos candidatos de oposição ao governo foram impedidos de disputar a eleição.
“A única candidata da oposição que sobrou é esposa de um dos que foram presos. O sentimento geral da população é que ela ganhou a eleição. Ela foi forçada a se refugiar na Lituânia, pelas forças de segurança, inclusive sob ameaça de morte. Lukashenko dizer que ganhou com 80% é uma coisa absurda”.
Pressão internacional
Os líderes de governos que integram a União Europeia também não reconheceram os resultados eleitorais. Em reunião realizada na última quarta-feira (19), o bloco definiu sanções contra colaboradores do governo Lukashenko. Além disso, aprovaram uma ajuda de € 53 milhões ao país, que é uma das ex-repúblicas soviéticas. “A dúvida é como vai se comportar a Rússia, que, até agora, disse que não vai interferir”, disse Sanches.
Os recursos serão destinados a socorrer a população no combate à pandemia do novo coronavírus. Assim como Jair Bolsonaro, Lukashenko é também um negacionista dos riscos da doença. No início do ano, chegou a afirmar que trataria os doentes com vodca. Contudo, os números oficiais do país apontam 627 mortes e 69.950 casos confirmados de infecção pela covid-19.