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Sindipetro e parlamentares discutem impactos da saída da Petrobrás da Bahia

Ato Público será realizado na segunda, 23, e vai reunir sindicalistas deputados, senadores, vereadores e prefeitos de vários municípios que serão afetados com o encerramento das atividades da estatal

Publicado: 19 Setembro, 2019 - 13h07 | Última modificação: 20 Setembro, 2019 - 17h07

Escrito por: Sindipetro Bahia

Sindipetro-BA
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A direção do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), parlamentares do estado, prefeitos e representantes sociedade civil organizada de Salvador e de diversos municípios, que dependem do impostos pagos pelas unidades da Petrobras na Bahia, vão realizar um Ato Público em Defesa da Petrobras na próxima segunda-feira (23), no Auditório Jorge Calmon, da Assembleia Legislativa da Bahia, das 8h às 13h.

Durante o evento, os participantes deverão criar uma  rede de luta pela permanência da estatal no estado e exigir respostas para uma série de perguntas. Entre elas, quais os impactos para a economia do estado e municípios com a saída da Petrobrás da Bahia? Como absorver milhares de desempregados das empresas terceirizadas, que prestam serviço à estatal e vão engrossar a cifra de brasileiros desempregados (12.569.000), desalentados (4.831.000) e subocupados por insuficiência de horas trabalhadas para a sua subsistência (7.333.000), segundo dados da PNAD, do IBGE? Quais as consequências para a economia da Bahia com a transferência para outros estados de outros  milhares de funcionários concursados da Petrobras, que entre salários e benefícios injetam cerca de 80 milhões de reais por mês na economia baiana?

Nossa intenção é conseguir o maior número possível de apoio para essa causa, pois não se trata apenas dos empregos dos petroleiros, mas da economia do estado.
- Jairo Batista, coordenador do Sindipetro Bahia

De acordo com o dirigente, nos anos de 2012 e 2013, a Petrobras chegou a investir na Bahia cerca de R$ 1 bilhão de reais por ano, gerando emprego e renda. “Infelizmente, agora, o que vemos é o desinvestimento e a estatal começar a colocar em prática a sua sinalização de retirar seus negócios do Norte e Nordeste, começando no lugar onde o petróleo foi descoberto no Brasil e a Petrobrás nasceu; o estado da Bahia”, lamenta Jairo Batista, ressaltando que ainda “existe possibilidade, sim, de mudar ou amenizar esse quadro. Essa é nossa proposta e buscamos apoio daqueles que têm esse mesmo sentimento”.

Para o diretor de Comunicação do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa, a decisão da atual gestão da Petrobrás, não é econômica e nem técnica, mas política. As unidades da Petrobrás no estado continuam gerando lucros, afirma. Segundo ele, a UO-BA (Unidade Operacional da Bahia), por exemplo, é um negócio de 3,5 bilhões de reais por ano.

“Essa Unidade para a Petrobrás é pequena, mas para a Bahia é grande, gera aqui cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos (trabalhadores terceirizados e próprios), somando isso à FAFEN, RLAM, Transpetro, Termoelétricas, Campos Terrestres, Petrobrás Biodiesel e outras unidades da empresa, é possível perceber que a Petrobrás tem um tamanho colossal para o estado. Tirar esse negócio da Bahia, vender e paralisar as unidades é assustador”.

Já confirmaram presença no Ato Público em Defesa da Petrobras que será realizado na segunda-feira o ex-diretor de exploração e produção da Petrobrás, responsável pela descoberta do Pré-Sal, o geólogo, Guilherme Estrella, o economista, William Nozaki, pesquisador do INEEP e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo; além do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Deputado Nelson Leal (PP), do presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, e do coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel. 

Desocupação, fechamento e venda  

A notícia da desocupação do Edifício Torre Pituba, onde funciona a sede administrativa da Petrobrás, que irá resultar na transferência da maioria dos cerca de 1.500 trabalhadores diretos da estatal e na rescisão dos contratos das empresas terceirizadas, que deve levar à demissão dos cerca de 2 mil terceirizados, que atuam no prédio, causou revolta na sociedade baiana.

A RLAM e Transpetro estão à venda, assim como as Termoelétricas, Liquigás, e PBIO. Os Campos de Petróleo e gás, que fazem parte da UO-BA, localizados nas regiões de Catu, Candeias, São Sebastião, Alagoinhas, Esplanada, Cardeal da Silva, Pojuca, Mata de São João, Entre Rios, Araças e São Francisco do Conde  também estão à venda. Sem investimentos, o processo de venda desses campos, que produzem óleo e gás, já está na segunda fase vinculante. Pelo menos 70% deles devem ser vendidos até 2022.

A FAFEN está em processo de paralisação, ela vai ser fechada e não vendida. Essas medidas somadas fazem parte de um plano maior da retirada da Petrobrás do estado.

“Na nossa visão, o estado da Bahia vai pagar por isso. Os empregos diretos e indiretos, as cidades onde têm contratos terceirizados, o impacto nos municípios da Bahia. A gente não sabe quantificar, mas no médio e longo prazo vai trazer um forte impacto”, pontua Radiovaldo, ressaltando que a Petrobrás tem hoje, na Bahia, cerca de 4 mil trabalhadores próprios e 13 mil terceirizados.

A Bahia é o único estado do Brasil, onde a Petrobras desenvolve todas as suas atividades econômicas. Aqui a estatal tem a RLAM (refino), Transpetro (logística) FAFEN (fertilizantes, ureia e amônia) PBIO (Biodiesel) Termoelétricas (energia), Campos Terrestres (produção de petróleo e gás) e EDIBA (prédio administrativo).

O diretor da FUP, Deyvid Bacelar, lembra que desde o governo do ilegítimo Michel Temer (MDB), o Sindipetro Bahia vem denunciando a intenção da Petrobrás de encerrar suas atividades na Bahia.

“Essa luta, pela permanência da estatal no estado, é antiga para nós que já realizamos diversas mobilizações, greves e audiências públicas, alertando, inclusive aos prefeitos dos municípios sobre o que poderia acontecer. Infelizmente, o alerta virou realidade. O lado positivo é que podemos contar com os parlamentares de esquerda, que sempre estiveram ao nosso lado em defesa da Petrobrás. Mas queremos mais, devido à sua importância, entendemos que essa é uma luta suprapartidária. Então, aqueles que realmente pensam no interesse da Bahia são bem vindos”