MENU

Sistema funerário de São Paulo pode entrar em colapso por falta de servidores

Falta de servidores e de equipamentos operacionais causam problemas de manutenção e prejudicam prestação de serviços. Categoria cobra solução da Prefeitura e suspensão do processo de concessão dos cemitérios

Publicado: 30 Janeiro, 2019 - 15h16

Escrito por: Redação CUT

divulgação
notice

O serviço funerário de São Paulo pode entrar em colapso, caso nada seja feito para resolver a falta de trabalhadores e os problemas de manutenção dos cemitérios. O alerta é dos próprios trabalhadores do Sistema Funerário Municipal de São Paulo que relataram diversos problemas aos representantes do Sindicato dos Servidores Municipais de SP (Sindsep-SP).

O sistema, que administra 22 cemitérios, um crematório, nove agências funerárias e 114 salas de velório no município de São Paulo, sofre com a falta de equipamentos operacionais e de materiais de segurança, como luvas e capacetes, mas principalmente, por falta de funcionários, o que pode prejudicar a prestação do serviço à população.

João Batista Gomes, dirigente da CUT-SP e secretário de imprensa do Sindsep, explica que, no início do ano, uma equipe do sindicato percorreu os vários cemitérios do município de São Paulo para mobilizar os trabalhadores para a greve dos servidores municipais marcada para o dia 4 de fevereiro, contra a reforma da Previdência municipal e durante essa ação sindical ouviu as reivindicações dos trabalhadores.

O dirigente disse que a média mensal de falecimentos têm aumentado graças ao envelhecimento da população e a falta de trabalhadores e de equipamentos prejudica ainda mais a prestação do serviço.

“Em 2013 eram cerca de 220 mortes por mês. Hoje, já são 300 por mês, e sem funcionários não vai ter como prestar o serviço à população”.

Privatização, não!

Outra reivindicação da categoria é anular o processo de concessão do serviço funerário, iniciado em 2017 pelo então prefeito João Dória Jr (PSDB) e mantido pelo também tucano Bruno Covas, vice que substituiu o ex-prefeito. João Dória deixou o cargo para se candidatar a governador do estado de São Paulo e venceu a eleição.

De acordo com o Sindsep-SP, a concessão resultaria em um aumento dos preços cobrados à população. “Hoje o valor cobrado é menor do que qualquer serviço privatizado em outras cidades e não é cobrado para famílias que comprovem baixa renda”, diz João Batista Gomes.

Ele alerta, ainda, que privatizar o serviço funerário acabaria também com um benefício prestado àqueles que não têm condição de pagar. “O preço do serviço prestado é barato e, portanto, acessível à população menos favorecida”.

“O trabalho todo prestado para a cremação, desde a preparação do corpo até o processo final, pelo sistema público custa em torno de R$ 3 mil. Em um serviço privado, somente a cremação fica em R$ 5 mil”, exemplifica o dirigente.

Ainda segundo João Batista, a concessão acabaria com concursos públicos e comprometeria a contratação de pessoal, além de prejudicar a fiscalização, como ocorreu em cidades que privatizaram o serviço funerário.

“Temos denúncias de que alguns profissionais da saúde, após o óbito, comunicam primeiro a funerária e depois a família, ou seja, num momento de dor, já tem uma funerária para explorar o serviço”.

Em nota, a prefeitura, informa que o projeto de lei que trata sobre a concessão será encaminhado para ao legislativo em fevereiro.

Falta funcionários

A grande demanda requer mais trabalhadores e a quantidade de funcionários do sistema funerário é insuficiente. João Batista conta que, desde 2012, não há abertura de concurso público para contratação de trabalhadores para nenhum dos cemitérios que atendem o município de São Paulo. O dirigente aponta que é necessário um processo de contratação emergencial para regularizar e atender a essa demanda.

É comum, segundo ele, o remanejamento de funcionários para outros locais e funções. Nos últimos anos, grande parte dos sepultadores foi para a área administrativa do sistema funerário, deixando o serviço em campo sem a mão de obra necessária.

Além disso, diz ele, até meados de 2014, eram 66 carros funerários para atender o município, com boa parte dos motoristas contratados diretamente pela prefeitura. No fim de 2017, os contratos venceram e não foram renovados.

Hoje, o sistema conta com frota de 36 veículos com motoristas terceirizados que não garantes a qualidade e rapidez que o atendimento necessita. “A falta de funcionários faz com que a população que solicita os serviços tenha que esperar em torno de três a oito horas para a remoção de um falecido”, afirma João Batista.

Contando todas as regiões, são feitas cerca de 300 remoções por dia, segundo o dirigente.

Para os serviços de enterros, remoções e viagens, são 846 funcionários ativos, sendo 119 comissionados e 37 estagiários, com contratos com vencimento para dezembro de 2019, conforme nota enviada pela Prefeitura de São Paulo.

Segundo Gomes, os cemitérios mais afetados são os das regiões mais periféricas. Entre eles estão o da Vila Formosa, na Zona Leste, e o da Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte.

O salário médio de um profissional do Sistema Funerário do Município de São Paulo é de R$ 1.600,00.

 

com informações do DCI - Diário do Comércio e Indústria