Escrito por: Sindipetro PR/SC
A mais recente vítima da negligência da Repar com a Covid é o trabalhador terceirizado, Célio Alves da Cruz, que atuava nas obras de parada de manutenção da refinaria
O instrumentador Célio Alves da Cruz , que morreu na quinta-feira (03), em Curitiba, vítima de complicações causadas pela Covid-19, é a sétima vítima fatal do novo coronavírus desde o início dos serviços de pré-parada para manutenção na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, em meados de março.
Célio tinha parcos 55 anos e trabalhava nas obras de parada de manutenção da Repar. Ele era contratado pela empresa Método Potencial.
Ele foi o quarto trabalhador que atuava na Repar a morrer nos últimos vinte dias, período no qual as obras na Repar foram intensificadas. O procedimento de manutenção na refinaria incluiu mais dois mil trabalhadores na rotina da unidade e causa, invariavelmente, aglomerações no parque industrial, como o Sindipetro PR/SC e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) denunciaram a direção da petroleira.
As sete vítimas, além de Célio, são Rodrigo Germano, de 36 anos, que faleceu em 22 de março; Marcos da Silva, de 39 anos, em 25 de março; Carlos Eduardo, de 45 anos, no dia 1º de abril; Valdir Duma, de 49 anos, em 14 de maio; Daniel Cristiano Müller, de 43 anos, em 15 de maio; e Ernani Nunes, de 54 anos, em 1º/06.
Enquanto a categoria lamenta a série de mortes, a gestão da Refinaria mantém postura de descaso ao sequer informar a força de trabalho sobre as vítimas.
Para piorar, a gestão da Repar não cumpre o acordo mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) que encerrou a greve sanitária na unidade, realizada entre os dias 12 e 16 de abril. O principal compromisso assumido pela empresa era o de divulgar boletins epidemiológicos periodicamente com informações sobre o quadro vigente de casos confirmados de Covid-19, suspeitos, recuperados e internações hospitalares. No entanto, a gestão apresenta informações incompletas, isso quando o faz.
Para o presidente do Sindipetro PR e SC, Alexandro Guilherme Jorge, os gestores fingem crer que as medidas sanitárias adotadas na Repar são infalíveis.
“Agem como se máscaras, que até ontem eram de tecido, e álcool em gel fossem infalíveis. Querem fazer acreditar que a refinaria é zona livre de coronavírus, mesmo com as aglomerações da parada de manutenção”, retruca.
Levantamento extraoficial, feito a partir de informações que foram enviadas ao Sindicato desde o dia 13 de maio, dá conta de que ocorreram mais de 22 casos de contaminados, com cinco intubados e quatro mortes. Números que já confirmam o surto de Covid-19 na Repar. Também há relatos de familiares de trabalhadores em situação de contaminação, internamento hospitalar e falecimentos.
O Sindicato mantém seu papel de vigilância em relação às condições dos locais de trabalho e segue com denúncias constantes aos órgãos competentes, tais como às secretarias de saúde de Araucária e do Paraná, o Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) e a Secretaria Federal do Trabalho, órgão vinculado ao Ministério da Economia. Porém ainda não obteve ações efetivas das instituições públicas para preservar a saúde dos trabalhadores na Repar.
Denuncie!
Qualquer situação de risco de contaminação na Refinaria deve ser comunicada imediatamente ao Sindicato, tais como aglomerações em oficinas, containers, refeitórios, transporte e alojamento, de preferência com registros. As denúncias devem ser feitas através do e-mail denuncia@sindipetroprsc.org.br ou do telefone (41) 3332-4554. Se preferir, trate o assunto diretamente com os dirigentes sindicais nos locais de trabalho.