Sob Bolsonaro, brasileiros fazem empréstimos para comprar comida
Mais pobres se endividam para comprar comida e pagar contas básicas. Nos últimos 12 meses, cerca de 50% da população teve gastos maiores do que a renda, diz pesquisa
Publicado: 28 Novembro, 2022 - 10h31 | Última modificação: 28 Novembro, 2022 - 10h44
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha
A crise econômica provocada pelo governo desastroso de Jair Bolsonaro (PL), aprofundada pela pandemia da Covid, tem levado cada vez mais os brasileiros e brasileiras, especialmente as classes C,D e E a recorrerem a empréstimos junto a amigos, familiares e mesmo bancários para comprar comida e pagar contas básicas de água, luz e aluguel, entre outras, diz pesquisa do instituto Plano CDE.
Para 45% e 50% dos pesquisados dessas classes sociais a alimentação e as contas do mês foram ou seriam a principal finalidade dos empréstimos. 50% da população das classes D e E já tiveram de reduzir a compra de comida para pagar uma dívida.
O percentual de pedidos de empréstimos cai para 30% entre as classes A e B. Considerando todas as classes, 42% afirmam ter alguma dívida em atraso, diz a pesquisa, publicada pelo jornal Folha de São Paulo.
População tem mais dívida do que renda
Nos últimos 12 meses, cerca de 50% da população teve gastos maiores do que a renda, sendo 37% nas classes A e B; 48% na C1 (renda de R$ 3 mil a 6 mil) e 55% C2 (renda de R$ 2 mil a R$ 3 mil), chegando a 60% nas D e E.
De 2020 para 2021, a retração na renda do trabalhador foi de 3,80%. Quando se considera a média, metade dos empregados ganhava até R$ 1.995, menos de dois salários mínimos. Desde 2017, ano da reforma Trabalhista, a perda é de aproximadamente 6,5%, lembrou o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Victor Pagani, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Os motivos pelos quais os brasileiros estão cada vez mais endividados, foram analisados por economistas e especialistas em diversas reportagens do PortalCUT, que sempre indicaram que a queda de renda, o emprego precário sem direitos, e o fim da política de valorização do salário mínimo no governo Bolsonaro, são as principais causas desse enorme endividamento das famílias, especialmente entre os mais pobres.
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Mesmo o alívio que trouxe os R$ 600 do auxílio Brasil não foram suficientes para sequer comprar uma cesta básica, como apontou o Dieese, já que a inflação dos alimentos continua em alta.
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O governo até liberou empréstimos consignados para os beneficiários do programa, o que gerou críticas de especialistas que apontaram o endividamento dos mais pobres uma crueldade por parte de Bolsonaro.
Até mesmo o Procurador- Geral da República (PGR), Augusto Aras, aliado do presidente, considerou o empréstimo consignado do Auxílio Brasil inconstitucional por não proteger os beneficiários do endividamento.
Precarização do trabalho
Para fazer frente a esse endividamento e à falta de empregos decentes com carteira assinada e bons salários, os brasileiros têm recorrido a horas extras, bicos, trabalhos temporários e a venda de seus próprios bens materiais, como carro, móveis, eletrodomésticos.
Estrato da pesquisa
O Plano CDE considerou as classes D e E em domicílios com renda familiar de até R$ 2.000. A classe C foi dividida em duas: C2 com renda de R$ 2.000 até R$ 3.000, e C1 com renda de R$ 3.000 até R$ 6.000. Já a classe AB é formada por lares com renda familiar acima de R$ 6.000.
A pesquisa do Plano CDE, de abrangência nacional, ouviu 2.370 pessoas maiores de 18 anos de todas as classes sociais, entre 26 de julho e 9 de agosto de 2022.