Organização de sindicato do DF servia como base para organização no local de trabalho
Na tarde de segunda-feira (20/06) a porta da sala da Seção Sindical do Sindsep-DF no Ministério do Planejamento (bloco C) foi arrombada a mando da direção do órgão. Divisórias foram arrancadas, móveis e armários retirados. Materiais arquivados foram espalhados pelo chão. Parece que passou um vendaval na sala.
A Seção Sindical funciona há mais de 13 anos no local, prestando assessoria jurídica aos servidores de toda a Esplanada dos Ministérios, entre outros atendimentos sindicais.
Esse ataque a uma entidade classista, independente, representativa de trabalhadores, ocorre no contexto de um governo interino e ilegítimo. O qual o Sindsep-DF declarou publicamente não reconhecer (Resolução da Diretoria Executiva - Gestão 2013-2016, de 18/05/2016).
O pretexto da direção do MPOG é que o ministério precisa de mais espaço para abrigar a Corregedoria do órgão. O mais irônico é que querem tirar o espaço de defesa do servidor para justamente aumentar o espaço destinado a avaliação dos Processos Administrativos (PADs) abertos contra os servidores. Ao mesmo tempo em que tenta retirar um espaço de organização sindical dos servidores, o ministério cede cerca de 80% do seu subsolo para sediar empresas terceirizadas. Mais um contrassenso desse governo usurpador.
Vale ressaltar que o espaço que a Seção Sindical ocupa é ínfimo. O sindicato não está sendo intransigente. Está aberto a negociações, inclusive para trocar de sala. A resistência ao despejo da Seção Sindical teve início na manhã de terça-feira (21/06), quando diretores e servidores ocuparam o espaço, passando a noite no local, e deve continuar até que a direção do MPOG negocie com o sindicato. A porta da Seção só foi trancada no início da tarde, depois que pessoas sem identificação continuavam entrando na sala e retirando materiais.
Os dirigentes do sindicato e os servidores estavam aguardando a chegada do chefe de gabinete do secretário-executivo do Planejamento, que havia ficado de passar no local que as 15h30 para uma conversa. Mas a segurança do órgão começou a tentar forçar a porta e invadir a sala. Os dirigentes sindicais e os servidores resistiram e a tentativa de invasão cessou, por enquanto.
No início da noite, o chefe de gabinete Cleiton do Santo Araújo e o técnico de contratos do órgão, Lucimar Rizzo, se reuniram com os ocupantes. Mas o impasse continua, pois não apresentaram uma solução. A presença de ambos foi agradecida, mas receberam críticas pela maneira como a questão vem sendo tratada.
A situação parece menor, mas é muito grave no contexto da atual conjuntura. Não há como não associar de alguma maneira a situação com o discurso de ódio da direita contra os movimentos sociais e dos trabalhadores e contra as minorias. Não há como não associar ao desmonte sem precedentes que o governo golpista Temer tem promovido nos serviços públicos a uma velocidade assombrosa. Além disso, não há como deixar de associar a retirada de direitos que esse governo usurpador vem promovendo e ainda promete fazer.
Essa situação talvez seja uma pequena amostra do que os trabalhadores precisarão estar preparados para enfrentar. Pode ser o futuro das lutas trabalhistas. A resistência do Sindsep-DF não é apenas contra a retirada da Seção Sindical, mas em defesa do direito dos servidores de se organizarem em seus locais de trabalho na defesa de seus direitos e conquistas.
O grupo permanece na sala. É necessário apoio e reforços. Se a segurança não deixar entrar quem chegar, fique na porta do órgão. Vamos exigir da direção do Planejamento uma solução urgente para a questão. Politicamente será uma grande derrota aos servidores se essa Seção Sindical, justamente no órgão que trata das suas carreiras, for retirada sem luta. Por isso, o Sindsep-DF convoca todos os servidores a participarem dessa luta!